Garcez merece respeito (por Paulo-Roberto Andel)

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Senhores da verdade, juízes das redes sociais, cavaleiros da ordem e dos bons costumes, “Jeneraiz” da banda, revolucionários reacionários, voluntários da pátria e mais uma dezena de personagens típicos do non sense. Formado o exército da OIMCABRU – Ordem Imperial Narumbleiguer de Caça às Bruxas -, contra o mais novo culpado por esse desastre intitulado campanha do Fluminense: o escritor João Marcelo Garcez, ex-colunista do PANORAMA.

Confesso que o que vi e li neste domingo contra o colega em nada me surpreendeu: as redes sociais são um inesgotável manancial de covardias praticadas por quem tem a segurança de estar por trás de um computador. Afinal, há poucos meses, sofri calvário parecido em menor escala por ter cometido o “crime” de ter escrito o primeiro livro publicado no país que celebrava o ano tricolor de 2012. Vagabundo, mamador das tetas do Fluminense, aparece às custas do clube, explorador das três cores. Um festival de sandices que, olhando agora, dá até vontade de rir: escrevo por hobby, meus livros têm tiragens baixíssimas e independentes, biscoito para poucos. De graça, neste PANORAMA, já escrevi cerca de 1.400 páginas. Meu nome foi até malversado nas páginas do esgoto jornalístico que é a ex-revista Veja, o que considero uma grande vitória pessoal. Tem livro meu, esgotado, cujos direitos autorais não pagaram uma tarde de compras na Fnac. Livros e discos, claro.

O “crime” de Garcez foi ter publicado e removido uma suposta notícia que foi desmentida velozmente pelo clube. Uma evolução se pensarmos na morosidade 2013-2014, quando o mundo caía em cima das cabeças da torcida, o Estado-Maior Tricolor era marcado por uma impressionante mudez e, dentre os valorosos soldados de guerra que defenderam a instituição de peito aberto, lá estava… Garcez! Ou alguém esqueceu do livro “Pagar o quê?”, que inclusive valeu aos coautores a diplomação de torcedores ilustres do Fluminense em 2014, tendo em vista os serviços literários prestados em defesa do clube?

Há anos, Garcez tem sido um dos maiores defensores do Fluminense, escrevendo centenas de colunas em seu blog premiado nacionalmente, publicando diversos livros dentre os maiores da bibliografia de Álvaro Chaves, levando informação e cultura a tricolores de todo o Brasil e do exterior. Pai de bela família, trabalhador incansável, concilia sua jornada profissional com o ofício de escritor. Um brilhante profissional com vasta experiência. Merece todo respeito e valorização.

Não entro aqui no perigoso mérito da verdade contra a mentira, nem do bem contra o mal. No Fluminense de hoje, toda verdade tem três ou quatro versões, às vezes todas fajutas. As trapalhadas estão bastante visíveis dia após dia, de modo que a missão de agora é fugir do Z4. O fato é que jogar a culpa do momento tricolor em cima de qualquer um dos blogueiros, que enaltecem e escrevem o livro dos dias do clube, por terem escrito o que quer que seja, é desviar o foco, é uma covardia que deve ser rechaçada por qualquer tricolor de bem – ou ao menos os “verdadeiros”, numa expressão tão valorizada pelo mandatário vigente nas Laranjeiras. Reparem nas coisas do futebol: semana passada mesmo, segundo declaração do VP do clube, o treinador Enderson Moreira estava assegurado até o fim do ano. Vinte e quatro horas depois, o desemprego bateu à porta. Neste maravilhoso esporte, a única certeza é a incerteza.

E aqui covarde não tem vez: havendo qualquer problema comigo, é só me encontrar pessoalmente para ver no que dá. Tem muito machão de Facebook e Twitter que vira purpurina ao primeiro esbarrão na calçada. E reitero: esta coluna não está disponível para aluguel, nem estará. Um homem de bem não negocia suas palavras.

