Fluminense 0 x 3 Grêmio (por Rods)

Fluminense incrédulo perante o gol de Barcos
Euzébio, Fred e Carlinhos sem acreditar no gol e a gente sem entender porque o Bruno marcava Barcos

Um tapa na cara. O jogo de hoje foi um verdadeiro tapa na cara. Na minha, na sua e na de todos os torcedores tricolores. Ninguém esperava um jogo fácil, mas nem o maior dos pessimistas imaginou esse placar. Todas as vantagens que nós pensávamos ter, simplesmente não funcionaram. O Fluminense não jogou com a confiança de quem venceu fora, o Grêmio não jogou com o desespero de quem perdeu em casa, nossos jogadores pareciam ter se conhecido no fim de semana e os deles pareciam jogar juntos há dois anos.

Sim, começamos melhor e era possível ver nosso capitão se empenhando acima do normal. Mas não fomos incisivos, não transformamos o domínio em jogadas e muito menos em gols. Aos poucos os gaúchos equilibraram as coisas e de repente já tinham duas finalizações contra nenhuma nossa. Nossa maior emoção foi ver Nem encarando André Santos e Cris em um começo de confusão. Aos 20 minutos, Elano, que tinha acabado de tomar um amarelo por causa de uma entrada maldosa no Carlinhos, bate escanteio e quase surpreende o Cavalieri com um gol olímpico. Na sequência, aos 24, outro escanteio e sem nenhuma explicação que eu julgue plausível, Bruno, tentando marcar o Barcos, faz gol contra. Um a zero pra eles com o tento creditado para ao argentino.

Começa o segundo tempo e de esperança renovada a torcida tenta empurrar o Flu. Aliás, é preciso ressaltar que logo que entramos em desvantagem, a torcida cantou alto, como de costume na demonstração de apoio. Deco entra no lugar do inoperante Wagner, mas infelizmente nosso maestro errou tudo o que tentou e aos 10 minutos levamos o segundo gol, em impedimento, do engodo André Santos. A partir daí, o Fluminense pareceu volta a 1996. Um time desanimado, que erra, não marca e nem tenta. Com a saída de Wellington Nem, o estopim pra torcida perder a paciência, o time ficou minguado, pálido, sem graça alguma. Thiago Neves e Samuel entraram para não fazer nada. O garoto até tentou uma jogada ou outra, mas realiza-las estava acima da sua capacidade.

A verdade é que o Grêmio sempre esteve mais perto de aumentar o placar do que o Fluminense de diminuir. O terceiro gol foi um retrato disso. Após lançamento em profundidade pela direita, o chileno Vargas chutou cruzado de forma que nem se tivesse três metros Cavalieri pegaria. Seguiu o domínio gaúcho e o chute de Elano na trave, nos fez sentir o quarto gol e o pânico da goleada. Esboçando uma pressão meia-boca, Fred domina a bola no peito, mas deixa ela escapar um pouco, fazendo seu chute ir suavemente para as mãos do Dida. Desde que havia saído, Sóbis ficou sentado encostado nas placas de publicidade. Sua imagem desoladora foi o retrato do jogo que poderia durar mais dois dias e não faríamos um gol sequer.

A verdade é que nossa salvação pode estar nesse grupo confuso onde todos os jogos foram vencidos pelos visitantes. Aquele ridículo Caracas foi ao Chile e bateu por três a um o até então surpreendente Huachipato. No desempate estamos em último lugar, mas já que os quatro times tem três pontos, tudo pode acontecer.

A culpa é de quem?

Do Fred, que achou que estava impedido e não foi na bola? Do bandeirinha, que não deu impedimento do engodo? Do Abel, que tirou o Wellington Nem? Ou da badalada preparação que não deixou o esperado “time A” jogar ainda nesse ano? Como diria meu amigo Paulo-Roberto Andel, o resumo é de cada um.

Pragmatismo x Justiça

Nosso Abelão tem uma característica pitoresca: gosta de escalar o time dentro da sua noção de justiça. Ele disse: “todo mundo jogou bem contra o Caracas. Se eu tiro um deles, como vou olhar pros jogadores?”. Samuel reclamou de não ter sido relacionado para a viagem à Venezuela e fez dois gols contra o Voltaço. Abel achou justo relacioná-lo no lugar do Marcos Júnior em um jogo que precisávamos de velocidade. Bem, quem acompanha o Panorama sabe que eu sou um dos defensores do nosso técnico. Mas quem quer vencer uma competição como a Libertadores deve ser pragmático. Joga o melhor e ponto. Merece chance? Olha aí o carioca rolando. Domingo tem jogo.

Só pra finalizar, eu quero que vocês entendam que eu ainda acredito não apenas no título da Libertadores, mas também no Carioca, na Copa do Brasil, no penta do Brasileirão e no Mundial. Se essa crônica teve um quê de desabafo é porque levei um tapa na cara.

ST!

