Fluminense 2 x 1 Friburguense (por Paulo-Roberto Andel)

neném flu 01 02 2015 vr

DUAS da manhã desta segunda-feira, a turma de jovens canta alegremente na rua perto da Valadares. Na cozinha, o prazer de um rápido e salvador talharim com molho de tomate e queijo ralado. Marina dorme, dorme no quinto sono. Banho tomado, missão cumprida depois de 300 quilômetros, suspense na Linha Vermelha, o silêncio lúgubre da Leopoldina e o Sambódromo tomado como se fosse uma grande decisão no Maracanã por conta dos ensaios das escolas de samba.

Como explicar tantas horas fora de casa?

Amor, aquele que não se compra nem está à venda, transformando linearmente ídolos em mercenários ou vilões em rapazes canonizados conforme as CNTP – quem se lembra? -, na descida vertiginosa dos infernos aos céus e réplica. Amor de ver o time, vibrar, namorar de perto. Isso explica viajar até o meio da Dutra e prestigiar a equipe, mesmo com a Federassauro fazendo tudo para destruir o campeonato no qual lucra financeiramente, algo só explicável se outros interesses alheios ao do futebol do Rio estiverem sendo contemplados.

Finalmente acabou a maldição intitulada pré-temporada (antigamente era só o período de treinamentos). O Tricolor não acabou, não morreu, o plano de implosão celsista ficou sem efeito. O fim de faniquitos, discussões estúpidas para se determinar quem deve ser ídolo ou não, ismos tediosos e até patéticos, recalcados vociferadores do Facebook gritando para ninguém por cinco minutos de fama, esgarçados covers de Beto Meyer, ufa. O TV Fama das redações coléricas. Quando a situação e a oposição do Fluminense entenderem que todos são tricolores e que o belicismo oco das correntes atrasou o clube em pelo menos 30 anos (ou aprenderem com o governo Schwartz), então teremos dado um grande passo. Quem não dialoga tem a vocação fulgurante do fracasso de sua liderança, seja quem for. Uma perda de tempo enorme neste mundo onde qualquer infartozinho faz desaparecer, o cemitério cheio dos restos podres de grandes gênios vaidosos que sabem tudo sobre futebol – mas absolutamente nada sobre o que é a vida. A diferença entre um homem e uma besta está na capacidade de construir ou destruir. Enquanto isso, os sites e blogs tricolores seguem trabalhando pelo impossível – e se não o fosse, não seria em três cores.

Exilado em Volta Redonda – o Raulino IMUNDO, vão jogar a culpa na crise hídrica – por decisão stalinista de Caixinha D’água, coronel da Federassauro, o Fluminense venceu bem o Friburguense por 2 x 1 na estreia do Carioca 2015. Um bom começo para um time de jovens, todos muito dispostos, aliás. New blood nas Laranjeiras. Dos veteranos, ninguém comprometeu nem brilhou. Ficaram entre a burocracia e certa eficiência. Na preliminar, fomos demolidores – alguém se preocupou caso o placar chegasse a 10 gols na telinha do estádio, ficou apenas em 8.

Cheio de gás para uma nova temporada, o Flu fez 2 x 0 até com certa facilidade em cima do portentoso serrano, sempre carregando bandeiras importantes. Friburgo até hoje chora seus mortos no desastre das chuvas. Na parte boa, os eternos Cadão, Sérgio Gomes e Ziquinha. Gente batalhadora que vem de longe. Lembrei do velho Jorge Nunes e ri. Um futebol mais divertido e menos sisudo.

Vinicius fez o primeiro e foi bem no jogo. Fred bateu o pênalti. Houve outros lances, todos invertidos para que Caixinha d’água não se sentisse contrariado – e é claro que o Fluminense ainda será muito prejudicado neste campeonato, o recado de Macaé foi evidente. Podia ter sido um placar maior para os 45 minutos iniciais. No segundo tempo, o jogo foi mais brigado, o Friburguense teve suas chances, descontou, não assustou, o Flu chutou várias bolas longe com Marlone. De ruim, essa insistência caprina em se escalar Walter com Fred em qualquer momento, até o dia em que será diplomada como a burrice do século.

A destacar, mais uma boa participação do Renato. Enquanto jogou, foi excelente opção e constrangeu as viúvas de Bruno – o ex-lateral, enquanto o Vargas Costa está nas águas do Carnaval. Vinícius teve boa movimentação. Quando o Lucas emplacar na frente, será utilíssimo. Gostei do Edson no meio, chamando o jogo. Claro que Conca fará falta, resta esperar o ajuste da equipe. Wagner vacilou, é o começo, mas tem crédito do ano passado, apesar das besteiras ditas.

Ainda é cedo demais para se julgar qualquer coisa, mas é difícil imaginar esse novo time andando contra Horizonte, América de Natal ou Chapecoense. Gente disposta e séria em campo foi o que se viu, inclusive constrangendo qualquer eventual corpo mole de algum medalhão magoado no futuro – xô, Satanás! As coisas mudaram. Nada está pronto, mas o cheiro de tinta nova no campo prevalece. Assim seja.

Curioso é pensar que, a cada novo gol de Fred, o projeto de sede política de Celso Barros dá um passo atrás no clube. O destino prega peças divertidas nas pessoas, principalmente as mais vaidosas, arrogantes e sedentas de poder. Uma contradição para lá de curiosa. Que o artilheiro faça o que tem que fazer: gols e matraca cerrada.

Quase três mil tricolores, clima de paz, uma vitória para começar. A Young mostrou sua força, meus amigos fiéis cantaram muito. O Fluminense passou pela primeira curva da estrada. Onde chegará, não sabemos, mas é bom demais ver aplicação e vontade. Tomara que o deslumbramento passe longe, longe. Enquanto isso, as crianças nos encantam na arquibancada.

Nelson Rodrigues ensinou há muito tempo que o Fluminense não ia morrer nem acabar. Quem apostou no contrário acabou com o inútil gosto de fel na boca. Ou a frase de um grande escritor sobre um badalado personagem: “Tudo nele me soa falso”. Acontece que o Flu é verdadeiro demais. Dane-se o boquirroto decadente da insossa Federassauro, medíocre pela própria natureza, como diria o Maurício Lima. Prosseguimos, é preciso. Desculpem a demora da coluna, nem sempre se pode contar com todos.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: pra

#SejasociodoFlu

Copa

5 Comments

  1. Não vi o jogo, mas com os seus comentários me senti satisfeito… Bom inicio de campeonato e bom artigo, como sempre, para iniciar a temporada ..

  2. O melhor do FFC no final de semana, elástico caneta do Kenedy e balão duplo do Gerson, o pior – técnico Gallo, em VR, partida normal d estréia, quando os Xeretas da seleção voltarem, vai dar samba, se o CB deixar..rs
    O maior adversário do FFC é esse tiroteio situação x oposição, é de desanimar qq arquibaldo/geraldino que pense em exercer sua cidadania no clube. O panorama que se passa é que existem 2 linhas majoritárias que duelam pelo poder; os omissos arrogantes X os pândegos perdulários…

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