O fim das coisas (por Juliana Rolhano)

the end of violence

Cercados de acasos, ou não, vivemos numa constante loteria. Sem saber o que pode acontecer. Fico me perguntando o que torna um momento único. O que faz de um pequeno instante aquele vai dividir sua vida? Como saber qual instante é o que vai transformar sua existência? Pensar nisso pode causar crises de ansiedade.

Nada nos deixa mais aflitos que não saber o desfecho de uma história. Curiosos por natureza, uns mais que outros, eu muita coisa, temos um desejo absurdo em descobrir o fim das coisas. Como termina um filme, se o casal da novela termina junto, se a série preferida termina do jeito que gostaríamos, se meu time vai ganhar.

Concentramo-nos tanto no fim, que deixamos de aproveitar o caminho.

Mais que um final feliz, precisamos nos ater para um durante feliz.

Mais que a tão importante formatura na faculdade, precisamos nos ater no que aprendemos por lá. E quem nós conhecemos no caminho. Uns ficam pra vida toda.

Mais que a tão sonhada vaga de estágio, precisamos nos ater ao conhecimento adquirido até lá. E quem nós conhecemos no caminho. Uns ficam pra vida toda.

Mais que a tão significativa promoção no trabalho, precisamos nos ater a experiência que adquirimos. E quem nós conhecemos no caminho. Uns ficam pra vida toda.

Mais que a tão desejada vitória do nosso time, precisamos nos ater ao clima da equipe, a sua importância, aos lances majestosos, aos gols inacreditáveis, aos dribles de mestre, a vibração, a energia, ao coração, às cores, aos jogadores, a equipe como um todo, ao clube, à torcida.

Ah, a torcida.

Mais que a vitória, precisamos nos concentrar em quem conhecemos no caminho das cores verde, branco e grená. Uns ficam para a vida toda.

Uns trazem um sorriso ao nosso rosto. Outros nos fazem gargalhar. Uns nos consolam. Outros choram junto. Uns vibram na mesma sintonia. Outros nos fazer gritar de raiva. Uns trazem beleza ao nosso dia. Outros têm o poder de transformá-lo. Uns nos ajudam na jornada. Outros fazem o caminho valer a pena.

No fim, o que importa, não é necessariamente o fim. E sim, a estrada. Ou melhor, quem você conhece nela.

No fim, não importa o final feliz.

Não importa a vitória, mesmo que ela seja bem vinda. E muito desejada. Principalmente amanhã quando o Flu enfrentará o Inter.

Mas no fim, o que realmente fará diferença é aproveitar os momentos. Qual deles?

Todos.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: “The end of violence”, Win Wenders

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