O aniversário da Flamenguesa (da Redação)

Exatamente há um ano, você acordava numa tenebrosa manhã do domingo. A última do campeonato brasileiro de 2013. E tinha um pesadelo: o rebaixamento para a série B.

O Fluminense tinha trocado os pés pelas mãos, sofrendo os mesmos problemas de elenco que continuou a apresentar até algumas horas atrás, e precisava de uma façanha: vencer o Bahia na Fonte Nova, torcer contra o Coritiba em seu jogo contra o São Paulo e o Vasco, contra o Atlético-PR.

Como é sabido, a vitória contra o Bahia não resolveu a questão, dado que o time do Morumbi perdeu sua partida. E o Fluminense dormiu naquele domingo como um time rebaixado, simplesmente porque ali havia acontecido a maior farsa da história do futebol brasileiro, sem que os torcedores soubessem porque aconteceu um cárcere privado da informação publica.

Tudo o que decorreu daquela situação é deveras conhecido: o Fluminense foi midiaticamemte massacrado, seus torcedores foram ameaçados e agredidos, aconteceu o linchamento que lembrava um dos piores momentos da mídia brasileira: o caso da Escola Base.

Na opinião de criminosos travestidos de jornalistas, o Flu corrompeu a Portuguesa para que escalasse Heverton, ainda que o jogo da Lusa não tivesse qualquer relação com o mapa de  probabilidades que pudesse salvar o Tricolor da queda. Ainda sugeriram algo mais incrível: que a escalação de André Santos seria na verdade parte de um esquema Fla-Flu para salvar o Fluminense, digno de figurar nos melhores roteiros do falecido dramaturgo Dias Gomes, ícone do realismo fantástico com “Saramandaia”. Não fosse o time da Gávea um verdadeiro Sedex 10 de partidas contra o Bahia em 1996 e Corinthians em 1997.

Um ano depois, pouca gente vai se lembrar do que aconteceu ou pode ter acontecido naquela rodada 38 de 2013.

Agora, o que ninguém lembra de jeito nenhum e não comenta, a começar pelos jornalistas esportivos: por que diabos centenas de profissionais da informação, acostumados a coberturas 24 horas esqueceram-se de noticiar, questionar ou avaliar porque André Santos entrou em campo irregularmente contra o Cruzeiro, horas antes do fim da 38, nem nas resenhas pós-jogo e nas manchetes de domingo (o fato esquecido mudava toda a perspectiva da parte baixa da tabela), sendo que a notícia da suspensão do jogador – e sua ausência certa da partida – eram fatos nacionalmente divulgados na véspera do jogo do Maracanã pelos mesmos veículos de comunicação?

Se você não leu nada sobre este esquecimento coletivo dos jornalistas em 2013, tenha certeza: hoje, um ano depois, nunca um aniversário será tão discreto e silencioso.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: google

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