Nosso livro, nosso amor (por Paulo-Roberto Andel)

PARMÊ 1
Num momento de minha vida repleto de sentimentos diversos – e muito, muito, mas muito amor como ninguém imagina! -, quero dizer que tenho vivido uma experiência fantástica, das melhores que já pude desfrutar desde que passei a ser um escritor de verdade – se é que isso realmente aconteceu – e mesmo que não tenha acontecido, pouco importa: o amor está acima disso. Mas a história é boa demais e merece relato.

Conheci Luiz Alberto Couceiro, nosso companheiro aqui de PANORAMA, há exatos trinta anos – aliás, a história da formação dessa equipe ainda precisa ser estudada a fundo. Eu era um garoto, ele era uma criança. Jogávamos botão, War, conversávamos com amigos noites a fio, víamos televisão. Depois, vivemos histórias que beiram entre o trágico e o cômico a ponto de – um dia, quem sabe? – poderem virar livro. Depois de um hiato de anos, voltamos a conviver como nunca e, tricolores que somos (há quem fique muito chapado a ponto de dizer que eu não sou), um de nossos temas obrigatórios é o Fluminense. Estivemos juntos no falecido botequim Bom de Papo e vimos quando o Flu foi tetracampeão naquele 3 x 2 imortal de Fred.

Pois bem, Luiz tinha em mente o argumento de um livro e conversamos. Tratava de amor, mas não um amor comum ao Fluminense, desses que é facilmente encontrado por ocasião de grandes títulos e grandes vitórias. O amor que sobrevive a tudo: intempéries, ameaças, cicatrizes, dor, choro, esperanças perdidas e recuperadas. Escritor de mão cheia que é, poderia fazê-lo sozinho com dois pés nas costas. Mas ele queria a pluralidade, o caleidoscópio, a variedade de visões e entendimentos sobre um mesmo tempo. Nada que passasse por autores cheios de si, vaidosos, vaporosos, pensando ter inventado a fina flor da literatura num país que já teve Ivan Lessa, Rubem Braga e Paulinho Mendes Campos, entre tantos outros – muita pose e pouco texto. Nada de arroubos estrambóticos. Amigos reunidos, cada um com seu estilo e bossa ao escrever, falando de um tema comum: o amor ao Fluminense e a sua defesa intransigente. E me convidou, o que é motivo de minha gratidão eterna.

Ao mesmo tempo, um amigo querido, o mais importante blogueiro tricolor do Brasil – autor de quatro livros e outros mais pelo caminho -, João Marcelo Garcez, era um potencial convidado dadas as relações próximas, o talento e, principalmente, porque queríamos fazer um projeto entre amigos e também entre fãs e ídolos – desnecessário seria dizer que sou fã dos dois. Mas achamos que ainda era preciso mais.

VALTERSON

E logo veio o nome de outro ídolo, que chegou a nós e já se tornou uma legenda de fraternidade e fidalguia: Valterson Botelho, que faz um trabalho espetacular na internet com os ídolos tricolores, resgatando – praticamente sozinho – e produzindo uma memória que merece – ou ao menos mereceria – aplausos nas Laranjeiras. Ah, Valterson acabou de escrever um livro sobre Waldo, nosso maior artilheiro, que merece leitura imediata de qualquer tricolor que se preze.

A base estava formada. Então Luiz arregimentou mais dois nomes. O quinto elemento é o professor universitário Cezar SantaAna, tricolor continental, desde já um companheiro querido da turma. Alguém vai me perguntar do sexto nome: trata-se de um jornalista com papel fundamental na mídia brasileira cultural, também um intransigente defensor do Fluminense onde quer que vá falar de futebol, com atuação em vários segmentos. Esse nome só vai ficar guardado até os próximos dias porque preciso criar um clima para meus seis fãs (segundo Tati, sete).

Com seis escritores, preparamos um livro que fala do Fluminense, da sua luta secular, da eterna batalha contra o preconceito dos meios de comunicação. Sim, isso já foi feito outras vezes, mas sempre buscando uma visão que elevasse a nossa trajetória de lutas, mas minimizasse as nossas cicatrizes. Então fizemos diferente: o amor maduro, que basta em si mesmo: olha para trás, vê tudo o que passou, soma erros e acertos, segue adiante porque a estrada é infinita e bela. Mexemos em nossas próprias feridas, nosso orgulho, nosso sentimento e – não tenho a menor dúvida disso! – nunca fomos tão tricolores ao juntarmos esforços. O resultado está nas páginas e espero que seja de grande satisfação aos leitores e amigos.

Em breve, aqui no PANORAMA e em diversos veículos de comunicação, teremos novidades sobre este trabalho que se tornou um dos grandes orgulhos da minha vida. Estar nesse time é motivo de honra. Fazer um livro com amigos de verdade, sem rancores, sem falsidade, sem boicotes mesquinhos, sem espasmos tresloucados de vaidade. Queremos o amor e a união, não o rancor e a inimizade.

Percebam que até aqui não se falou de dinheiro e isso tem motivo: ele é completamente desimportante nesse processo – pelo prazer de ver este livro nas ruas, eu pagaria do meu bolso. Contudo, uma editora apostou no projeto e estamos muito felizes com o crédito que nos foi concedido.

Para falar do amor ao Fluminense, não há dinheiro que pague.

Para trabalhar com meus amigos e ídolos, não há dinheiro que pague.

Olhar para trás, ver toda a estrada que passou, saber dos acidentes, mas também que o saldo foi extremamente positivo é motivo de alegria. Mais ainda: temos muito a fazer, tanto em nossos projetos individuais e coletivos.

E pensar que vêm aí os livros do Caldeira, do Garcez e outros. Emoção igual, só mesmo a do eterno gol de barriga!

Daqui a pouco, retornamos. Estou muito feliz.

Um beijo.

“Rolling stones gather no moss” (Muddy Waters).

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

7 Comments

  1. Pra quem, como eu, é viciado em literatura (e, em especial, sobre o nosso FLU), a ansiedade sobre este livro é enorme! No aguardo!!

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