Meia-lua inteira (por Paulo-Roberto Andel)

vitoria 1 1 flu fred

I

Dez minutos de partida, alguém pensou em Barcelona x Santos com tempero de acarajé. Mas não era o caso. No Barradão, o Vitória fez seu papel de leão e partiu com fúria para cima do Fluminense e logo fez 1 x 0 com Maxi Biancucchi – o mesmo que, um dia, foi Messi da Gávea (na verdade, o primo pobre). Correria de São Silvestre.

Aí o jogo começou mesmo – mas não fomos bem. Demos nosso primeiro chute (ruim) com Wagner. Aos poucos, a partida equilibrou nivelada por baixo, apesar de nossa recorrente escassez de finalizações e com o time da casa sempre na correria. Pelo Flu, a força era Igor Julião e seu ímpeto de menino – ah, Juliana, por que és tão linda pelo sempre? – Fred tentou drible de corpo – Felipe acertou um petardo à esquerda, mas desgastou-se muito tendo que marcar e também criar (com dificuldade). Seria melhor se Wagner, pouco afeito às grandes criações, fosse o combativo da vez.

O Vitória manteve a pegada ofensiva, correu o que podia, Cavalieri brilhou em duas defesas de monstro. Ao largo, divagações: o rubro-negro baiano e mais identificado com o Flu do que o tricolor em termos de estilo e torcida – assim, a tese de um pré Fla-Flu em campo, vide cores, não sucedeu.

Tínhamos até algum volume, mas tanto o cruzamento quanto o último passe estavam complicados. Não dava liga.

O fim do primeiro tempo ainda teve (mais) uma domingada no padrão Euzébio de qualidade. E um (raro) peteleco de Sobis, ontem apagado. Fred paradão. Os papa-defuntos buscavam as carpideiras rancorosas, claro, sem ter visto que os dois times praticamente foram equivalentes nas jogadas de ataque, mesmo com certa pasmaceira tricolor. Claro que precisava melhorar, mas o derrotismo exacerbado parece geneticamente semelhante à cornice. Diáspora do intervalo.

II

A volta? Uma dividida de Jean com o goleiro, um quase-sem-pulo de Wagner… aí Luxemburgo pôs Kenedy e claro que as coisas ficaram mais leves – não se pode negar o talento de Luxemburgo em mexer na equipe durante uma partida. Um cruzamento bonito do Carlinhos. Igor, sempre ele, cruzando e cavando faltas. E tome faltas também para frear a velocidade do Vitória: cartões para Gum e Jean. O garoto Eduardo e o rodado Diguinho em campo, Edinho foi para a defesa. Melhorou.

Na nossa grande jogada, Fred foi genial, fez o pivô, deu a bola na marca do pênalti para Jean, livre, que também petelecou e permitiu a defesa do goleiro. Depois, Fred ainda faria um ótimo pivô novamente, mas a finalização foi bloqueada pelos baianos.

No entanto, a quinze minutos do fim, nenhuma alteração nos desenhos que fizesse pensar em algum ponto – batíamos, batíamos, mas nada de gol. Outro problema: a dificuldade de ganho de qualquer rebote, ofensivo ou defensivo, por parte do Fluminense – que já vem de longe. Bateram dispersão, vazio criativo, cansaço, o pacote estava pronto para um péssimo embrulho. No bate-rebate, duas defesas ótimas de Nilson. Pressão tricolor na área no estilo bumba-meu-boi. Teve até meia-lua inteira de Biancucchi em cima de Euzébio, claro. Este parágrafo teve várias vezes derivações do verbo “bater” – Ok, there’s a beat all around!

E tudo parecia perdido.

Mas o Fluminense e o imponderável frequentemente namoram-se com direito a beijos na boca.

Escanteio da esquerda, o goleiro vacilou e Fred completou para as redes de cabeça, empate suado. Outro gol perdido. E outro. Fred ainda acertou um balaço de cabeça na forquilha.

Depois de cinco derrotas, invicto há três jogos. Ainda ficamos devendo, ainda estamos com obras em andamento, mas não está fácil vencer o time de Luxemburgo na condição de visitante. Foi pouco, há muito a fazer mas é o começo, o caminho.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: Bruno Haddad – Fluminense F. C.

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2 Comments

  1. Temos uma deficiência grave na cabeça da área e na criação, elo entre meio de campo e ataque. Perdemos rebotes como você disse e não conseguimos criar jogadas coletivas, trabalhadas. Apenas em lances de bola parada criamos chances. Como tenho dito em meus comentários, time que faz um golzinho no Fluminense tem grandes chances de sair com resultado positivo. E isso tem se confirmado, como aconteceu nos dois últimos jogos. E na última vitória fizemos apenas um gol. O Luxa tem que inventar um jeito desse time marcar gols. Como dizia o FHC, assim não dá.

  2. ah a zaga….meu Deus…..Gum e Euzébio são profissionais mesmos? Tenho minhas dúvidas….

    Não viramos o jogo por detalhe….a sorte hei de voltar.

    ST

    Pra domingo minha zaga seria Edinho e Digão…….

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