Inveja
Assisti à parte do jogo de quarta-feira entre Atlético/MG e Corinthians. Impressionante a velocidade, a vontade, a agressividade ofensiva, enfim, o TESÃO, com que joga esse time mineiro. O resultado final e a classificação dizem tudo.
Impossível ver essa partida e não pensar na forma ultrajante com que nosso time se comporta em campo. Basta um pouco de sensibilidade para perceber a diferença entre os jogadores dos 2 times. No mineiro, entrega, disposição e a recusa em aceitar um placar adverso ou uma desclassificação, por mais difícil que a situação esteja (como era o caso de quarta-feira).
Do nosso lado, o comportamento do funcionário público que comparece à repartição única e exclusivamente para fazer jus, no relógio de ponto, ao salário que recebe no final do mês. Nenhuma dedicação na execução do seu trabalho, nada de procurar aprimorar suas habilidades e seu conhecimento, enfim, nenhum comprometimento com o trabalho e com os rumos da “empresa” que o contratou.
Assim é o nosso time no campo de jogo. Fora dele, no campo das palavras, discursos comovidos, de busca de melhor preparação através de intensificação dos treinamentos e, consequentemente, de obtenção de melhores resultados. Até discurso de indignação a gente acompanha pelo noticiário.
Ah que saudade que dá dos times da campanha da Libertadores de 2008 e da arrancada contra o rebaixamento de 2009. Times que não ganharam sequer um título, mas que deixaram claro para o torcedor o prazer de vestir a camisa do Fluminense, de não se entregar, e que passavam uma mensagem clara para o torcedor de entrega e espírito de luta incessante. Times que, sem declarações bombásticas, arrastavam multidões ao Maracanã.
Quando voltaremos a ter o prazer de ver e aplaudir um time com essa cara?
Mudanças
Cristóvão anunciou logo depois do jogo contra o Inter que aproveitaria a semana cheia de treinamentos para promover mudanças, que, em sua visão, se fazem necessárias para que o time volte a vencer.
Confesso que tive um misto de ânimo e de resignação com essa declaração do nosso treinador. Ânimo porque é óbvio, há muito tempo, e não somente depois do jogo de domingo, que do jeito que está nós vamos cada vez mais despencar na tabela e terminaremos o campeonato lá pra 12º lugar. E não vejo outra forma de mudar o quadro atual se não trocando várias peças do time titular.
Por outro lado, a resignação veio pelo descrédito em mudanças no futebol do clube e pela constatação de que não há muitas opções no elenco. Por exemplo, quem pode jogar no lugar do Bruno, jogador que já deveria ter sido sacado há mais de ano? Teoricamente foi contratado um jogador (3ª opção do clube) para a posição, mas ele parece que já chegou machucado. Coisas que só acontecem no Fluminense.
E com a notícia do time escalado no treino de ontem, exceção feita a mais do que tardia barração de Elivélton, o que li foi altamente decepcionante.
Por que Chiquinho continua no time? O que vai acrescentar ao time a entrada de Walter no ataque ao lado de Fred?
Na lateral esquerda há no elenco o garoto Fernando, que é um dos jogadores que subiram que merecem aposta. Não entendo o porquê da não escalação desse jogador.
E Walter? O que espera Cristóvão colocando o obeso jogador ao lado de Fred? Diminuir ainda mais a velocidade do nosso ataque? Por que não tentar Biro Biro ou Kenedy de início? Nos últimos 6 jogos Walter sequer entrou no decorrer das partidas e agora virou solução para a incompetência do nosso ataque?
Realmente fica difícil ter esperanças de que o time ganhará novos ares com o pouco que está sendo feito e, em minha visão, de forma equivocada.
Sinceramente, apesar do descrédito, no fundo tive alguma esperança de que essa semana significaria uma revolução no time. Algo muito parecido com o que fez Cuca em 2009. Anseio de um furacão em Laranjeiras que virou ventarola. Decepção, mais uma vez.
Parece que não vai ser esse ano que vamos ter a volta de times com o espírito de 2008 ou 2009.
É aguardar para ver o que nos espera logo mais.
Panorama Tricolor
@Panoramatri @Mvivone
Imagem: google
Querido Vivone,
até concordo com sua opinião. Mas não posso deixar de me pronunciar sobre a comparação infeliz com os funcionários públicos, que faz uso de uma analogia batida e bastante injusta. Muitos leitores e alguns escritores do Panorama (eu e Cestari, p. ex.) são servidores públicos. Destes, muitos vestem a camisa do serviço público e honram o cargo que ocupam. Infelizmente, há servidores desonestos, como jornalistas, vendedores etc. A generalização aqui é absurda, não?
ST,
João
Vivone:
Prezado João,
Sua observação é totalmente pertinente.
Vale um esclarecimento: minha referência ao funcionário público foi “…o comportamento do funcionário público…” se referia exatamente ao tipo de funcionário público (que são muitos) que você citou (existe, sem dúvida, esse mesmo tipo de funcionário em empresas privadas, mas em menor escala, dado que as demissões ocorrem com muito maior frequência). Utilizei-me, é claro, de um estereótipo, o que não quer dizer que considero todo o funcionário público um enrolador.
Um dos meus irmãos é também um funcionário público e sei o quanto ele rala e o quanto é prejudicado pelo sistema, pela falta de incentivo de estado (federal, no caso dele), falta de verba e, também, pela falta de comprometimento de vários de seus colegas.
Talvez se eu tivesse escrito “…o comportamento DE UM funcionário público…” minha intenção tivesse ficado mais clara.
Um abraço.