Fluminense: tudo ou nada (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, sou tricolor de coração, sou do clube tantas vezes campeão. E acabam por aí as semelhanças do nosso hino com o que o Fluminense se tornou hoje. Não mais nos fascina pela sua disciplina, pois o clube é uma zona. O domínio aos poucos esmorece, e passamos a preferir ficar em casa em boa parte dos jogos a ir ao estádio. O amor que temos ao nosso Tricolor diminui sem que sintamos e a apatia toma o seu lugar. Nossas três cores que sempre traduziram tradição desbotam diante do momento vivido pelo gigante Fluminense: não temos paz há um bom tempo, a esperança está por um fio e o vigor… que vigor? Esportivo, financeiro, técnico… não se encontra vigor em parte alguma. O Fluminense de hoje não é unido, tampouco forte, e cada vez menos valoriza o esporte. É um balcão de negociatas espúrias, com cada dirigente visando apenas seu interesse, com oposição e situação numa briga eterna que não agrega nada ao clube, e os resultados em campo mostram a nossa falta de força.

O Fluminense, que não vence há um longo tempo, carrega um verde-mofo do desespero. Esperamos um gol há oito partidas e ainda não o alcançamos. O orgulho de glórias e vitórias mil feneceu com os vexames e derrotas mil. O sangue do encarnado ficou só para a torcida mesmo, que ainda consegue erguer um mosaico para o pior time da história do Fluminense pedindo que, pelo menos, lutem até o fim, com amor e com vigor, para que possamos vibrar com a emoção da permanência na primeira divisão, pois foi o que nos restou. O caos substituiu a paz e a harmonia, e o branco de nosso pavilhão anda cada vez mais encardido. De fidalguia em fidalguia, somos feitos de otários pela mídia, pelos bastidores, pelos empresários, pelos jogadores e, claro, pelos próprios dirigentes. O sol da manhã e a luz do refletor agora nos ofuscam, pois estamos presos à sombra de nossa incompetência. O Tricolor precisa, e muito, ser salvo!

Não é de hoje, é claro, que esse processo ocorre. Começou há muito tempo, passou por Horcades, Peter… e agora desemboca no Abad. Talvez as críticas sejam exageradas e o Abad não seja o pior presidente da história do Fluminense – mas ele faz uma força incrível para ser. Esconde-se quando não devia, aparece na hora errada, fala na hora errada, toma decisões arbitrárias, deu uma banana para a sua base de apoio por diversas vezes (erro que o Peter também cometia) e, principalmente, está em seu cargo no meio de uma crise absurda. Nas eras Horcades e Peter havia a Unimed para tapar o sol com a peneira. Vieram os títulos, os timaços, as campanhas inesquecíveis, os ídolos. Agora que não temos mais nada disso, a incompetência não consegue ficar em segundo plano. O ano de 2019 não pode começar com Abad e com Marcelo Oliveira. Um já foi, falta o outro. Para que tenhamos um mínimo de esperança, é imperativo que pelo menos isso mude. E nada de vice turista assumir. Abad e sua turma precisam renunciar.

O jogo deste domingo é o tudo ou nada. Ano que vem não tem mais a cota igualitária para quem cair para a Série B. Ou seja, os rebaixados estarão entregues à própria sorte, basicamente. O Fluminense joga por um empate. Não precisa nem fazer gols, basta não tomar. Se fosse um time sério, jogaria por uma vitória para chegar a 45 pontos e possivelmente carimbar uma vaga para a Copa Sul-Americana do ano que vem. Mas pela esculhambação que já aconteceu até agora, fica até difícil crer nisso. Se não fizerem o mínimo, teremos que depender da sorte, e não sei se os deuses do futebol serão gentis. Se tudo der mais errado do que já deu, olharemos para os demais. A Chapecoense enfrenta o São Paulo em casa. Se ela não vencer, nos salvamos. O Vasco pega o Ceará fora de casa. Se ele perder, nos salvamos. Essas são as contas. E será ridículo, risível, absurdo, se tivermos que depender desses dois jogos. Joguem, seus desgraçados. Joguem para fugir do vexame de suas vidas. Joguem como se nada mais lhes restasse! É tudo ou nada!

Curtas:

– Fábio Moreno, espero que você tenha elogiado o Júnior Dutra só pra não ficar mal na fita durante a entrevista. Se você ousar escalar essa tranqueira mais uma vez, pode ter certeza que a torcida não vai esquecer!

– A barca para 2019 deveria ser grande, mas falarei dela na próxima coluna.

– Júlio César, Igor Julião, Gum, Digão, Frazan e Ayrton Lucas; Richard, Jadson e Sornoza; Luciano e Everaldo. Esse é o time, não temos o que fazer, tem que ser escalado dessa maneira.

– Chega de Paulo Ricardo também, pelamordedeus!

– Palpite para a rodada final: Fluminense 1 x 0 América-MG. Série B nunca mais!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

2 Comments

  1. Cara vc falou tudo q o torcedor quer desabafar.
    Texto sensacional
    Parabéns
    Saudações Tricolores

    1. Querido Cláudio, obrigado pelo carinho. Felizmente nos mantivemos no nosso lugar de direito. Que 2019 mude tudo pra melhor! ST!

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