Lições do destino (por Walace Cestari)

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A derrota de domingo produziu ferimentos leves, se levarmos em conta a classificação. Perdemos a oportunidade de assumir a liderança, mas não saímos do G4 e continuamos na cola dos líderes. O sentimento ruim veio por conta de ser um clássico, ainda mais contra o fraquíssimo Vasco da Gama, um arremedo de time que se apequena nas ações do gângster que o comanda.

Derrota normal, em que o jogo não encaixou e o Flu acabou aceitando a proposta de “jogo” do adversário. Muitas faltas, poucas jogadas pensadas e correria. Em dois lances casuais, a sorte lhes sorriu – o futebol é dado a esses caprichos – e não tivemos força para reverter.

A pecha de guerreiro move o time. Às vezes da forma errada. O time tem conseguido suas vitórias à base de muita luta e dedicação, o que tem ficado evidente ao final das partidas: os jogadores saem exaustos. Talvez a preparação física deva observar com mais cuidado a queda de rendimento de algumas peças no segundo tempo, buscando a necessária correção das causas que levam a essa perda de produtividade.

Algumas derrotas podem, inclusive, fazer bem, ao apontar os erros que, se superados, levam-nos ao título. Sem dúvida, essa derrota para o Vasco foi desse tipo. O que quer dizer, evidentemente, que o time cruzmaltino pode ter nos ajudado na conquista do penta. Ah, nada como uma lição!

Em primeiro lugar, ensinou aos mais garotos – e são muitos no elenco – que a ansiedade criada na semana do jogo é prejudicial no campo. Alguns mais experientes também caíram na pilha e fizeram o jogo feio e ríspido, ao feitio das possibilidades do time de menor qualidade. Temos de jogar conscientes de nossa superioridade em alguns jogos sem que ela se transforme em soberba e perceber quando temos um adversário mais qualificado diante de nós. Isso sempre muda a dinâmica do jogo. Essa foi a primeira má avaliação deste tipo na era Enderson, mas comum nas mãos de Drubscky.

Depois, há uma necessidade de obediência tática maior, o que favorece o jogo coletivo. Como já explorado aqui no Panorama pelo Crys Bruno, Edson esteve afoito e muitas vezes fora de sua posição. Jean também deixou de cumprir taticamente seu papel no meio, dando espaços ao adversário. Na frente, somente Scarpa produziu o que se esperava. Sem o apoio dos meias de frente, Fred fica isolado em meio à dupla de zaga rival, dificultando seu jogo.

Gerson anda displicente na marcação e se apresentando pouco para o jogo. Falta-lhe rapidez e movimentação, duas características que já fizeram parte de atuações anteriores do garoto. Claro que oscilação é compreensível no menino, mas Enderson tem a obrigação de olhar tanto o indivíduo quanto o time.

Osvaldo parece que vai se encaixar muito bem na equipe, trazendo velocidade e profundidade. A volta de Cícero aumenta a briga pelas vagas na meiuca, dando opções de qualidade para o setor, algo fundamental ao longo do campeonato. De R10 não há o que se falar, pois sua qualidade é inegável. Se falta-lhe o vigor da juventude, sobram-lhe visão e categoria. Basta que, em uma partida, dê dois de seus geniais passes para que Fred converta pelo menos um. Assim, será difícil segurar o Tricolor.

Ao fim de catorze rodadas, com aproveitamento de 65%, faltam-nos dezoito pontos para fugir da degola. Sim, afinal, sem a Unimed acabaríamos e era certo de que lutássemos contra o rebaixamento. Mais seis vitórias nas 24 partidas que nos restam e o prognóstico cai. Bem mais simples do que os mais de 30 pontos que os adversários cariocas precisam para atingir o número mágico. Algo como dez ou doze vitórias, ou a obrigação de vencer todos os seus jogos em casa.

Acertar as arestas e aprender as lições da derrota nos farão continuar na briga pelo que a imprensa considerava impossível. Só se esqueceram de que este é um conceito que não se aplica ao Fluminense. Rumo à Arena Condá, com respeito, mas sabendo impor o ritmo e o controle do jogo. Precisamos de três pontos e estampar muitos sorrisos nas Laranjeiras. Por que, afinal, o destino é também o ponto final de uma jornada: o nosso parece ser promissor.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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1 Comments

  1. Muito bem lembrado….até o foguinho foi campeão depois de uma goleada dos padeiros.

    Se o Cícero que volta for aquele preguiçoso que saiu….pode esquentar o banco e ainda leva o Gerson (que está numa preguiça só, se desloca em câmera lenta) junto.

    ST

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