Na falta do que fazer, recordar é viver (por Paulo-Roberto Andel)

Estranhos sentimentos. Depois do amistoso frio deste sábado, fiquei a pensar. Conversei com amigos da casa, respondi várias mensagens no WhatsApp e o que pude ver é, descontando-se as hipérboles, um clima de apreensão para o início do Brasileiro.

Apesar do divertido lampejo da Taça Rio, a verdade é que o Fluminense voltou à temporada desacertado. A uma semana do início do Brasileiro, não há novidades nem grandes expectativas. Os dois amistosos com o Botafogo foram preocupantes. Enfim, não é um bom momento.

Tento abstrair e focar no melhor de cada situação, mesmo discordando frontalmente de como o elenco foi montado. O problema é descobrir de onde sairá a positividade para o decorrer de 2020/21. Hoje, o time do Fluminense parece um balaio de gatos. Tomara que vire um time mesmo. O fato é que ninguém aguenta mais uma eventual reprise de luta contra o rebaixamento, daí a torcida dobrada.

Há quem diga “Calma, tem muito time pior”.

Sinceramente, tenho saudades dos tempos em que o Fluminense entrava em campeonatos para disputar o título, em vez de ter dirigentes satisfeitos com um G10. E fazia isso com times para lá de medianos, ressalte-se.

Do nada vou para o Google e começo a reler notícias velhas, contratações e aquela palavrinha que quase sempre tem seu sentido adulterado: reforços.

Depois do tetra em 2012 e do desastre em 2013, o Fluminense fez uma campanha opaca em 2014, conseguindo ficar de fora duma Libertadores então tida como certa. E dali em diante, com o desconto efêmero da Primeira Liga, nada mais deu certo. Justiça seja feita: mesmo na Era Unimed houve concessões para nomes duvidosos como Anderson, Márcio Rozário e Marcelinho das Arábias. E depois?

Cara, tomei cada susto com os nomes a posteriori! É que a gente faz memória seletiva para aliviar a alma – e esquece de verdade também -, mas olha só alguns resgates: quem se lembra do Felipe Garcia? Do Fabrício?

Alguém?

Arthur, João Filipe, Guilherme Santos, Giovanni. Poupo o falecido Lucas Gomes.

Breno Lopes.

Victor Oliveira, Marlone, Vinícius Góes.

Oswaldo.

Danilinho, Aquino, Rojas.

De Amores, João Carlos, Bryan Cabezas, Kayke, Junior Dutra.

Romarinho. Robinho.

Nathan Ribeiro, Paulo Ricardo.

Agenor, Rodolfo, Guilherme, Brenner, Ewandro, Kelvin, Lucão.

Felippe Cardoso, Henrique, Caio Paulista, Yago Felipe, Egídio. Bom, estes são de agora. Alguns já eram. É o vapt-vupt do cetê tricolor.

Trinta e tantos nomes num estalar de dedos. Gente que vai e vem. Gente que não deixou saudade. Gente que mal ficou e se mandou. Gente que ficou e irritou. Gente que está aí e nos causa dúvidas sinceras.

Quem foi reforço de verdade, verdade mesmo?

Sem vilanizar ou satanizar jogadores do ponto de vista pessoal, é evidente que a política de contratações do Fluminense tem sido muito equivocada nestes quase oito anos de quase seca total, excetuando-se a já falada Primeira Liga e alguns turnos do Estadual.

O peso nas costas é de cinco lutas sofridas contra o rebaixamento.

Para enaltecer essa década perdida, sabe-se lá como, algumas sanguessugas da política tricolor adoram pisar no difícil período compreendido entre 1986 e 1994, como se fosse possível comparar volumes, movimentações financeiras e o próprio futebol em si. Mas aí é inevitável lembrar de alguns nomes daquela época.

Dago, Marcelo Gomes, Macúla e Serginho Carioca. Fluminense, quarto colocado no Campeonato Brasileiro de 1991.

Sandro, Itaberá e Souza. Fluminense, vice-campeão (garfado) da Copa do Brasil em 1992.

Júlio César, Márcio Baby, Marcelo Barreto e Macalé. Fluminense, vice-campeão (garfado) carioca de 1993.

Nem falei das finais cariocas de 1991 e 1994, fica para depois. Conforme o título desta coluna, era apenas a falta de que fazer e algumas lembranças que, bem compreendidas, levam a muitas reflexões sobre o Fluminense do passado, do presente e o que (quase) todos queremos para o futuro.

Uma coisa é certa: há tempos o Tricolor tem comprado gato por lebre. Tomara que o Brasileirão desminta essa tese.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

credibilidade

1 Comments

  1. Ótimo texto, Andel. Pois é, como temos sofrido! Por falar em lembranças, como sinto falta da época “mágica” do “velho” Maracanã, quando o saudoso Careca nos agraciava com seus carisma, carinho e alegria. Era um dos “heróis” da minha geração, “voando” sempre com sua capa tricolor pelas arquibancadas. E os times sempre retribuíam em campo o nosso apoio. Mas, voltando ao seu relato, concordo que a grande maioria das contratações tem sido no mínimo “estranha”. Isso torna ainda pior a atuação das…

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