Frida (por Marcus Vinicius Caldeira)

CALDEIRA VERDE

“Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar”.

Chamava-se Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderó e se tornou o mito Frida Kahlo. Nascida em 1907, nos arredores da Cidade do México, Frida é considerada uma das maiores pintoras de todos os tempos. Suas obras retratavam todo o seu sofrimento em vida. E não foi pouco.

Quando jovem teve uma poliomielite que afetou seus pés. Mas o pior ainda estava por vir. Aos dezoito anos, sofreu um acidente terrível num choque do motorizado em que se encontrava, acidente esse que por pouco não a levou à morte, que a deixou entrevada por meses numa cama, com sequelas físicas e psicológicas por toda a vida.

Um sofrimento só.

Nesse período em que ficou acamada, ganhou aquarelas e instrumentos de pintura de seu pai (que era pintor nas horas vagas) e começou os seus quadros.

“Diego, houve dois grandes acidentes na minha vida: o bonde e você. Você sem dúvida foi o pior deles”.

Passados dois anos do seu acidente, conseguiu recuperar a mobilidade e foi atrás de Diego Rivera grande muralista mexicano da época, para mostrar-lhe os seus quadros e ouvir a opinião do artista. Rivera ficou encantado com a obra e passou a levar Frida para seu círculo de amizade. E logo se apaixonaram.

Dois libertários, ele mulherengo inveterado e ela, com todo o sofrimento físico que carregava, uma cabeça cheia de ideias e bissexual.

Uma vida de amor e ódio. Tumultos. Brigas. Bebedeiras. Idas e vindas. Um espetáculo de intensidade.

Diego Rivera era comunista de carteirinha e militante. E levou Frida para o ativismo político embora esta já conhecesse Marx, Engels e a revolução russa ecoava por todo mundo. Nessa época, Stalin já começara a deterioração da revolução. Imagine o casal: libertários, ele mulherengo, ela bissexual e, ainda por cima, comunistas. Sonho de consumo.

Já separado, o casal abrigou Leon Trotski (um dos líderes da revolução russa) em sua casa, quando este fugia de Stalin (que queria sua cabeça). O stalinismo era assim: matava quem pensasse ao contrário. A lista de Stalin chegava a ter 10.000 nomes em alguns dias. Stalin matou uma das mais belas revoluções do planeta. Mas isso não vem ao caso.

E Frida e Trostki tiveram um caso digno das revistas de fofoca demodé dos dias atuais. Logo em seguida, Trotski morreria assassinado no México por um cupincha de Stalin.

“Eu sou a desintegração”.

Frida passou a vida toda com dores que a atormentavam, dificuldades de locomoção, doenças, remédios, um sofrimento só. Mas fez do seu sofrimento um combustível para viver intensamente e para sua arte.

Apesar de toda a vida com o genial artista Diego Rivera, foi o escritor e poeta surrealista André Breton que classificou a obra de Frida como surrealista e deu um empuxo à carreira artística da pintora.

A partir desse contato sua obra ganhou mundo: Nova York, Paris e em 1953 teve seu sonho de ver sua obra exposta na Cidade do México, realizada, antes de morrer em 1954.

“Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”.

Uma vida de sofrimento, de alegria, de amor, de intensidade, de arte, de bebedeira, de sexo, de luta política, de luta pela vida, de poesia, de dor, de choro, enfim, a vida em sua plenitude.

Uma mulher à frente do seu tempo, como poucas.

Para nossa alegria, parte de seu acervo – junto ao de outros artistas surrealistas – está à mostra no Centro Cultural da Caixa até o dia 27 de março na exposição ““Frida Kahlo: conexões entre mulheres surrealistas no México”.

Absolutamente imperdível.

Ah, e não deixem de assistir o filme Frida de Julie Taymor com a belíssima Salma Hayek como Frida.

Perdoem-me por não falar de Fluminense e futebol.

Se é para falar deste sofrimento todo por conta do Cuca, que inventa história porque não quer abrir mão de 5 milhões da China, prefiro falar do sofrimento e da vida de Frida.

Frida eterna.

Pode chegar, Levir.

Saco cheio dessa história toda em relação ao Cuca.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @mvinicaldeira

Imagem: mvc/pra

3 Comments

  1. Bom dia!
    Sou sua fã, realmente imperdível a exposição. Já fui 2 vezes e estou agendando com amigos que ainda não foram para acompanha-los. Mudando de assunto… só quero o meu Fluminense competitivo e com um padrão de jogo, é pedir demais? que venha qualquer técnico e faça isso!
    ST!

  2. Gostei!
    Também acho o Cuca um chato. Melhor conhecer personagens como a Frida.

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