Eu vou ao Maracanã, mas…(por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, faz uma semana que tivemos aquele episódio lamentável no Maracanã, que feriu nossa história e nos jogou numa espécie de vala comum do futebol. Até agora, somente Lucca(!) manifestou-se pedindo desculpas a quem “se sentiu ofendido”. De resto, silêncio. Seguiu-se a patética atuação contra o Grêmio, num jogo marcado pela ruindade e pela apatia da equipe e pela atuação bizarra (mais uma) da arbitragem contra o Fluminense. Quem esperava uma retratação tanto dos jogadores quanto de seu chefe por ambos os episódios ficou de mãos abanando. A única movimentação nos bastidores é a responsável pelo lançamento da terceira camisa, que parece um pijama (by Raul Sussekind). Deve ser para saciar a ânsia dos tricolores por uma peça assim, mais adequada para assistir aos jogos sonolentos da equipe. Talvez só falte agora lançarmos as pantufas e o travesseiro tricolor, oferecendo de brinde um cobertor de orelha com o falecido Guerreirinho estampado.

Sendo justo, não foi só isso. O noticiário tricolor também esteve recheado com informações sobre centralização de dívidas, que comprometerá 20% das nossas receitas anuais, o pagamento da dívida milionária com o Samorín, para evitar que tomássemos uma talagada da FIFA, time X da Europa querendo levar Nino, time Y da Europa querendo levar Luiz Henrique, time Z do Brasil querendo levar André e trocar por quatro pipas e uma mariola, entre outras menos votadas. Mas a que mais me chamou a atenção de fato foi a de que Mário Bittencourt ofereceu valor milionário de bicho para o elenco em caso de classificação direta à Libertadores. Risos. Imediatamente lembrei do “all-in” do Pedro Antônio, falando que bancaria do próprio bolso a conclusão do CT caso o Mário lhe pagasse o que o Fluminense deve a ele até fevereiro de 2022. É como eu prometer andar pelado na rua se o Fluminense for campeão mundial com Marcão no comando. Chega a ser engraçado.

Pode ser, é claro, que a promessa da vultosa quantia milionária ao elenco para nem mesmo ganhar um título desperte o lado mercenário de alguns. O lado ruim de ter tantos jogadores com contrato longo é o famoso “boi na sombra”. Talvez a disposição mostrada até aqui apenas no Fla x Flu e no jogo contra o Sport possa ser vista nesse domingo contra o Palmeiras e, quem sabe, sirva para alguma coisa. Mas será que bastará para que ganhemos três pontos improváveis? Sem André e sem Luiz Henrique, o Fluminense vai severamente desfalcado para um dos jogos mais difíceis da temporada, pressionado pelos resultados da rodada e em litígio com a torcida. O América-MG enfiou três no Grêmio e nos passou, e precisamos vencer para recuperarmos a oitava posição. Além disso, o Internacional voltou a vencer e o Corinthians segue com boa distância, e é imprescindível chegarmos aos 45 pontos para continuarmos com eles na mira. Todavia, é difícil imaginar um cenário positivo.

Eu “comprei” o ingresso para ir a essa partida. Irei com meus camaradas e companheiros, encontrarei certamente outros lá. É a primeira partida em mais de dois anos a qual vou assistir presencialmente no estádio. E sei que é extremamente improvável que eu saia feliz de lá. Além dos desfalques, temos um técnico que não parece bem saber o que está fazendo. As opções do elenco são todas limitadas ou imprevisíveis, o time treina pouquíssimo e parece estar sempre em péssima forma física. Nem o apoio da torcida (a claque vai continuar cantando) se sabe se o time terá depois do episódio grotesco do dia 6. No Fluminense, está se perdendo o foco na razão de um time de futebol existir: sua torcida. Não adianta dizer “obrigado, meu sócio” e dar uma banana pro mesmo dentro de campo. A faixa “Lutem até o Fim” não faz mais sentido quando não há luta nem até o intervalo. Nós, torcedores, merecemos muito que o Fluminense levante uma Libertadores e seja campeão do mundo novamente. O elenco não merece nem disputar a Copa Sul-Americana.

Espero que isso mude. É muito difícil ver em campo jogadores indignos da batina tricolor. Jogar pelo Fluminense é algo sagrado, um privilégio, não um fardo. O contrato do Lucca acaba em abril de 2022. O meu contrato com o Fluminense só acaba no caixão. Esses jogadores todos vão passar, e quando todos morrerem, o Fluminense ainda existirá, seja desfilando pelos campos do Brasil, seja vivo na memória de seus torcedores. Enquanto os que estão lá para nos representarem em campo não entenderem que essa é a única função deles, será difícil esperar que alcancem a glória. Ser Fluminense é vencer-se primeiro para ser vitorioso depois. Se a empáfia, a arrogância e a desconexão com o torcedor não forem vencidos, eles serão apenas jogadores de futebol vestindo uma camisa de três cores, e não os sagrados guerreiros tricolores. E o presidente Mário Bittencourt será apenas um homem de negócios que por acaso às vezes vai à sede do Fluminense, ao CT e ao vestiário, e não o Papa da religião tricolor. É preciso mudar.

Curtas:

– O Fluminense enfrenta também o Juventude na quarta-feira no Alfredo Jaconi. A equipe gaúcha está no desespero para se livrar da Série B, e precisaremos que a Síndrome de Lázaro não ataque novamente se quisermos sair vitoriosos.

– Palpites para os próximos jogos: Fluminense 1 x 0 Palmeiras. Juventude 0 x 1 Fluminense. Viva a instituição Gol Cagado.

1 Comments

  1. Olha, eu estou buscando paciência pra seguir acompanhando os jogos que faltam desse time até o fim do campeonato. Não é fácil deixar pra depois algo que precisa ser feito pra assistir os enfadonhos noventa minutos mais os acréscimos de um time que, quando faz gol na frente sofre pra manter o um a zero, ou quando toma um gol primeiro, já se tem a certeza da derrota. Outra duvida é se vale a pena torcer pra irmos a libertadores e o Mário usar isso em sua campanha em 2022 ou simplesmente aceitar uma sul-americana, que é o que esse elenco de Marcão, pavão e Angione estão fazendo por merecer?…

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