Os 40 anos do bicampeonato da Máquina (por Paulo Rocha)

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Há exatos 40 anos, no dia 3 de outubro de 1976, com um gol de Doval, de cabeça, aos 13 minutos do segundo da prorrogação, o Fluminense derrotava o Vasco por 1 a 0, no Maracanã, e conquistava o bicampeonato carioca. Foi o ponto alto da Máquina Tricolor montada pelo presidente Francisco Horta. Eu, então um menino de 12 anos de idade, criado no bairro das Laranjeiras, vivi naquela oportunidade uma emoção da qual jamais me esqueci.

Sim, pois no primeiro título da Máquina (em sua versão inicial), o Carioca de 1975, eu, apesar de “já” ter 11 anos, não era tão louco por futebol. Até gostava, mas não era tão, digamos, fanático pelo Fluminense quanto meu pai. Mas no decorrer de 1976 eu adquiri a paixão na mesma intensidade que sinto até hoje, ou seja, foi a primeira vez que gritei campeão sabendo o que aquilo realmente significava. Aliás, bicampeão, melhor dizendo.

Infelizmente, eu não estava no Maraca naquela tarde-noite – como é bom recordar os velhos jargões do rádio esportivo carioca dos anos 70 e 80. Escutei o jogo na Globo, o primeiro tempo com Waldir Amaral, o segundo com Jorge Cury – este, seguiu narrando a prorrogação e foi o “intérprete” do gol marcado pelo gringo Narciso Doval.

O jogo, em si, foi emocionante. Sem o jovem zagueiro Edinho, contundido, entramos em campo com Renato, Rubens Galaxe, Miguel, Carlos Alberto Torres e Rodrigues Neto; Pintinho, Paulo Cézar e Rivelino; Gil, Doval e Dirceu. O adversário, apesar de ser infinitamente inferior tecnicamente a nós, era valente e lutou até o fim.

No transcurso dos 90 minutos, mandamos duas bolas na trave – uma com Rubens, outra com Riva. O Vasco também perdeu uma grande chance, desperdiçada pelo letal Roberto Dinamite. Prorrogação adentro, quando faltavam apenas dois minutos para a disputa de pênaltis (era o rumo que os vascaínos desejavam, já haviam superado desta forma o Flamengo na final da Taça GB, o primeiro turno), Paulo Cézar cobrou falta da esquerda, Pintinho escorou de cabeça para o meio da área e Doval subiu mais que Abel para escorar – meio de cabeça meio de nuca – a bola para o cantinho e fazer o Maraca explodir nas três cores que traduzem tradição.

Após o jogo, camisa tricolor no corpo e bandeira em mãos, comemorei muito, na alegria de meus 12 anos de idade, vendo passar pela Rua das Laranjeiras os sócios e torcedores a caminho da sede para o chope do título. Foi há 40 anos. Mas parece que foi ontem.

Peço licença a Nelson Rodrigues – que no dia seguinte àquela façanha deliciou-nos com sua tradicional coluna no saudoso Jornal dos Sports: pobre do clube (e da torcida) que não cultua santas nostalgias.

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Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: paroc

1 Comments

  1. 70% a 75% da torcida presente ao estádio era tricolor, conforme duas versões diferentes da revista Placar.

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