Fluminense, Galeano e o porvir (por Marcus Vinicius Caldeira)

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Tricolores,

Sábado tivemos uma grande alegria: a vitória do nosso Fluminense sobre o Botafogo pelo primeiro jogo das semifinais do campeonato carioca, revertendo a vantagem do empate a nosso favor. O resultado foi tão bom que, se perdermos por um gol de diferença, vamos aos pênaltis.

Foi uma vitória justa, do time que jogou melhor boa parte do tempo e que podia até ter chegado ao três a zero, se o Marlone não tivesse desperdiçado duas grandes oportunidades claras de gol. Podíamos ter não ter tomado o gol se nossa zaga não desse tanto mole como tem dado nesse 2015 (urge corrigir isso). Mas o resultado foi bom e justo, até porque o Botafogo correu atrás do prejuízo e teve seu mérito para buscar a redução.

O time foi mais consistente do que nos últimos jogos. Não vi as brechas no meio campo que estavam ocorrendo e nem a insistente linha burra. Fred foi o mortal e carrasco botafoguense de sempre. Vinicius jogou bem e quando Wagner entrou (começou no banco) também jogou muito bem. E olha que ainda entramos sem Marlon, Wellington Silva e Kenedy.

Foi um sábado de alegria que terminou com a comemoração com minha esposa e um amigo querido pelos bares e roda de samba do Boulevard 28 de Setembro, no nosso querido bairro de Noel – a Vila.

Não obstante esta felicidade de sábado, ontem foi um dia triste para mim e toda a esquerda latino-americana. Morreu o genial jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano. Uma inteligência a serviço dos oprimidos do mundo. Seu extraordinário livro “As veias Abertas da América Latina” transformou o então adolescente de 16 anos num homem de esquerda que até hoje entende que a justiça social tem que estar sempre acima do lucro. Nunca mas fui o mesmo depois desse livro.

E o intelectual gostava de futebol. E escreveu sobre futebol como lembrou o fantástico amigo Andel. Já estou de posse de “Futebol ao sol e à sombra” do escritor para ler. Galeano emendou: “Futebol é a única religião que não possui ateus”. Perfeito.

Em tempos no Brasil em que alguns aloprados pedem a volta da ditadura militar, não custa lembrar o que Galeano falou sobre o período brutal da ditadura em seu país: “as pessoas estavam na cadeia para que os presos pudessem ser livres”.

O capítulo sobre Potosí (em “As Veias Abertas da América Latina”), cidade na Bolívia rica em prata (foi a maior produtora de prata do mundo no século XVII), depois espoliada e dizimada pelos espanhóis é simplesmente de chorar. Lembro-me até hoje que chorei pensando no povo que ficou pobre e no país dizimado pelos colonizadores.

O mundo ficou mais burro ontem, menos humano e mais triste. Por um momento olhei ao fundo e pensei: “Que merda, Galeano se foi”! E o sentimento é este mesmo. O que alenta é que a imortalidade de sua obra e espírito ficarão no coração de todos que entendem que todos os seres humanos são iguais e devem ter as mesmas oportunidades.

Porém, se neste dia, a tristeza se abateu em meu ser por conta da morte de Eduardo Galeano, recebi uma notícia maravilhosa que infelizmente não poderei compartilhar agora. Absolutamente fantástica.

Viva o Fluminense, a gênese do futebol carioca e o clube mais amado do Brasil.

Salve Eduardo Galeano e a esquerda latino-americana. Galeano, assim como o Fluminense, será eterno.

Salve o porvir.

A vida é uma dádiva.

Como diria um poeta latino americano: “Gracias a la vida que me ha dado tanto…”

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @mvinicaldeira

Imagem: eg/lpm

#SejasóciodoFlu

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2 Comments

  1. Viva Galeano! Galeano viverá em todos os adolescentes que já o leram e que, por isso, continuarão adolescentes, cheios de esperança, senso crítico e com sede de justiça social.

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