O campeonato do Flu agora é a fase de grupos da Libertadores (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, eu sei que isso está muito aquém da tradição do Fluminense. Algumas decisões na beira do campo poderiam ter-nos colocado na briga pelo título desse ano. Isso, no entanto, já é passado, e é um passado cuja análise nada acrescenta ao presente.

O que temos agora é a briga pela presença na fase de grupos da Libertadores, porque a pré-Libertadores está garantida. Por isso, muita mobilização para as três partidas que restam e que Marcão faça a melhor leitura possível do duelo de ontem contra o Atlético MG.

Estamos a quatro pontos do Atlético MG e a dois do São Paulo. Com três vitórias, plenamente possíveis, nos próximos jogos, acredito que terminaremos o campeonato no G-4. Mesmo que isso não aconteça, ainda podemos alcançar a fase de grupos na quinta colocação, caso o Palmeiras vença a Copa do Brasil. Melhor não contar com isso e ganhar as três próximas partidas.

O jogo desta quarta mostrou um desenho que reflete bem a trajetória do Fluminense no Campeonato Brasileiro. Marcão espelha o desenho tático de Odair e isso ajuda bastante. A única mudança visível são as peças em campo e a dinâmica dos volantes. Enquanto Odair trazia um volante para se aproximar do ataque e afundava o outro atrás para proteger a zaga, Marcão joga com os dois volantes fazendo a mesma função, dando até um maior equilíbrio ao meio.

Começamos bem o jogo contra o Atlético, disputando o controle da intermediária. Durante os primeiros 20 minutos, conseguimos ser mais perigosos em nossas manobras ofensivas, mas nada que nos proporcionasse uma grande oportunidade de gol.

A partir daí, o fato de ter dois veteranos como homens mais adiantados na fase defensiva começou a cobrar o seu preço, pois paramos de fazer pressão nos zagueiros e volantes do Atlético. Com mais espaço, o Atlético avançou a linha, mas ficou sem saber como furar nosso bloqueio. O primeiro tempo acabou tendo qualidade tática e técnica, mas quase nenhuma emoção.

Vieram as substituições no segundo tempo. A entrada de John Kennedy no lugar de Fred pouco acrescentou de início, pois isso afetou nossa capacidade de construção ofensiva. Só no final, com a saída de Nenê e a entrada de jogadores com muita intensidade física no lugar dos já cansados Luis Henrique e Luca, conseguimos nos impor territorialmente.

Com Michel Araújo, Pacheco, Caio Paulista e Kennedy, conseguimos, em diversas ocasiões, com apoio dos laterais e suporte dos volantes, criar oportunidades de gol. É um sinal a ser captado pela comissão técnica.

A vitória esteve muito perto, mas faltou tempo. Marcão demorou muito a tirar Nenê, que esteve praticamente o jogo todo sem função ofensiva dentro de campo, o que anula completamente sua funcionalidade em campo. Nenê é mais útil quando o Fluminense tem o controle da intermediária. Até Fred, com movimentação inteligente, e buscando a zona de criação para meter bolas, foi mais útil.

Precisamos pensar nesse time com um jogador que se aproxime dos volantes para criar, que seria Miguel, e outro que ataque espaços verticalmente quando precisamos contra-atacar, que pode ser Kennedy ou Samuel.  Não que o time não vá funcionar com Nenê e Fred nos próximos jogos, mas é nítido que isso pode ser melhorado.

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A venda de Kayky e Metinho precisa ser vista em perspectiva. É preciso olhar a situação financeira, o decréscimo esportivo causado por essa transação e a forma como serão gastos os recursos, que é a parte mais assustadora desse processo.

É preciso olhar também para o que sobrou, que não é pouco, e para as oportunidades que temos pela frente.

Tudo isso nos leva, todavia, a voltar nossa visão para a forma como o Fluminense está organizado. Porque falar da venda “X” ou “Y” isoladamente, se são boas ou ruins, é deixar de fora a conjuntura. E as questões que precisam ser colocadas não é se o Fluminense tem baixo poder de negociação, se o clube está infestado de empresários oportunistas ou o risco de não negociar.

O que tem que ser colocado é qual o plano do Fluminense para esses jovens talentos, individual e coletivamente. É quem o Fluminense quer ser no cenário do futebol brasileiro e internacional. É a forma como o Fluminense se organiza para viabilizar seus objetivos e qual o propósito das pessoas que lá estão tomando essas decisões.

Se não repensarmos o Fluminense e transformarmos isso em um projeto, vamos vender todo mundo, ficar sem ter quem mais vender, e vamos continuar devendo a Deus e ao mundo.

Precisamos de um projeto claro de transformação do clube, em que possamos, de forma lógica e profissional, planejar a carreira desses jogadores no Fluminense e mesmo o momento de vender os atletas, o que requer uma profunda reestruturação organizacional do clube, da qual saiamos atuando como uma verdadeira empresa, sendo ou não uma, o que passa, antes de qualquer coisa, pela apresentação de um projeto sólido, ladeado pela reformulação do Estatuto.

Não nos iludamos com a vaga na Libertadores, mesmo na fase de grupos. O Fluminense não vai longe com o atual modelo.

Saudações Tricolores!

2 Comments

  1. Você argumentou que nao podemos contar com Palmeiras, mas vencer as tres partidas restantes. Perfeito. Só que o netflu mostrou fala do Marcão dizendo esperar ’empenho do grupo pra trazer um ponto do Ceará…’ o Flu tem que entrar pelos 3 pts SEMPRE! Esse rapaz não tem condições pra treinar o Flu. Vai acabar perdendo o respeito que adquiriu como jogador.

    1. Eu percebi isso. Fiquei com a impressão de que ele se expressou mal, mas não deixei de sentir um mal estar com tal afirmação.

      ST

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