O “Imperador do Vazião” (por Paulo-Roberto Andel)

Mais uma vez, Maurício Assumpção, hoje presidente do Botafogo F.R., vai contra o benefício do futebol carioca, ao negar a cessão do Engenhão para que o Fluminense fizesse sua partida contra a Ponte Preta pelo campeonato brasileiro. Tudo com bastante sarcasmo e pouco senso de gestão. Afinal, estraga a grama. Mas que grama?

Não é a primeira vez, mas será uma das últimas.

Nada pode ser pior para o presidente de um clube do que utilizar a visão exclusivista de torcedor sentado numa cadeira presidencial. Picuinhas prevalecendo sobre o interesse de milhões de torcedores.

Primeiro, ressalte-se, o botafoguense letrado e sóbrio sabe muito bem que o Engenhão é, acima de tudo, uma generosa cessão do governo Maia ao clube, às custas de uma tarifa mensal insignificante – e, não fosse por isso, o Glorioso jamais teria de volta a posse de qualquer estádio desde a derrubada de General Severiano e o plano fracassado em Marechal Hermes. Ou a “arena tubular” de Caio Martins.

Segundo, o botafoguense também sóbrio sabe que seu time é patrimônio da história do Maracanã. O Engenhão seria uma alternativa. O pensamento menor tenta fazê-lo de “alçapão”, mas como? Está permanentemente vazio, sua estrutura não permite a pressão máxima aos adversários (ele é inacabado) e, de mais a mais, até goleada de seis o mandante já levou por lá. Ontem, o Engenhão encheu… por causa da torcida rubro-negra. Amanhã também encherá… por causa da torcida tricolor. Nosso time é o líder do campeonato e efetivamente disputa o título – que, se for confirmado (e assim torcemos muito!), trará para o tricolor seu terceiro campeonato relevante (o segundo nacional) num gramado onde o inquilino permanece virgem.

Desde o fechamento do Maracanã, o presidente alvinegro (não confundir com a instituição, por favor!), tem demonstrado profundo descaso para as coisas do futebol carioca, investindo numa visão individualista que é simplesmente impossível dentro do futebol – você não joga sem o adversário, não há futebol sem o outro. Alardeia grandes conquistas econômicas por conta de shows musicais, talvez esquecendo-se de que o Engenhão é um campo de futebol. Ao mesmo tempo, torcedores de todos os times – inclua-se aí os botafoguenses – são desrespeitados regularmente no Engenhão, com a lentidão do acesso às roletas, a água permanentemente enferrujada, os preços caríssimos, os placares centrais que simplesmente foram desligados depois de estarem queimados há anos. Todos pagam essa conta, que ninguém se iluda.

Porém, já ganhamos um campeonato brasileiro depois que nos impediram de utilizar o Maracanã sem razão em 2010 (as obras começaram atrasadíssimas). Nossa força se faz presente dentro e fora de casa, vide nossa pontuação e classificação. Não será um gesto de torcedor travestido de presidente que irá impedir o avanço tricolor na busca pelo sucesso em dezembro. Lutaremos pelo título, com ou sem boicotes vis.

Contudo, essa má vontade tacanha é mais um motivo para repensarmos o estádio particular do Fluminense. Não podemos ficar reféns dos caprichos de um torcedor. A discussão de Laranjeiras ou qualquer outro lugar é um ponto que não pode ser deixado de lado. Precisamos ter alternativas e já.

Ah, quando o Maracanã voltar (e ele também é uma alternativa, mas não a única, até por questões de natureza financeira e rentabilidade), vai ser bem difícil o Engenhão encher em qualquer ocasião que não seja a de um show. Vai parecer palco de jogos de times de menor expressão. Pode ser que aí Assumpção sinta-se mais satisfeito, comemorando o fato de ser o donatário de um Coliseu às moscas.

O Botafogo é grande.

Time grande.

Deveria ter um presidente à altura.

Fica para o próximo pleito.

 

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor/ FluNews

@PanoramaTri

Imagem: PRA

Contato: Vitor Franklin.

8 Comments

  1. Parabéns pelo post, sempre lúcido, mas ouso discordar de vc em um ponto: o botafogo não é grande há muito tempo…ST!

  2. Boa tarde,Andel!
    Preciso seu texto.O que o distinto pres do BFR deve lembrar é que quando o Maracanã voltar a funcionar tanto o nosso Flu como os mulambos irão jogar lá,e o Engenhão será o “Vaziozão”,já que hoje muitas vezes vive as moscas.
    Quanto a possibilidade de termos um estádio próprio,e algo que devemos pensar para que jogos em que tenhamos menor demanda ,possamos fazer da nossa arena um caldeirão para pelo menos 25 mil torcedores,e a nossa torcida já mostrou que quando é chamada e projeto é
    bom se engaja.
    Abraço e Saudações Tricolores!!

  3. Hora d erepensarmos nossa arena: O projeto de abnegados tricolores como Caíque Pereira na reconstrução de uma Arena para 22.000 pessoas deveria prevalecer.

  4. Grande Andel!!!

    Disse tudo e muito mais, com muito brilho e equilíbrio, diferentemente de uns “presidentinhos” de um clube sem nada.

    Parabéns pela excelente análise dos fatos.

    É isso que nos dá esperança diante de uma “imprensa” medíocre e parcial que existe por aí.

    ST, Luiz.

  5. Mais uma do excelente cronista, que demonstra muito mais respeito pelo pequeno Botafogo que seu próprio presidente (presidente?!?! bem, eles o colocaram nesse lugar!).
    Usando a musiquinha do Programa Sílvio Santos, não para de tocar aqui dentro da minha cachola: “Laranjeiras vem aí!!! Tantan, taran tantan!!!”
    Dá-lhe, PETER! Grava de vez teu nome na história do FLUZÃO!!!
    SSTT!!!

  6. sapecaremos o foguinho amanhã e descontaremos este descaso em cima desta merde de presidente.

    JOGAMOS E VENCEMOS EM QUALQUER LUGAR…..MAS NEGAR UM ESTÁDIO POR SIMPLES VAIDADE É LAMENTÁVEL….

    VTNC ASSUMPÇÃO!

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