Algum blogueiro contratou Drubscky, Enderson, Marlone, Renato, Antonio Carlos, Victor Oliveira, Guilherme Narumbleiguer e companhia limitada?

Os Srs. Francis Melo e Eduardo Uram respondem por algum blog tricolor?

Algum blogueiro entrou em campo e foi responsável pela penca de derrotas do Flu no pavoroso segundo turno deste Brasileiro? Ou deu instruções à beira do gramado? Ou é pago para escrever a favor ou contra a gestão? Aos acusadores, o ônus da prova.

Encerro estas linhas me solidarizando com o brilhante trabalho feito por Garcez em seu blog e nesta casa, além de todos os escritores de livros sobre o Fluminense – alguns dos melhores são moradores deste condomínio virtual, felizmente -, tanto os do clube quanto das editoras em geral. Queiram ou não, nós somos a história da literatura tricolor. A quem ofende por rancor ou despeito, é melhor aceitar que dói menos.

Um dia a lucidez vai voltar a ser a marca primordial de toda a torcida do Fluminense. Por enquanto, fica com uma maioria racional – a que, por ora, concentra suas forças contra um maldito rebaixamento, sem desviar o foco nem apontar inocentes para justificar fracassos.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: exulla

lançamento o fluminense que eu vivi o sabor do queijo

9 Comments

  1. Eu até acho que ele possa ter se precipitado e lançado uma notícia sem comprovação, embora possivelmente verdadeira. Tanto é que ele a retirou, embora possa ter sido por considerá-la danosa ao clube.

    Eu o conheci na tarde de autógrafos do livro “Pagar o que?” na livraria Blobk(ou Blobs) na Praia de Botafogo. Acredito que ele tenha errado, mas sem intenção outra que não informar, só achei difícil de engolir que ele queria o R10 como titular. Ali seria para desistir de contratá-lo.

    1. Andel: Caro Fernando, grato pela visita. se o clube realmente se procupasse com as notícias danosas a ele, deveria dirigir seus esforços à FlaPress e não à FluPress. Só o que esses sujeitos fizeram contra o Fluminense já seria suficiente para 500 ações judiciais. Provavelmente aqueles dias de chumbo levaram pessoas como você à Livraria Blooks. Enquanto isso, pessoas como o Garcez são (orquestradamente) apedrejadas e eu, processado. Abraçaço.

  2. Estou contigo Andel!

    O Garcez é um Homem de grande caráter, dignidade e respeito. Não o conheço pessoalmente e nem é preciso para constatar isto.

    Acompanho o blog do Garcez há dois anos e nunca o vi ser alvo de tantos ataques assim. Também pudera né? Mexeu com o verdadeiro dono do clube…

    Em seu blog surgiram figuras que nunca vi por lá, o atacando e defendendo o dito cujo como se você quase como um ser divíno hahaha…

    Um dia ainda verei o clube que amo se livrar desta…

  3. Prezado Paulo,

    Acompanho os mais diversos blogs do Fluminense (os mais importantes eu diria que leio todos) e não percebi nenhuma carga contra o Garcez pelo que foi escrito e posteriormente retirado por ele. Muito pelo contrario, 99% das pessoas falam que o respeitam, por ser um cara centrado, sempre colocando o Fluminense na frente de qualquer interesse outro que não seja nosso clube.

    ST

    1. O texto não se refere a ataques de blogueiros, nem de leitores nos comentários, mas de uma enxurrada nas redes sociais. ST.

  4. Garcez tem todas as credenciais de um cara idôneo e correto,sem contar que conta com a chancela de muita gente amiga que é apaixonada pelo Flu e acima de qualquer suspeita.
    Tenho pra mim que entre acreditar em Garcez e na direção tricolor,é mais inteligente e lúcido ficar com a primeira alternativa.

  5. Parabéns pela defesa e pelas palavras! Mas Roberto, do jeito q as coisas caminham, Garcez não poderia ter sido usado? Fonte poderia ter usado ele como ferramenta para incendiar mais o clima no laranjal? Da mesma forma como os protestestos dessa semana pareceram ter sido armados?

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