É incrível como Odair lê mal o jogo e como Nenê se tornou intocável (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, perder para o São Paulo não é problema. O São Paulo tem o melhor técnico do Brasil e está ensaiando se tornar um postulante ao título, condição que também nós poderíamos pleitear se o nosso técnico fizesse leituras inteligentes do jogo.

O problema foi perder dois pontos para o Atlético-GO, com os quais nós estaríamos agora a três do líder, mesmo com a derrota, mantendo-nos na briga pela ponta e com um Fla-Flu sensacional pela frente.

Só que em Fluminense e Atlético-GO nosso treinador também errou na leitura de jogo quando a exibição de almanaque que fazíamos foi interrompida pela infantilidade de Hudson. E tem um erro recorrente nesses dois tropeços. Nenê se tornou intocável no elenco do Fluminense, o que é uma tragédia.

Não digo que Nenê não possa ser titular. Tem méritos para isso, mas não pode ser insubstituível em situações em que sua saída beneficie uma estratégia de jogo.

O Fluminense, mais uma vez, fez um primeiro tempo bom. Cometia um erro fundamental, que era tentar fazer a transição com aproximação e trocas de passes curtos. O que chegou a funcionar muito bem contra o Atlético falhou contra o São Paulo, porque o time de Diniz ataca a bola em bando, o que dificulta esse tipo de transição, ainda mais na nossa intermediária.

Tirando isso, é preciso voltarmos à partida entre Atlético-MG e São Paulo, quando os paulistas massacraram o Galo nos primeiros 20 ou 25 minutos de jogo, criando oportunidades em sequência. Quem esperava que isso fosse acontecer contra o Fluminense não deve estar acompanhando os jogos, porque o Fluminense é muito mais sólido defensivamente.

Por conta disso, fazendo um balanço do primeiro tempo, mesmo dando mais a posse de bola para o São Paulo, o Fluminense foi melhor na arte de criar oportunidades e traduziu uma delas em gol.

Quando fomos para o intervalo, a primeira coisa que eu pensei foi: sai Nenê e entra Yago. Por que? Porque era óbvio que Diniz ia tentar aumentar a intensidade pelo meio para não dar saída de jogo ao Fluminense e ter uma troca de passes mais rápida. Foi o que ele fez, mas o que fez Odair?

“Em time que está ganhando não se mexe.”

E não mexeu, quando a simples troca de Nenê por Yago aproximaria Michel Araujo dos atacantes, fazendo com que o Fluminense tivesse uma estratégia de pressão na bola e contra-ataque.

Veio uma jogada de bola parada e o gol de empate do São Paulo, que já era muito melhor, logo no início. O jogo estava desenhado para o São Paulo e logo veio o segundo, com nossa proposta de jogo totalmente desconstruída.

O que faz Odair, agora perdendo o jogo? Tira o centroavante para colocar um ponta, o que já seria uma decisão sem pé nem cabeça, mas é pior ainda porque esse ponta era o Pacheco, que nada vem mostrando que justificasse pensar ser ele a solução para qualquer de nossos problemas.

Para piorar, perdemos nosso jogador mais importante atualmente, que é o Araujo. A substituição era óbvia. Entra Yago, sai Nenê; entra Miguel, sai Araujo. Adianta Miguel para jogar próximo ao ataque e coloca Yago para manter a intensidade no meio. Num momento futuro, poderia tirar o Yuri, como tirou, para colocar o Ganso. Assim ganharíamos, com o São Paulo nos dando o campo, como deu, um volante mais criativo.

Mas aí machuca o Wellingon também. Sem problema. Era só colocar o Luis Henrique. Nós manteríamos a mesma proposta de jogo bem sucedida no primeiro tempo, só que com peças renovadas e mais ágeis para tentar furar o bloqueio defensivo do adversário.

Mas é claro que nada disso aconteceu, porque Odair preferiu deixar Nenê em campo com a companhia do Ganso, que é para deixar o Fluminense lento e previsível.

O que me resta daqui para frente, se não ser repetitivo? Odair conseguiu montar uma equipe competitiva, que tem cada vez mais equilíbrio entre defesa e ataque. Porém, não fosse a péssima leitura de jogo e a insistência em manter Nenê intocável, tínhamos tudo para estar comemorando agora a liderança do campeonato.

O Fla-Flu de quarta-feira passou a ser o jogo do ano, porque estamos a seis pontos do líder e não podemos mais deixar aumentar essa diferença, nem que o adversário seja o Bayern. Além disso, já tem o Flamengo e o São Paulo acelerados. Enquanto escrevo essa coluna, o Atlético-MG ainda não jogou, mas é presumível que é outro que vai engatar a oitava marcha. A nossa única alternativa é acelerar, até porque teremos uma tabela favorável mais à frente.

Agora, não podemos admitir o monstrengo em que se transformou o Fluminense no segundo tempo dos dois últimos jogos, com 90% de culpa de Odair, que consegue destruir o que ele mesmo construiu.

Quem quer brigar por título, ou mesmo que seja uma vaga na Libertadores, não pode cometer erros óbvios e, o que é pior, reiteradamente.

Tem que ler o jogo, ter a mente dinâmica e acabar com esse negócio de que o Nenê é intocável. Nenê foi uma peça inútil durante todo o segundo tempo. Será que só eu vejo isso?

Ganhar o Fla-Flu é obrigação. Não interessa se eles são os campeões da galáxia, nós temos condições de ganhar jogando o nosso jogo, mas os erros recorrentes do Odair na leitura de jogo têm que ser tratados como crimes hediondos.

E vou mais além. Se não ganhar o Fla-Flu, é para começar a replanejar a comissão técnica, porque esses erros podem acabar desestruturando a equipe, abalando a nossa confiança e empurrando o Fluminense ladeira abaixo.

Cadê o Miguel, Odair? Cadê?

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @MauroJacome

#credibilidade

4 Comments

  1. Odair ,ensiste em manter o Egido no time, esse lateral vem entregando o Ouro em todos os jogos. Acorda Odair, sua leitura de jogo é péssima.

  2. Comentário muito lúcido e muito equilibrado sobre a atual situação do time em campo. Parabéns!
    Mas você não acha, no mínimo estranho, a relação da Instituição Fluminense com os garotos da base, de Xerém e ainda com jogadores sem NENHUMA condição técnica, que vivem entrando em campo, nessas substituições estapafúrdias, inexplicáveis e ininteligíveis que o Maionese vive fazendo?
    Tudo por influência de empresários, como o Eduardo Uram e a sua INACEITÁVEL influência no Clube, indicando relações…

    1. Na verdade, meu caro, não acho estranho, eu acho óbvio, por tudo que tenho visto desde 2014, quando cobria o clube diariamente.

      A gente dizia que futebol tinha se transformado num grande negócio. A solução era pensar como empresa. Acho que o pessoal só entendeu a parte do “futebol tinha se transformado num grande negócio”.

      ST

  3. Comentário muito lúcido e muito equilibrado sobre a atual situação do time em campo. Parabéns!
    Mas você não acha, no mínimo estranho, a relação da Instituição Fluminense com os garotos da base, de Xerém e ainda com jogadores sem NENHUMA condição técnica, que vivem entrando em campo, nessas substituições estapafúrdias, inexplicáveis e ininteligíveis que o Maionese vive fazendo?
    Tudo por influência de empresários, como o Eduardo Uram e a sua INACEITÁVEL influência no Clube, indicando relações…

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