O treino de gala na Baixada (por Paulo-Roberto Andel)

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Treino, estranho treino de gala.

De forma alguma venho propor desrespeito ao rubro preto paranaense. Por mais que exista a sombra de um Petraglia, não sou de rancores nem polemizo com imbecis. Mas o que aconteceu ontem na bela e renovada Arena da Baixada foi um jogo enrustido de treino – com excelente atuação do Fluminense, ressalte-se, salvando a tarde -, tão vazio quanto a pelada de meus miniamigos vizinhos da Cruz Vermelha, no asfalto debaixo da chuva. Literalmente. Explico.

A atuação do time tricolor foi de uma tranquilidade absoluta. Categorizado, qualificado, soberano do começo ao fim, impôs 2 x 0 logo no primeiro tempo com um golaço de Jean e Conca, cobrando mal o pênalti mas marcando – e jogando com a garra incansável de sempre, mais ótimos lances. Uma atuação coletiva de encher os olhos, a melhor desde o pós Copa, um primeiro tempo dos melhores nos últimos anos, com alguns destaques individuais nas duas etapas – a nova boa jornada de Henrique, a polivalência de Cícero, a pegada de Valencia, Walter também. Leo Prazeres gostou tanto do time que, para ele, até o Bruno foi bem – verdade. Mesmo Sobis, em má fase, foi decisivo ao sofrer o pênalti dos 2 x 0.

Compacto, bem distribuído, com vários toques de primeira e deslocamentos em giro, o Flu dominou por completo o mandante nos primeiros 45 minutos com o 2 x 0, depois marcou o terceiro com Cícero, podia ter feito mais e só sofreu dois ou três ataques no fim por conta de seu recuo – mas aí Iceman Cavalieri brilhou com toda segurança, mostrando que deveria ter efetivamente ido à Copa.

Mandante? Eis a questão efetiva do treino. A proibição de torcida na Baixada como forma de punição contraria o senso profissional do futebol. Um lindo estádio completamente calado, o telespectador ouvindo os palavrões do campo e de sua beira, aquele jeito de cemitério olímpico. O Fluminense, sem culpa no cartório, teve seus admiráveis maníacos punidos sem motivo – não puderam ver uma exibição de gala in loco. E os atleticanos teriam dado um colorido ao espetáculo – que seria ainda mais legal depois da chinelada. O Flu venceu com absoluta justiça no campo (os flatulentos da imprensa adoram isso); a festa do futebol é que foi derrotada. Foi um jogaço para os tricolores, mas embrulhado feito um estranho treino de gala pelo amadorismo intelectual de quem inventa estádios desertos a fórceps. Bom, dane-se: vencemos. Estamos na briga.

Importante não ter perdido o fortíssimo Cruzeiro de vista. Uma semana de trabalho e a volta ao Maracanã enfrentando o Goiás. A atuação de Henrique acalmou as cornetas mais barulhentas. O Fluminense voltou forte e tem potencial para crescer.

No próximo domingo à noite é a chance de Fred calar parte de seus detratores, dentre eles os que lhe concederam guarida global massiva antes da Copa. Nas arquibancadas, vai chegar a playboyzada. O Fluminense e suas inevitáveis emoções no campo, nas bandeiras e nos corações. O vilarejo ainda vai dominar a cidade.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: pra

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1 Comments

  1. Grande exibição. Me lembrou jogos da Copa. Estamos no caminho certo, com humildade e pé no chão, brigaremos sim. Cristóvão sabe disse. Toque de bola envolvente, não deixamos os caras respirarem direito, todos jogaram bem, beirando a perfeição. Seguimos pra nossa casa, mais motivados, ainda mais fortes. Saudações Tricolores.

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