Lembrando Tião Macalé (por Paulo-Roberto Andel)

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Tarde da noite de ontem, eu e o Fagner Torres às gargalhadas no Whatsapp, depois de revermos alguns vídeos do grande Tião Macalé em ação, mais especificamente nos comerciais dos Supermercados Disco, tradicional rede carioca abatida em pleno voo pelo confisco do Plano Collor.

Tião foi um dos comediantes mais engraçados do Brasil. Tal como o inesquecível Costinha, a simples aparição dele na tela já causava gargalhadas. Bordões como “Nojento!”, “Tchan!”, “Anote” e “Ô, crioula difícil” são páginas eternas do humor, alguns utilizados até hoje, 23 anos depois da morte do humorista.

Começou a carreira com Ary Barroso (era o homem do famoso gongo do programa) e depois marcou época nos melhores anos do humorístico “Os Trapalhões”. Já era uma presença marcante da TV quando ficou consagrado nacionalmente com os comerciais do Disco. Era sua fase final: morreria poucos anos depois.

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Tião Macalé teve um famoso time do futebol de praia em Copacabana, o Dínamo. Nele, era presidente, treinador, massagista, torcedor, advogado, contador e o escambau, sempre de olho em jovens promessas da areia. Mas o que justifica sua presença nestas linhas é o fato de ter sido um tricolorzaço-aço-aço, presença constante no Maracanã, nas Laranjeiras e em qualquer campo, mafuá ou equivalente onde o Fluminense estivesse escalado. Detestava a Gávea com todas as suas forças, podendo falar todos os palavrões do mundo em resposta a uma simples menção do rival.

Humorista popular, negro, desdentado, homossexual – e carismático como ninguém -, Tião Macalé era uma espécie de derrubada de todos os falsos paradigmas que tentavam apontar ao Fluminense, em termos de uma suposta elite branca e esnobe. Ele desafiou definições. Ri e ri milhões de vezes por sua causa.

Mais de duas décadas depois de sua morte, meio século depois de sua aparição, Macalé ainda faz rir a ponto de tornar a goleada de ontem até mais saborosa. Dava para imaginá-lo no Raulino depois do quarto gol sobre o Tigres: “Anote! tchan!”. Eu e Fagner somos de gerações diferentes; nós dois gargalhamos a valer depois das lembranças do gênio do humor, símbolos de um outro Brasil, um outro Fluminense e um outro futebol.

Faz uma falta enorme.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

8 Comments

  1. Pena que nos dias atuais iriam dizer que ele é racista, homofóbico e outros novos adjetivos modais.

  2. Tião era um ser humano de bom coração. Eu era garoto na década de 60 quando joguei no Dínamo. Todos os dias íamos chamá-lo numa garagem, situada na Rua Constante Ramos, onde ele morava e sempre estava dormindo, já que era figurinha fácil nas madrugadas do Beco da Fome, na Prado Junior. Pegávamos um saco contendo as camisas, por sinal, suadas (não lavadas) e ainda com areia e ficávamos aguardando sua chegada na praia para jogarmos. Detestava o Flamengo. Bons tempos.

  3. Esse zé ruela vive nos rodapés dos blogs escrevendo merda. É um Maria Blog. Velha conhecida.

  4. Eu fui contemporâneo dele, até joguei alguns jogos-treino pelo Dinamo, toda terça e quinta-feira , religiosamente, com chuva ou com sol, ele preparava o Dinamo para treinar, era tradição. Ai de quem pronunciasse em tom de provocação o nome do flamengo, era xingamento certo. Grande figuraça, desdentado e com um beiço inferior proeminente lhe conferiam um aspecto muito engraçado, era só olhar pro cara que dava vontade de rir, este dá saudade
    abçs.
    ST

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