Tricolores de sangue grená, o jogo de domingo passado é para ser esquecido completamente. O único ponto positivo, além da partida de número 400 do nosso Gum pelo Fluzão, foi o gol de Luciano, ainda que tenha sido irregular (como foi o terceiro dos paranaenses), pois deu confiança ao jogador e ao técnico para continuar a escalá-lo na posição de Pedro. Nossa joia, infelizmente, teve mesmo que operar o joelho e só volta ano que vem aos gramados. Por mais que seja algo a lamentar muito, o show tem que continuar. Ainda temos pela frente 13 rodadas no Brasileirão e a Copa Sul-Americana. E por falar na competição internacional, que jogo maravilhoso o de quinta-feira, meus amigos. Marcelo Oliveira finalmente acertou uma escalação com as peças que tinha e foi pra dentro do Deportivo Cuenca sem medo. Nosso grupo, cascudo com a altitude de Potosí, não sofreu tanto em Quito, e o Fluminense impôs o seu jogo de contra-ataques, no esquema 3-5-2. Deu bom!
Eu disse aqui que íamos para Quito e iríamos vencer lá. Desde que saímos classificados contra a LDU ano passado no Casablanca o fantasma já fora exorcizado. Everaldo foi premiado com um gol muito merecido por tudo o que vem fazendo, e por capricho não meteu um golaço. Ayrton Lucas voltou à velha forma como ala, demonstrando mais uma vez todo o talento que possui no esquema de jogo que, ressalte-se, teve mérito do Abel ao treiná-lo e desenvolvê-lo. Minhas críticas ao técnico multicampeão sempre foram pautadas na ausência de variação tática, é bom que se diga, pecado que Marcelo Oliveira não comete. Geralmente os erros dele têm sido na escalação do time, insistindo com Kayke, por exemplo. Neste jogo, não podendo escalar o bonde, pôs o Luciano. Resultado? Mais um gol do atacante. É muitíssimo importante que ele se firme como o substituto de Pedro e passe a integrar o comando de ataque ao lado do Everaldo. Ambos são o que temos de melhor hoje para a posição.
Porém, se na Copa Sul-Americana estamos indo de vento em popa, tendo construído uma ótima vantagem para o jogo da volta e encaminhado a classificação para as quartas-de-finais – em que pegaremos San Lorenzo ou Nacional do Uruguai, dois times tradicionalíssimos no continente –, não dá pra dizer o mesmo do Brasileirão. Ter perdido do Atlético-PR fora de casa não seria um resultado tão ruim se a rodada não tivesse sido igualmente péssima para nós. Se por um lado ainda estamos ali naquela zona de proximidade de um eventual G7, a apenas três pontos do Cruzeiro, sétimo colocado, as vitórias de Ceará, Chapecoense e Botafogo subiram o sarrafo da zona da degola para 27 pontos. E pode ficar pior, já que o Vasco tem um jogo a menos e, se vencer (ainda que seja improvável, pois pegará o Santos fora de casa), pode subir essa marca para 28 pontos. Ou seja, começou a ficar extremamente perigoso para qualquer um que esteja a menos de seis pontos de distância do 17º colocado.
O lado “bom” disso é que tem muita gente embolada do Cruzeiro pra baixo. A distância entre o time celeste e o primeiro time da zona de rebaixamento é de apenas sete pontos. Isso diz muito sobre a competição: é nivelada por baixo mesmo. Dessa maneira, para que o Fluminense eventualmente chegue a ocupar uma posição desesperadora, muita gente vai ter que começar a vencer para poder nos ultrapassar. É claro que bastarão duas ou três rodadas sem vitória para a ameaça aparecer, e é por isso que é imprescindível uma vitória sobre a Chapecoense amanhã na Arena Condá. É bom que se diga que eles são fortes pra cacete lá dentro. Bateram o Inter, o segundo colocado, na última rodada, jogando lá. Além disso, só perderam para o Palmeiras jogando em seus domínios. Apesar de só terem sofrido uma derrota dentro de casa, eu acredito que possam sofrer outra. Aliás, é uma necessidade se quisermos manter aquela média salvadora de uma vitória a cada duas rodadas.
Com esses três pontos essenciais, passamos a 34, nos afastamos do miolo inferior e ganhamos tranquilidade para a sequência, que vai ser dureza: Grêmio (casa), Paraná (casa), Flamengo (fora), Atlético-MG (casa) e Santos (fora). Até o fim do mês de outubro enfrentaremos três times ponteiros na competição, sendo dois deles em casa e o terceiro um clássico. Enfrentar o Santos na Vila também não será uma tarefa fácil, e o único desafogo possível precisa vir contra o Paraná, virtualmente rebaixado. Projeto que faremos entre 5 e 11 pontos nessas cinco partidas, o que nos deixaria com 39 ou 45 pontos na 32ª rodada. Se tudo ocorrer da pior maneira, faltarão poucos pontos para nos livrarmos de qualquer ameaça. E se tudo correr bem, possivelmente integraremos o G7 ao final desse período. Mas precisamos bater a Chape primeiro. É essencial que voltemos de Santa Catarina com uma vitória na bagagem. Teremos a semana inteira para nos prepararmos para o confronto com o Grêmio e o jogo da volta com o Deportivo Cuenca no Maracanã. É hora de acreditar!
Curtas:
– Grande atuação de Júlio César em Quito. Sabidamente não gosto do goleiro, mas é inegável seu bom aproveitamento recente, o que mostra que tem treinado com afinco para superar suas limitações. Tem experiência e é um guerreiro. Espero que continue mantendo o nível.
– Contra a Chapecoense eu manteria os três zagueiros. Eles estão numa situação muito mais desesperadora do que a nossa e vão tentar usar o fator casa para vencer a todo custo. Se nos defendermos bem e espetarmos os contra-ataques letais que deixam nossos adversários de cabelo em pé, dá pra vencer o bom goleiro Jandrei e impor uma derrota aos mandantes.
– Embora o jogo contra o Grêmio anteceda o compromisso do time gaúcho contra o Atlético Tucumán pela Libertadores, eu acho que não pouparão ninguém. O Grêmio abriu grande vantagem no jogo da ida e virá com força total ao Engenhão para arrancar pelo menos um empate com o Flu. Porém, o jogo é em casa e nossa obrigação é vencer.
– Palpites para as próximas partidas: Chapecoense 0 x 1 Fluminense; Fluminense 2 x 1 Grêmio.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Parabéns pela assertividade nos palpites, li novamente a coluna e creio que há uma razão nas suas contas. Melhor foi ver o time jogar bem, ainda que não seja nada vistoso, mas abandonamos aquela desorganização de outros jogos.
Caro Ricardo, obrigado pelo seu comentário. Você foi muito feliz no teor: estamos jogando com organização. E com organização, o que temos de técnica, embora não seja muito, sobressai. E vamos em frente! ST!