Fluminense 4 x 0 Corinthians (por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, há quatorze anos, nesse exato dia 2 de julho em que ocorreu a vitória mais recente do Fluminense, ocorria talvez a derrota mais dolorosa de nossa história. Claro, tivemos momentos mais sofridos, campanhas mais terríveis, triênios mais desastrosos. Mas um jogo, uma partida, uma ocasião… é possível que nenhuma supere a de 2 de julho de 2008. E só de falar o ano, eu não preciso dizer mais nada, acredito. Antes que você comece a me xingar por lembrar disso, deixe-me explicar o meu intento.

Há exatos quatorze anos eu não chorava no Maracanã. E nem digo que chorei no dia 2 de julho em si daquele ano terrível, porque fiquei sem reação, estático. Havia chorado de emoção na partida anterior, contra o Boca Juniors. E foi a última vez. Sim, o Fluminense já tivera conquistas após esse evento, e comemorei cada uma delas, mas ir às lágrimas, jamais. Talvez porque a ferida que me tirou essa emoção jamais houvesse cicatrizado, e não sei se um dia irá, mas na noite deste último sábado, a data do dia 2 de julho finalmente foi exorcizada em meu coração, ganhando um novo significado.

Muitos poderão dizer que essa vitória de goleada sobre o Corinthians por 4 a 0 foi apenas uma partida válida pela décima-quinta rodada do Campeonato Brasileiro de 2022, que o time paulista vinha com garotos e reservas, pois poupou sua equipe principal para uma partida decisiva por outra competição. Isso seria analisar com objetividade. E, como diria Nelson, às favas com a objetividade. Quem esteve dentro do estádio, não importando em qual setor, mesmo que compusesse a torcida adversária, presenciou uma pulsação incrível quando Fred fez aquela finalização maravilhosa, que só ele sabe fazer.

Tudo o que veio a seguir, desde a corrida desenfreada do artilheiro em direção aos seus companheiros e ao escudo do Fluminense, indo depois à torcida, até seu choro emocionado e a choradeira geral que se seguiu nas arquibancadas, foi quase como um filme, como se houvesse uma encenação, e todos ali fossem atores e atrizes seguindo um roteiro estipulado. Mas foi apenas a mágica da vida. Foi a percepção de que um grande atleta, maior ídolo do Fluminense no século XXI, está prestes a deixar os campos e, mesmo em seu ocaso, ele ainda consegue encantar e mexer com todos nós.

Está acabando, Fred. E que bom que esteja. Nada dura para sempre, e é ótimo que seja assim. A efemeridade de todas as coisas é que nos permite atribuir valor a elas. E toda a sua carreira merece ser exaltada, do início ao fim. Mas, para você, o que acabei de falar acima não valerá. É assim com os grandes, com os maiores. Seu nome permanecerá perene enquanto o Fluminense existir. E, como temos a vocação para a eternidade, você também a terá. Castilho, Washington, Assis, Ézio e… você, além de tantos outros que não caberiam na minha coluna, mas que cabem nos corações tricolores.

Obrigado, Frederico. Você não é o meu maior ídolo, mas eu chorei nesse sábado. Chorei porque respiro Fluminense, assim como você. Chorei porque prefiro lembrar dos próximos 2 de Julhos como aniversários desse jogo, desse gol, dessa noite. Os três pontos conquistados podem nos valer o penta, ou quem sabe até o gol que você fez possa desempatar o saldo na última rodada e nos dar o título… quem sabe? E olha que essa nem foi a sua despedida, né? Sábado que vem tem mais.

Curtas:

– Manwell, que foi pro céu, melhor zagueiro do elenco.

– Que ano do Germán Cano.

– Como é bom esse tal de Jhon.

– O que agora diz o hater do Diniz?

– Será que ainda há ranço com o Ganso?

– André, o melhor volante sul-americano ele é.

– Nonato e Martinelli, as duas opções que faltavam para azeitar o time. Samuel Xavier e Nino jogando o fino. E nesse time do Diniz, que joga por mágica, até o cabeça-de-bagre do Caio Paulista consegue cumprir alguma função tática.

– E não, não falei de Fábio. Vou me calar por enquanto, é mais sábio.

– Palpite para a despedida de Dom Fredón? Fluminense 3 x 0 Ceará, com o gol 200 dele.

3 Comments

  1. Também vi, ao longo dos meus 63 anos, craques e cracaços, mas com certeza o Frederico tem seu lugar ao lado deles!

    Viva Fred Etern9!!!!!!

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