O ciclo de ilusões tricolores (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, vivemos atualmente num ciclo de ilusões quase sem fim. Chutamos a molambada apenas para assistir em Itaquera a uma das atuações mais vergonhosas, se não a mais vergonhosa, da temporada. A promessa constante de saneamento das dívidas feita por todas as gestões que passam pelo Fluminense desde Peter Siemsen se esboroa a cada nova notícia de processo trabalhista na justiça, a cada revelação da base que é repassada de graça para outros venderem, ou simplesmente não renova e não dá retorno nenhum ao clube que a formou, ou mesmo a cada borderô do Maracanã pós-jogo, aumentando um pouco mais o rombo que já é gigantesco, o que não parece ser um problema para a gestão que ignora o justo pleito dos sócios para a revitalização de Laranjeiras, oferecida a CUSTO ZERO para o clube, ressalte-se. A temporada 2021 começou sem que tenhamos qualquer perspectiva positiva para o seu decorrer.

“Ah, mas e a Libertadores?” – perguntarão os lorpas e os pascácios. E eu os respondo com a seguinte reflexão: SE o destino for muito bondoso conosco e, mesmo jogando essa bolinha patética que jogamos contra o Sport, continuarmos com a “dinastia do gol cagado” que parecia ter ido embora com Odair, pode ser que consigamos mesmo a classificação para a pré-Libertadores. Se o Palmeiras for campeão da Liberta e o Grêmio da Copa do Brasil, pode abrir até G8. Nossa tabela é, em teoria, uma das mais fáceis. Vice-lanterna, lanterna, time do Z4, time do Z4, tudo isso em sequência. Depois, um jogo mais difícil, contra o Atlético-MG, em que pese jogarmos no Rio. Aí tem Ceará (fora), com quem podemos até brigar por posição, dependendo do desenrolar do campeonato, Santos (fora), jogo potencialmente difícil, e fechamos contra o Fortaleza em casa, time este que tá quase beijando a zona maldita. Racionalmente, com um pouco de otimismo, daria pra esperar uns 15 pontos pelo menos, o que nos alçaria a 61 pontos e, muito provavelmente, à Libertadores. Se vierem 18 pontos, a chance é ainda maior.

Mas… e depois? Supondo que cheguemos à Libertadores, como todos querem, inclusive eu, e outros tantos estão, erroneamente, tratando como título, o que podemos esperar dentro da competição continental? Será que o orçamento previsto para 2021 será revisto? Vamos com Muriel, Matheus Ferraz, Danilo Barcelos, Yuri, Hudson, Ganso, Nenê, Wellington Silva e Caio Paulista no elenco disputar essa competição mesmo? Se pegarmos a pré, o sonho pode fazer água rápido. A menos que cheguemos à última fase da competição preliminar, nem pra Copa Sul-americana nos classificaremos em caso de eliminação. Dentro da fase de grupos, supondo que possamos cair num grupo fácil, dá até pra almejar uma classificação. Mas num “grupo da morte”, como já caímos algumas vezes, seria realista esperar que avancemos de fase ou, pelo menos, peguemos o terceiro lugar no grupo, para poder ao menos disputar a Sula? E por último… se essa galera se contenta com apenas classificar pra Libertadores, qual será o real objetivo em 2021, analisando o tempo de contrato de alguns jogadores e o orçamento previsto?

Ah, e tem outra… não temos treinador ainda. Se entrarmos na pré, o novo treinador, caso seja mesmo contratado após o fim do Brasileiro, terá pouquíssimos dias para treinar o time visando a nova competição. Não vai ter tempo nenhum de preparação, e o risco de uma nova “Calerada” é bastante real. O Carioca será iniciado pela equipe sub-23, o que me parece uma decisão correta, mas a verdade é que deveria ser completamente disputado pelas divisões de base. O ano passado deveria ter servido para mostrar que não podemos mais compactuar com os desmandos da FFERJ. É bom ganhar estadual, mas não se isso servir para sacrificar o restante da temporada que, aliás, será complicada. Afinal, a perspectiva é de… décimo lugar no Brasileiro e nenhum outro título (até no Carioca a previsão é chegar às finais). Infelizmente, tricolores, a não ser que um milagre aconteça, 2021 será mais um ano de mediocridade esportiva para o Fluminense. Novembro de 2022 nunca esteve tão distante, mas temos que continuar firmes e associados.

O Fluminense não pode ser só isso.
O Fluminense é maior do que isso.
O Fluminense é melhor do que isso.

Curtas:

– Marcão, já que a batata quente está na sua mão, cola aqui com o tio Aloisio: Marcos Felipe, Calegari (Dani Bolt entrando quando ele cansar ou quando quiser jogar Calegari pra volância), Luccas Claro, Nino e Danilo Barcelos (começando a substituí-lo por um dos laterais da base no decorrer dos jogos); Martinelli, Yago, Luiz Henrique (flutuando da ponta pro meio), Michel Araújo (flutuando da ponta pro meio; ele não é armador) e Ganso (recuando e avançando conforme o deslocamento dos pontas); Fred (pivô, último passe, bola aérea, finalização de fora). Seria a última chance do Ganso, e aí precisa já ter o plano B engatilhado. E ou será Miguel, ou será Wallace (sub-23) ou será Gabriel Teixeira (sub-23), mas precisa haver. O Fluminense tem que ter um armador de jogadas. Se jogar sem ele, vamos ver uma repetição da atuação sofrível contra o Sport. O “gol cagado” não pode ser nossa única virtude.

– Esquece essas porras de Caio Paulista e Felippe Mulamboso! Para as pontas, John Kennedy e Pacheco são os nomes quando os titulares estiverem mal. Nenê não tem mais lugar no time, nem em um esquema vencedor. Só vejo uma possível escalação dele como falso 9, fazendo o que Fred vem fazendo, mas de forma mais limitada. E ainda assim, subiria o Samuel Granada também pra nos dar uma outra opção.

– Certas coisas que tenho falado são ÓBVIAS. Em um time comprometido com as vitórias, os erros que continuam se repetindo não teriam lugar. A menos que certas agendas sejam mais importantes que as glórias a serem alcançadas. E é isso o que parece acontecer no FFC.

– Mesmo jogando um futebolzinho chinfrim, acho que dá pra vencer as próximas duas partidas. Meus palpites são Coritiba 0 x 1 Fluminense e Fluminense 2 x 1 Botafogo.

1 Comments

  1. O ANALISTA A UTILIZAR – SE DE ARSENAL FUNDADO NA MAIS QUE GENUÍNA LÓGICA DA RACIONALIDADE, NÃO CONTA COM A ESOTÉRICA E OCULTA AÇÃO E O EMPENHO D’UM GRAVATINHA A INTEFERIR AO MENOS QUANDO O TIME DÁ O AR DA GRAÇA E CONSTRÓI ALGO MAIS PRÓXIMO DO QUE SE PODERIA DENOMINAR, ENTÃO, PERIGO DE GOL. A PROVA INCONTESTE FÔRA O CENTRO DO CALEGARI ESCORADO POR CABEÇADA DO LUCCA PARA O CHÃO, E, INACREDITAVELMENTE NO IMPONDERÁVEL, TOCAR COMO NO BILHAR NO CALCANHAR DE AQUILES DO SPORT E SELAR A VITÓRIA ÚNICA E IRREPETÍVEL, TAL QUAL AQUELE GOL OLÍMPICO ANTE O INTER NO BEIRA RIO A POUCOS SEGUNDOS DE VIR A SER…

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