Todo ano, por alguns dias o Brasil se torna o país que deveria ser: ficam de lado os totalitarismos ocos, as vaidades pueris, a diversidade impera e o Carnaval desfralda suas bandeiras Pindorama afora.
O brasileiro médio finge não ser hipócrita, excludente, preconceituoso, sectarista, indiferente ao meio e, para os olhares menos atentos, somos um Brasil unido e festivo.
No futebol, não poderia ser diferente. Todos ao samba!
Desta vez, não inventaram jogo no sábado de Carnaval no Maracanã, até porque a própria Federação faz pouco caso do palco principal do futebol brasileiro, preferindo os Los Larios e Bacaxás da vida. A próxima rodada começa na quarta-feira de cinzas, depois de grandes blocos, desfiles, axé, azaração e la dolce vita. A vida continua e voltamos a nos deparar com nossos demônios – ou o tigre e o leão atravessando a rua, diria Tom Wolfe.
A grande festa do Carnaval no futebol carioca poderia acontecer no outro domingo, dia 22, ainda com o verão a mil: o primeiro clássico desse ano, Fluminense x Vasco. Não acontecerá: devido ao pequeno espírito público e à falta de visão profissional, o parcialmente interditado Engenhão receberá, se muito, 20 mil torcedores – com os dois times no alto da tabela seria fácil supor uma festa com 50 mil pessoas no Maracanã lotado. A patética decisão não alijou apenas tricolores da partida, mas vascaínos também. A mediocridade agradece.
Toda a celeuma começou com a péssima condução entre as partes interessadas no negócio Maracanã. Direitos adquiridos num lado de arquibancada num estádio que simplesmente não existe mais, o contrato que não se viu mas já é respeitado desde 2013, negociações individuais (como se os times jogassem sozinhos), vaidades mesquinhas que afugentam os torcedores. E a pequenez, sublime pequenez: se o caso é invocar a tradição, passemos os clássicos para Álvaro Chaves, Gávea, São Januário e General Severiano, ora!
Quando o Consórcio começou as negociações, o Botafogo agiu timidamente porque tinha o Engenhão novinho nas mãos. O Vasco, com o argumento de que tem estádio, e tem mesmo, mas para jogos de porte médio, aquém das possibilidades de sua imensa torcida. Primeiro o Fluminense, depois o Flamengo, os dois foram à luta, os outros dois aderiram, cada um de um jeito. Sem diálogo, são mambembes.
Ao Fluminense, cabe engolir agora a imposição do Engenhão, mas exercer a condição de mandante pleno no Brasileiro 2015, inclusive limitando a carga de ingressos da torcida adversária. E acionar a Ferj na Justiça por conta dos danos evidentes.
Amanhã o samba domina o Brasil na Apoteose. A festa das uniões, adversários abraçados. Não, não é perfeição. Mas impressiona saber que o desfile das escolas é infinitamente mais organizado, proporcionalmente mais lucrativo e com uma imagem mil vezes melhor do que a do futebol carioca. Depois de quarta-feira, na apuração do resultado 2015, imediatamente começa o trabalho do Carnaval 2016.
Alguém já sabe dizer como será o Cariocão 2016? Roubinho ou Roubão?
Ou alguém acha normal, numa atividade profissional qualquer, preferir vender 15 mil itens a x reais por unidade em vez de 50 mil, também por x reais cada unidade, em pleno exercício filantrópico?
#Nãosomosotários, eis uma boa rechitégue.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: rvalença
#SejasóciodoFlu
Para 2016? Premier League do Rio!!!!
Flu, Urubu, América (resgatando um grande), Goytacaz (fanática torcida), Americano (a outra metade da importante e grande Campos dos Goytacazes) e Olária (que tem um estádio razoável). Se o Botafogo e o Vasco, e Volta e Macaé (times de cidades importantes e com bons estádios) não se interessarem que fiquem de fora para jogar o defunto Roubão. Todos contra todos, em dois turnos. Os campeões se de cada turno se enfrentam na final
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