Não se esqueçam! (por Zeh Augusto Catalano)

imagesPra que lembrar da ditadura?

Pra que existem na Europa, tantos locais com Auschwitz, Berlim, para lembrar os horrores de uma guerra?

Pra que lembrando, não deixemos que se repita.

Tem coisas das quais quero esquecer, mas não consigo. Outras, pelo contrário, somem sem deixar rastro. São esquecidas para todo o sempre. E isso nada tem a ver com o tempo passado do evento em si. Tais fatos tanto podem ser de anos e anos quanto de um mês atrás, por exemplo.

Tive uma tia, já falecida, que perdeu o marido em circunstâncias dramáticas. Uma cirurgia de rotina matou um homem com uma saúde de ferro, um cara legal, que tinha o gravíssimo defeito de ser Botafogo. Ela, talvez numa defesa do próprio sofrimento, tirou toda e qualquer foto, lembrança, roupa, objeto que remetesse à lembrança dele em casa. Foi como se o cara nunca tivesse existido. Uma coisa muito triste. Gostava dele.

As vigas da Perimetral foram pelo mesmo caminho. As bombas do Riocentro, no bagageiro do Puma, mostradas na TV, desapareceram no dia seguinte. Com o requinte de tentarem desmentir as imagens da véspera.

Voltemos pro esporte. Tenho 43 anos. Assisto futebol desde 77. Minha primeira copa, com 7 anos, foi a da Argentina. Assistirei em 2014 à minha décima copa. Nesse tempo, vi muita coisa. Muitas delas desapareceram da mídia. E como se faz isso? Como se dá sumiço a um elefante no meio da sala?

Esta semana foi uma aula disso.

Usou-se a técnica da superexposição.

É assim: pega-se um assunto (Se for de interesse de poucos, mais fácil. Tapetão não é assunto de interesse de muitos), dá se a interpretação de interesse do veículo e se repete – de preferência a mesma reportagem – ad nauseam. Daqui a pouco, um bando de gente – a minha mulher, por exemplo – começa a dizer que não aguenta mais falar disso. Pede pra mudar de canal. Resmunga. Diz que você não pensa em outra coisa.

Com isso a coisa cai de podre. Aquela jaca que não se colheu antes de se esborrachar no chão e fazer aquela (perdão) cagada. A população já sabe de tudo. Novidade no tapetão? Quadragésima rodada? Ah, me poupe. Chega!

Igualzinho a um big brother.

Péssima comparação, mas é o exemplo de mais fácil visualização. Quem não é fã daquela porcaria – já deu pra ver minha opinião – chega rapidamente num ponto de saturação de não conseguir ouvir falar da coisa.

Só que, no caso do futebol, isso é uma técnica usada tanto pra sedimentar a “verdade” interessante quanto para desviar completamente o foco do assunto. O que todo mundo quer saber se torna aquilo de que ninguém aguenta mais ouvir falar. Bom, né? Tremendamente oportuno.

Então, cabe aos loucos obstinados teóricos da conspiração acompanhar os assuntos com a necessária diligência. Prontos?

Pensem. Daqui a um ano, que história leremos nos jornais sobre estes dias? Hoje, temos a ferramenta para defender a verdadeira verdade. É isso que se tenta fazer com sua ajuda e leitura.

Abraços.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @zehcatalIMG_20131221_211719

5 Comments

  1. É exatamente o que se deve ter em mente. O AQIPOSSA era, o meio para se fazer lembrar do que se fizeram, ou forçaram, esquecer.

    É a promessa do AQIPOSSA para os próximos meses e anos:

    Libertadores 81, Farsa do TRI de 79, Papeletas Amarelas, Copa União 87, Mundial de mentira, Grobbelaar do Liverpool, Rebaixamento de 33 no carioca, entre outros.

    O jogo do Senta, as goleadas sofridas, os ridículos que passaram, já foram postados. A FlaPress tem suas mentiras prontas para (re)aparecerem…

  2. Daqui a alguns anos, vão se referir ao episódio assim:
    “O Fluminense, já beneficiado em 1996 e 2000, virou a mesa graças a um erro da Portuguesa“.
    Todos saem ilesos e nós, culpados. Simples e oportuno.

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