Hora de decisão na Copa do Brasil (por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, a festa da torcida na entrada do time em campo, com direito a mosaico e fumaça tricolor, somada à exibição do nosso eterno camisa 9 no jogo contra o Corinthians, foram realmente a verdadeira despedida. Ao fim da partida, algumas homenagens bem legais foram prestadas, mas que estarão voltadas ao documentário que certamente será feito sobre a carreira de Fred, se já não existir. Não ouvimos, da arquibancada, o hino tocado no piano, não ouvimos direito nem as palavras de Fred, nem de qualquer outro que discursou naquele momento. Foi bacana a volta olímpica de bicicleta, o ídolo nos braços da torcida e os pés dele eternizados na calçada da fama, mas acho que não há dúvida de que podia ser um pouco melhor, um pouco mais organizado.

De todo modo, já foi. E se o time não fez a partida brilhante de outros jogos, também não deixou a eficiência de lado. Dois a um ficou de bom tamanho contra a aguerrida equipe do Ceará, que não merece o lugar atual na tabela. E o Fluminense, a três pontos do líder, segundo a Flapress começa a se consolidar na briga pelo… G4. O rival, com seis pontos a menos, briga pelo título. E assim, caminhamos. Deixem que briguem, que falem, que nos desmereçam. O Fluminense joga hoje o melhor futebol do Brasil, sem a menor sombra de dúvidas, e é candidatíssimo a levar o penta. Não será fácil, é claro. Os principais concorrentes são Palmeiras e Galo que, assim que desafogarem das outras competições e começarem a focar no Brasileiro, serão páreo duro. Apesar da posição, não acredito muito no Corinthians – ainda.

Faltando poucos dias para o aniversário de 120 anos do Fluminense, teremos que nos concentrar na decisão das oitavas da Copa do Brasil nessa terça contra o Cruzeiro. Como falei recentemente no podcast do Panorama News, é difícil imaginar que, jogando este futebol que temos apresentado, o Flu não confirme a classificação para as quartas. Porém, sabemos que nos futebol qualquer coisa pode acontecer durante os 90 minutos, e cabe ao Flu confirmar seu favoritismo e não dar sopa para o azar. Por sorte, vamos com o time completo, e essa equipe tem não apenas jogado muito, mas sido também bastante eficiente. Temos Cano, o artilheiro do Brasil, em fase deslumbrante, uma defesa sólida, um meio de campo compacto, brigador e talentoso e laterais que estão começando a passar alguma confiança.

Ainda temos problemas na lateral esquerda e no gol. Caio, a despeito de ser voluntarioso e muito tricolor, sem sombra de dúvidas, ainda é o elo frágil da corrente. Está se desenvolvendo na posição e tem tido boas atuações, mas não dá pra fechar os olhos e confiar 100% nele. É o caso de Fábio, para muitos o melhor goleiro do Brasil. É indubitável que ele é um goleiro de muita qualidade, mas tem 41 anos. Ninguém duvidava da qualidade de Frederico, por exemplo, mas ele já tinha 38, e era visível que não aguentaria uma sequência de partidas, nem mesmo sendo opção no banco. Contra o Ceará, Fábio fez uma excelente defesa e uma excelente reposição. As outras defesas foram todas de bolas que vieram em cima dele. Tem estrela. Tem sorte. Mas isso pode não ser o suficiente. Contra o mesmo Cruzeiro, no Maracanã, Fábio teve atuação desastrosa. Demos sorte de termos tomado apenas um gol.

Mesmo com esses dois “poréns”, tem sido o suficiente por enquanto no Brasileirão. Ainda não estamos na liderança, mas ela é considerada cada dia mais possível. Todavia, a concorrência é maior. Na Copa do Brasil, bastam duas boas partidas por confronto para ficar mais perto da taça. Mais sete jogos e podemos ser campeões nacionais e voltar à Libertadores. A premiação também é excelente. O Fluminense hoje joga pra vencer qualquer adversário, qualquer time do Brasil mesmo. Não podemos temer ninguém. Mas para sermos vitoriosos no mata-mata, não podemos derrapar. Os confrontos são acirrados e qualquer erro pode defini-los. Não vai dar pra entregar bola no pé do atacante adversário, se colocar mal em chute de fora da área ou fazer golpe de vista e, principalmente, ficar estático debaixo das traves em jogadas de escanteio. Fábio foi contratado para “resolver na hora do vamos ver” porque Marcos Felipe, segundo muitos, “amarelava”. Então, nada mais justo que cobrar que ele faça isso agora, mesmo que seja contra o ex-clube onde jogou a carreira inteira. Estarei de olho.

Curtas:

– Começa agora uma série de jogos fora de casa para realmente testar a regularidade da equipe de Diniz. Após o confronto contra o Cruzeiro no Mineirão, pegaremos o São Paulo no Morumbi, o Goiás na Serrinha e, fechando o primeiro turno, o Bragantino no… Raulino de Oliveira. Como o Maracanã teve que fechar para descansar o gramado e os outros dois times do Rio que poderiam ceder seus estádios têm gente babaca em suas administrações, vamos para Volta Redonda.

– E essas contratações que fizemos, hein? Alan e Marrony, além do retorno de Michel Araújo, o que pensar? Alan é um ótimo jogador, mas jogou muito tempo na China, um mercado sem muita exigência futebolística. Marrony, então, nem jogou direito depois de ir pra Dinamarca, outro mercado bem secundário. Já Michel Araújo conhecemos bem, mas passou um tempo em “terra de cego” futebolística. Os três vêm de centros mais fracos de futebol, e no Brasil serão mais exigidos. O lado bom é que já jogaram aqui, então meio que sabem o que esperar.

– Alexandre Jesus, cara. Por quê?

– Palpites para as próximas partidas: Cruzeiro 0 x 2 Fluminense; São Paulo 1 x 3 Fluminense.

2 Comments

  1. Amigo Senra, sou da minoria que, se pudesse opinar, defenderia a titularidade Marcos Felipe. Não concordo que ele amarelou, falhou em algumas vezes, mas nos salvou em inúmeras outras. E penso que, se for feito um exame honesto, não falhou bizonhamente como o Fabio, na libertadores e contra o galo mineiro, e rodagem só se adquire atuando. Sinto mais firmeza no garoto de xerém. Saudações tricolores…

    1. Salve, Xavier.

      Também não concordo com essa tese de que ele “amarelou”, inclusive vi aumentarem demais as supostas falhas dele na Libertadores 2021. Quando falei disso no texto, reproduzi o que ouço a torcida dizer. Forte abraço e ST!

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