O demolidor de campeões (por Paulo-Roberto Andel)

Há 50 anos
Em 23 de março de 1963, o Fluminense conseguiu uma de suas maiores vitórias em todos os tempos.Torneio Rio-São Paulo no Pacaembu contra o Santos, simplesmente o melhor time do mundo na época, contando com nomes como os de Gilmar, Mauro, Lima e a dianteira com Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe – a mais famosa de todo o futebol brasileiro. De quebra, um brinde: mais tarde o atacante Pagão, ídolo da infância do tricolor Chico Buarque, veio a campo no segundo tempo.

Base da seleção brasileira, bicampeão do mundo, bicampeão brasileiro e campeão paulista, o Santos era o paradigma do futebol do mundo. Mas o Fluminense não tem a vocação da covardia: sofreu o primeiro gol com Mengálvio, depois virou com Ubiraci e Manuel. O alvinegro empatou nos acréscimos do primeiro tempo, ocorridos pelo apagão nos refletores do Pacaembu: Pelé de cabeça.

Na segunda etapa, dominando claramente o maior time do mundo, o Fluminense acertou a trave com Manuel – que depois perderia um gol incrível, mas faria o 3 x 2 aos 29 minutos.

A seguir, o que poucos conseguiram na história: um minuto de “olé” sobre o Santos de Pelé, com direito a aplauso da torcida paulista e o gol apoteótico: Maurinho lançou, Ubiraci acertou um petardo e Gilmar dos Santos Neves, um dos maiores goleiros de todos os tempos, caiu sentado. Aos 31 minutos, Fluminense 4 x 2 no Santos e uma alegria que ultrapassa meio século.

Mais raro ainda foi saber que o decano Jornal do Brasil sentenciou em sua publicação do dia seguinte: “E fez quatro como poderia ter feito muito mais, porque Uriraci e Manuel perderam vários gols – este, principalmente, alguns incríveis. E sofreu dois como poderia não ter sofrido nenhum, pois das duas vezes foi traído por falhas de Castilho.”

Conta-se nos dedos das duas mãos as derrotas que o grande time do Santos sofreu em mais de uma década de duração da “era Pelé”. E o Fluminense, vencedor como nunca, inscreveu seu nome nesse rol de raridades.

Arbitragem de Aloisio Viug

Renda de R$ 2.207.150,00

Santos: Gilmar, João Carlos, Mauro, Maneco e Dalmo; Lima (Tite) e Mengálvio; Dorval, Coutinho (Pagão), Pelé e Pepe. Técnico: Lula.

Fluminense: Castilho, Carlos Alberto Torres, Wilson, Dari e Altair; Oldair e Gonçalo; Maurinho (Calazans), Manuel, Ubiraci e Escurinho. Técnico: Zezé Moreira.

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

 

6 Comments

  1. Olá, meu nome é Matheus Viug. Eu estava pesquisando sobre meu pai no google e vi sua matéria.Ela está muito bem escrita, e muito legal, porém, tem um equívoco.Não acredito que o árbitro seja o meu pai, pois eles nasceu em 1954, e em 1963 ele teria nove anos.Não posso te afirmar, mas acredito que quem tenha apitado este jogo foi o meu avô, Antônio Viug. Grande abraço, e saudações Rubro-negras!

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  2. Belíssima lembrança!!!.
    Eu tinha 12 anos na época e estudava como aluno “interno” (residentes) no Ginásio Valenciano São José em Valença-RJ. Como era de se esperar, o futebol era a nossa grande paixão e motivo de gozação mútua.
    Acompanhávamos os nossos times do Rio obviamente, mas quando o Santos jogava contra um deles, os torcedores dos outros torciam contra, e tinham praticamente garantida a gozação no dia seguinte.
    Os jogos noturnos, que eram no horário das 21:00h aprox. era complicado acompanhar pois nós subíamos, os mais de 70 alunos, para o grande dormitório lá pelas 20:00h para logo após as devidas preparações, ir dormir. Quem tinha radinho de pilha e quisesse ouvir o jogo, só podia fazê-lo com o som bem baixinho.
    Isso não era problema, mas o duro era quando saia um gol…Era um tal de “uhhhhhhh” ou ´”háhhhhhhh”… um sussurro bem longo e abafado que apontava daqui e dali no dormitório escuro onde muitos já dormiam…
    Nós torcedores mais fanáticos ficávamos naquela agonia até fim dos jogos, para depois curtir uma boa insônia……
    Esse Flu 4 x 2 me lembro muito bem, não só pela emoção durante o jogo, mas principalmente pelo dia seguinte, quando orgulhosamente “cartamos” a nossa marra diante dos colegas “não Tricolores”. Realmente não era fácil derrotar o grande Santos de Pelé & Cia.
    Grande emoções o Fluminense já me deu ao longo da minha vida…

  3. Paulo, não esqueçamos que o extraordinário Pelé foi indicado a Silvio Pirilo, técnico da seleção brasileira de 1957, campeã da Copa Roca, por ninguém menos que João Coelho Netto, o nosso Preguinho!

  4. Puxa, que lembrança longínqua. Lembro-me desses nomes, em especial do Ubiraci, que fez o gol do campeonato de aspirantes do Flu sobre o Fla na preliminar da final de 1963. Era do time come-e-dorme, um mulato grandão, compridão, meio parecido com o Dadá maravilha, com a diferença que fazia menos gols. Mas era igual, matava na canela, mas estava sempre na área apra concluir. O Carlos Alberto foi vendido ao Santos depois de ser campeão carioca pelo Flu em 1964, se não me engano por 250 milhões de cruzeiros, a maior transação da época. Boa lembrança.

  5. O Fluminense era dos raros times que de vez em quando davam uma surra no Santos de Pelé.
    Além deste, que teve o mérito de ter sido no Pacaembu, houve um 4 a 2 no Maracanã em 1960 e um 3 a 0 em 1967, para falar apenas das vitórias folgadas.
    No 0 a 0 no Maracanã em 1969, 87.783 pagantes, provavelmente mais de 100.000 torcedores presenciaram o maior público do confronto contra o Santos.

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