Fluminense 1 x 4 Athletico (por Paulo-Roberto Andel)

Escrever colunas depois de derrotas não é um problema para mim. Com quinze anos de bagagem, o mesmo vale para as vitórias, muitas. Mas desta vez eu fiquei pensando antes de escrever, e não apenas para manter a cabeça fria diante de um resultado humilhante, porém, espera-se, pontual.

Analisar apenas o jogo de hoje seria dizimar o Fluminense, inclusive nas qualidades que possui em campo. Deixo de lado essa vergonha e tento pensar em toda a conjuntura. Pretendo ser breve.

Depois de cinco vergonhosas lutas contra o rebaixamento, na temporada 2020 o Fluminense saiu da lama e obteve uma boa pontuação. Os mais carentes gritaram e festejaram o quinto lugar como se fosse um título. Não era, longe disso: em nenhum momento o Fluminense esteve perto disso, sendo que em vários momentos da competição teve condições matemáticas de arrancar, mas que não se confirmaram em campo. Ok, é melhor ser quinto do que décimo-quarto, mas para um clube que passou boa parte de seus primeiros 100 anos brigando por títulos a cada dois anos, ficar oito sem eles é uma espinha de peixe na boca.

Goleadas ou partidas massacrantes nem sempre querem dizer dos conjuntos, mas o fato é que podem ser interpretadas como recados ou lembretes: vamos baixar a bola, não nos deixemos levar pela fanfarronice, não ganhamos nada, não somos o último quindim da vitrine. Bom, é o que eu acho, assim como penso que não devemos desprezar nosso passado de glórias nem rasgar nossa história. Muita gente pensa o contrário. Eu não sou o dono da verdade, mas sou testemunha de boa parte daquela mesma história.

Tomamos de cinco do Corinthians. Era um aviso. Entre deboches blasè e espones, aquilo passou como nada. Tudo bem. Veio a classificação para a Libertadores, também idolatrada como um título moral. O problema é exagerar na dose, para mais ou para menos.

Veio o Carioca. O Carioquinha que nada vale, mas que o preferido da mídia decide com os titulares. Não precisamos fazer uma única partida de grande qualidade para chegar à decisão, mas a conta chegou no segundo jogo: nunca vi uma final tão humilhante para o Fluminense em quase 50 anos como torcedor. Não parecíamos sequer coadjuvantes na segunda partida, mas intrusos. É triste não ter meu pai mais por aqui, mas é um consolo que ele tenha escapado dessa humilhação.

Nesta quarta-feira, fomos esbofeteados pelo Athletico, o único time do mundo que não deveria ter esse direito, tendo em vista a entrega para o Criciúma em 1996. Mas, também, para que ressuscitar história velha, não é? Isso não importa. O que vale é de 2011 para cá…

Depois do jogo contra o Corinthians, li e ouvi sobre performance, recomposição, evolução e mais um monte de teoremas que foram por água abaixo nesta goleada. Frágil feito papel molhado, o Flu tomou a maior goleada em casa na história do confronto com o rival paranaense. E o caos que tomou o time no segundo tempo, a partir da saída de Yago, mostra bem o que é a fragilidade do time, do treinador, da gestão e do clube que, por amor ou até por certa empáfia, muitos de nós insistem em não ver.

O problema não é apenas a goleada em si, mas a repetição de partidas bisonhas onde ficamos pegando esmolas para fingir que tudo está melhorando, que tudo é bom.

O Fluminense não pode ser tão pequeno a ponto de, à beira do campo, não ter um treinador mas sim um procurador do presidente.

Não pode ser pequeno a ponto de impor escalações que, na prática, fazem o time entrar como se só tivesse sete ou oito jogadores na linha.

Não pode ser refém de um ex-jogador porque ele manda no vestiário, nem de substituições extraterrestres.

Não dá para passar pano ou ficar inventando desculpas depois de uma atuação tão ridícula, diante de um adversário que fez pouco mais do que correr para se impor.

Enfim, são muitas coisas que não vêm de hoje nem desta semana. Me recordo que, há cerca de quinze ou vinte dias, a empáfia de Roger Machado foi suavizada com uma declaração de que tínhamos um mês para o preparo do Fluminense, tendo em vista as Copas que disputaremos.

Pelo que se viu diante do Athletico, mas não somente dele – é só acompanhar o histórico recente -, o que fizemos na prática foi jogar quinze ou vinte dias fora.

A goleada para o Athletico é (mais) um soco na cara que tomamos e deveria nos servir como alerta. A reação é por nossa conta: vamos fingir de novo que nada aconteceu e que é assim mesmo? Que acontece com os outros times? Que é normal?

Não, não é normal. É uma bosta, um desrespeito, uma vergonha.

E aí, meus amigos, quando pensamos em toda a conjuntura, quando o dirigente diz que torcedor não assina cheques, quando o empresário debocha da torcida e até o funcionário da TV do clube faz o mesmo, não tem como não olhar daqui para trás sem pensar que, para não completar a maior seca de títulos relevantes da sua história profissional, o Fluminense vai ter que melhorar muito.

Quanto a Roger, foi um herói no campo. Deveria preservar sua história no Fluminense e pedir demissão. Seria um gesto de grandeza que ele talvez ainda possa nos oferecer, o que não é o caso de outros nomes badalados do CT.

3 Comments

  1. O Roger representa o retrato cruel e derespeitoso da cúpula Tricolor atual.Temos que reagir como torcedores amantes de um clube lindo O Fluminense o nosso Fluxão .
    Obrigada Paulo por esta crônica.

  2. SÃO OS VELHOS DITADOS A RETORNAREM COMO AXIOMAS E A PROPÓSITO DAQUELE ” HÁ MALES QUE VEM PARA O BEM ” E MAIS DO QUE DEFINITIVO O ENGANO COM A PERSONALIDADE DESSE ROGER A AMALGAMAR – SE E FICARA CLARO AO SE CURVAR À INFÂMIA DA CONDIÇÃO DE ESTAFETA DO BITTENCOURT ÁRIDO E INEPTO, QUANDO, ATORDOADO E A PASSAR ISSO A TODO TIME A COMEÇAR POR NOSSO POMPÉIA O QUAL FALHA COMO JÁ VIRA, BARBOSA, CASTILHO, VELUDO, ITA, ANDRADA, GILMAR, MARCIAL, EDSON BORRACHA, VALDOMIRO, RAUL, E SÃO TANTOS. EXCELENTE HAJA VINDO A VERGONHA DESSA DESONRA AFRONTOSA A ESTRIDENTE RESGATAR DA SURDEZ ESSA GENTE TACANHA À…

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