Um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Uma lenda.
O que dizer de um craque que tem o apelido de “Enciclopédia do Futebol”? E isso nos tempo em que as enciclopédias eram sérias demais, as referências absolutas.
Nilton dos Santos, ao lado do nosso amado e imortal Castilho, é um dos jogadores que superou a tragédia de 1950 contra o Uruguai para, pouco tempo depois, escrever as melhores linhas do livro de ouro do futebol brasileiro.
Vestiu a camisa do Botafogo do começo ao fim de sua carreira, fato tão raro no megalômano comércio do futebol de hoje.
Para honrar o apelido de “Glorioso”, ninguém melhor do que ele vestido de preto e branco e meias cinzas, tal como determina a liturgia do cargo.
Ética, caráter, serenidade e disciplina. Nas pouquíssimas vezes em que isso lhe faltou, faltou bem: os tabefes no tresloucado Armando Marques foram bem dados.
Sagacidade: contra a Espanha em 1962, Enrique Collar se jogou pela direita da área, Nilton Santos na marcação, perdíamos por um a zero, as pretensões do Brasil poderiam ter ido abaixo na Copa do Chile. Malandro carioca, Nilton deu dois passos à frente por precaução e timing. O árbitro Sergio Bustamante marcou a “falta” fora da área. Depois, o Brasil virou o jogo e se tornou bicampeão mundial de clubes.
Mais sagacidade: foi Nilton que praticamente impôs a contratação de Garrincha pelo Botafogo (empurrando a tarefa de marcá-lo para nosso heroico e maravilhoso Altair, também um campeão mundial em 62) e o salvou do corte na seleção de 1958 – o psicólogo da seleção, João Carvalhaes, queria cortá-lo de qualquer jeito por considera-lo “inapto” para o esporte. Céus! Mas em terra de Nilton, Carvalhaes nenhum se cria.
Um dos maiores craques de todos os tempos, dentro e fora do campo.
O jogador que mudou o futebol mundial para sempre, fazendo dos laterais peças decisivas no ataque. Vejam o golaço contra a Áustria em 1958.
Uma simplicidade enorme.
Um bom contador de histórias.
Alguém que viveu no topo do mundo e sempre manteve a humildade.
Qualquer coisa que se diga sobre Nilton dos Santos será pouca aqui. Uma lenda que atravessou décadas, um símbolo de um futebol e uma cidade maravilhosa que já não existem mais.
Eu prefiro dizer que, no Fluminense do meu eterno amor, com tantos gigantes a vestir a nossa camisa na história de vitórias e conquistas que sempre vivemos, são poucos os jogadores que eu tenho inveja de não terem defendido as cores do meu time em campo.
Nilton Santos – seu nome artístico, grande artista da bola que foi, é, e será para sempre – é um deles.
Hoje faz 88 anos. Praticamente nada, se considerarmos a eternidade que marca seu nome de vez.
Mais um grande aniversário de quem sempre foi do Olimpo.
Paulo-Roberto Andel
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Excelente lembrança, uma grande homenagem … Carlos