Horizonte 3 x 1 Fluminense (por Walace Cestari)

Munido de um generoso balde de pipocas, sentei-me diante da tevê para assistir ao jogo do Flu como quem se prepara para ver um bom filme. Assim como a sétima arte, o Tricolor das Laranjeiras também surpreende e proporciona diferentes emoções à plateia. Comédia, romance, drama ou terror? Ah, o Fluminense…

Assim que o apito inicial foi dado, o Flu foi ao ataque e quase marcou. Mas, como a vítima em um carro prestes a fugir do vilão, a equipe demora a pegar. Deixando muitos espaços, o time deixou o Horizonte tomar as rédeas do jogo, trocar passes e chegar ao primeiro gol, em uma falha de Gum, que não conseguiu cortar o cruzamento. O gol sofrido acordou o Fluminense que, logo depois, chegou ao empate com Conca.

Se Chiquinho apoiava bem, por outro ângulo abria uma verdadeira avenida na lateral esquerda. O Horizonte criou boas oportunidades e levou perigo à área do Flu. A partir dos trinta, o time acordou e pressionou o adversário como Don Corleone faria a seus inimigos. Mas o Flu não estava nem poderoso, nem chefão da partida. Fred, Conca, Walter criaram oportunidades claras que pararam na zaga, no goleiro e, em um lance incrível de nosso capitão, na trave. Um Walter inspirado distribuía passes e criava as melhores oportunidades. O jogo tornou-se aberto, com o Flu permitindo inúmeros e perigosos contra-ataques. O 1 x 1 do primeiro tempo não chegou a ser um anticlímax, mas fez a pipoca arranhar a garganta.

Depois do intervalo e a busca de uns chocolates (era hora de adoçar a vida…) veio o segundo tempo e, com ele, o amargo thriller de terror que temíamos. Diguinho deu lugar a Biro-Biro e Conca foi o mocinho que morreu antes da hora. Wagner, eterno coadjuvante, ganhava a oportunidade de fazer um bom papel. O Horizonte, roubando a cena, tocava a bola com personalidade, impondo seu futebol – sim é isso mesmo! – e, com total lucidez, chegou ao segundo gol aos dezoito minutos. O Fluminense parecia mesmo o protagonista assustado de um filme de terror. Gritos, correria e pouca efetividade.

Os fantasmas do passado assombravam a equipe tricolor, que já havia perdido na estreia da Copa do Brasil em outras ocasiões para o Sampaio Correia e para o Campinense. No pior estilo western, o Fluminense promoveu um ataque de índios: todos à frente e vamos que vamos. Fred perdeu gols que não costuma perder, Walter não achou sua oportunidade e Wagner… Como em uma comédia pastelão, nosso dublê de meio-campista caiu sentado na hora do chute. Tortas na cara. O garoto Kennedy, que também entrou no segundo tempo, completou o drama desperdiçando duas boas oportunidades.

O Horizonte tentava manter a posse de bola, segurava-se bem lá atrás e levava perigo nos contra-ataques. E, para provar que nem todo filme tem final feliz (pelo menos para nós), Jajá, no finalzinho aproveitou o contragolpe para desferir a punhalada fatal. 3 x1 e o Flu era um zumbi cinematográfico. Lento e sem cérebro, desnorteado pelos gols do adversário, o time pedia que os créditos subissem e terminasse com aquela agonia. No acender das luzes da sala cinematográfica, Elivélton nos livrou em cima da linha de um roteiro ainda pior.

O bonequinho deve ter desistido de assistir a todo este filme. Terror, comédia e drama. Nada digno de Oscar. Uma chanchada vergonhosa. Um filme B que deve deixar preocupados elenco, diretores e produtores. Se há de fazer-se uma boa continuação na exibição no Rio de Janeiro, esta deve ser encarada com muita seriedade. Caso contrário, a outra fase da Copa do Brasil não existirá. Adotemos o discurso do respeito, a faca nos dentes dos heróis de guerra em busca da vitória e a trilha sonora de Roberto Carlos: além do Horizonte, existe um lugar. E será nosso.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: PRA

2 Comments

  1. Gostaria de ver um filme violento para acordar esse bando de covardes. Pelo menos cobranças duras tem que ser feitas. Desconto nos salários de 20% por deficiência. Pergunta cruel: estão pagando em dia? E treinos de finalização e ultrapassagem na lateral direita, pois o Bruno precisa de ajuda. Treinar cobertura nas laterais, principalmente a esquerda. E correr sem cansar no meio do segundo tempo. Fazendo isso, melhora. ST

  2. Estive no estádio ontem e só digo três coisas:

    1) A espetacular torcida local não merecia o bando de ontem;

    2) Este time é a cara do seu treinador: arrogante, fanfarrão e insolente;

    3) Se não mudarmos meio time teremos que torcer para Flamengo e Portuguesa fazerem merda de novo.

    Abraços!

    Tô voltando!

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