“Desesperar jamais/ Aprendemos muito nesses anos/ Afinal de contas não tem cabimento/ Entregar o jogo no primeiro tempo/ Nada de correr da raia/ Nada de morrer na praia/ Nada! Nada! Nada de esquecer/ No balanço de perdas e danos/ Já tivemos muitos desenganos/ Já tivemos muito que chorar/ Mas agora, acho que chegou a hora/ De fazer valer/ O dito popular/ Desesperar jamais/ Cutucou por baixo, o de cima cai/ Desesperar jamais/ Cutucou com jeito, não levanta mais”
(“Desesperar jamais”, Ivan Lins e Vitor Martins, 1979)
Poucas vezes um poema de mais de 30 anos atrás pode ser tão emblemático para nós nesta quarta-feira. Aí estão os mestres Ivan e Vitor que não deixam mentir.
Desesperar, jamais.
Temos chances à mão. Escolado, maduro, o Fluminense joga por um empate com gols. O Olimpia virá com tudo? Nem tanto. Se sofrer o primeiro, a pressão passa de vinte quilos para dezesseis toneladas.
Inteligência dentro do campo, nas arquibancadas e nos corações a mil em todo o Brasil, pois.
Eu não duvido que o Fluminense ganhe este jogo fora de casa. Ou que possa ganhar. Ora, bolas, o tetracampeão brasileiro não pode vencer a potência paraguaia? Perguntem a Riquelme, mestre da bola, o que pensou a partir de 2008? Ou da turma do Argentinos Juniors depois de 2011?
A Libertadores é o melhor dos sonhos, mas não precisa ser uma obsessão.
Eu a quero tanto quanto uma mulher que eu amo muito, sempre amei, mas lutava contra isso. Ninguém sabe do nosso caminho. Queremos muito que seja agora a vez do Fluminense, mas futebol não é certeza de nada. Agora, que pode, pode. E muito. Esperança, sim. Inspiração? Também. Sentimento? Uma obviedade.
Tem um adversário do outro lado. Valoroso. Mas a verdade é que tropeçamos nas próprias pernas dentro de casa. Porém… essa história de decidir fora tem lá suas nuances. Como havia dito, se acertamos o primeiro soco a chance de nocaute é grande. E o Fluminense tem a vocação de desafiar definições, arremessar paradigmas na parede, mergulhar no inferno, subir aos céus e flertar com a Via Láctea por mero acaso. Ganhar lá ou empatar com gols não é nenhuma, nenhuma surpresa.
Alguma coisa me traz aqui um dos sujeitos mais importante da minha vida, o sujeito que me fez gostar de ler muito, um outro Ivan: Ivan Lessa, monstro da crônica brasileira. Dizia ele:
“Conseqüentemente: aí está, viva e atuante, a crônica do cronista brasileiro. Pouco importa que o cronista ou a cronista limite-se a relatar seu encontro no bar ou sua ida ao cabeleireiro. Tanto faz que seja elitista ou literariamente limitador. E daí que tenha menos profundidade que mergulhadores mais audazes como Milan Kundera e Marion Zimmer Bradley? A crônica vai registrando, o cronista vai falando sozinho diante de todo mundo.”
Aqui estou eu falando sozinho.
Não há moinhos de vento.
Apenas um Fluminense no estrangeiro, meu coração no exílio e um amor enorme que diz “Sim, nós estaremos entre os quatro gigantes”.
No futebol, sou um otimista incorrigível. Até por estar acostumado a ver as peças que o Fluminense já pregou na lógica e na história.
Logo mais tem decisão. Sem rancores nem dramas.
Calma.
Calma.
Falta apenas ouvir a linda Maria Teresa Salgueiro cantar “Oxalá o carnaval aconteça”.
Hoje eu só quero que o dia termine bem.
Paulo-Roberto Andel
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
A cada texto que tu escreves sobre o tricolor, tu se superas!
Fluzão 2 x 0!
ST.
Andel: Obrigado de sempre, Fabrício. Tamo junto.