Nos acréscimos:

– Desde a época de Santos, o lateral Pará é um mau-caráter. Sempre disputa a bola de forma mal-intencionada. Entra pra machucar e não deveria ter o privilégio de dividir o gramado com jogadores de futebol.

– Ao fim do jogo, Fred afirmou que sim ao perguntarem se a derrota foi um erro de percurso. Assim esperamos.

 

Rodrigo César, o Rods

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @Rods_C

Imagem: Alexandre Cassiano / Ag. O Globo

Contato: Vítor Franklin

14 Comments

  1. Que bom que estamos discutindo em alto nível, coisas da torcida tricolor. O nosso grande problema é que estamos acostumados ao sucesso. A derrota não é nossa companheira, por isso a decepção. Espero que voltemos aos bons dias e voltemos a vencer para conquistarmos a Libertadores, que de agora em diante não será mais tão fácil (ou menos difícil) quanto parecia.

  2. Andrei,

    Sinta-se em casa para expressar suas opiniões. O perfil que buscamos para o nosso site é justamente de leitores coerentes e esclarecidos como você demonstra ser.

    Sobre os cronistas e o fato de malhar ou não equipe, técnico e diretoria, lendo-nos com certa frequência você pode perceber que há divergência de opiniões entre os diversos cronistas do nosso site. E é justamente essa divergência e a qualidade dos que aqui escrevem que são o diferencial do Panorama Tricolor.

    Muito obrigado pela sua presença e pelos comentários.

    Marcelo Vivone.

  3. Quando as vitórias se sucedem, cria-se, por mais que se tente manter os pés no chão, uma sensação de invencibilidade, de superioridade. A tunda veio em boa hora pro Flu. Mais pra frente e a cousa desandaria.
    Saudações cruzmaltinas!

  4. Caro Andrei

    Aqui no Panorama, falamos o que entendemos correto falar! Não malhamos e nem podemos malhar um time campeão brasileiro, carioca e que perdeu de meia dúzia de partidas, ano passado! Se você quer fazê-lo, fique à vontade! Mas, não nos peça cumplicidade nessa sandice!

    Saudações tricolores!

    1. Caro Marcus, não acho sandice criticar o time quando este merece a crítica. Mas, enfim, penso que cada um tem sua opinião, e sei respeitá-las. Frequento estádios ininterruptamente desde 1986. Fiz loucuras pelo Flu, mas tenho consciência de que duvidei do time em momentos que o apoio era o mais correto a fazer. Enfim, fui humano. De qualquer forma, no final das contas, estaremos todos torcendo pelo nosso Fluminense, mesmo divergindo de algumas opiniões suas. ST.

      ps.: antes que pensem errado, fui no jogo ontem (como sempre) e não vaiei o time, mesmo após o 3 gol do gremio. Preferi esperar uns 5 minutos e me retirar, silenciosamente.

      1. Andrei,

        todos nós erramos!

        Eu erro; só que depois de 30 anos de arquiba consigo ficar arrasado com derrotas como a de ontem sem ter que ser profeta do apocalipse e achar que tudo está errado. No dia em que derrotas como a de ontem forem recorrentes no clube terás um aliado nas criticas.

        Este elenco e este técnico já me deram muitas alegrias e seria injusto, agora, num revés, espinafrá-lo!

        Saudações Tricolores!

  5. Falar em demissão do Abel é prematuro e injusto. Mas, o Flu finalmente perdeu e perdeu feio. Digo finalmente porque estávamos vivendo uma certa ilusão. O time vinha vencendo seguidamente, mas quase sempre sem convencer. Ontem pegou um time de qualidade, que tem um técnico sagaz, e demonstrou que tem muitas deficiências que estavam debaixo do tapete. A diretoria do Flu se iludiu com a campanha do ano passado e achou que o time não precisava de reforços. O Abel pensava que o time era imbatível, o que até parecia ser verdade. A torcida, satisfeita com 2012 não fez exigências, aceitou a postura da síndrome do campeão e não reivindicou reforços. Até aceitou alguns jogadores limitados sem reclamar. Todos achavam que o time estava mais do que pronto. Ledo engano. Ontem isso tudo ficou evidente. O mundo não acabou, é claro, mas acho que essa lição de realidade pode ajudar o time e a torcida a caírem na real e passar a ver o time com outros olhos, não apenas da crítica, mas sem salto alto e empáfia. Espero que todos, clube, atletas, técnico e torcida, tenham aprendido alguma lição no jogo de ontem. E que o Abel mude definitivamente o jeito do time jogar, pois a sorte parece que saiu de férias.

  6. São 3:48h da manhã e estou fazendo o “upload” das entrevistas realizadas na ultima segunda-feira. Concordo com o Rods em gênero, número e grau. Vi o jogo na sua totalidade e torci muito pelo tricolor. Com o final do primeiro tempo com 50% de posse de bola, e mesmo com a desvantagem de 1 gol, achei que daria para virar o jogo, estava tranquilo. Com o gol aos 10 minutos do segundo tempo vi o Fluminense desabar. As mudanças já foram bem comentadas pelo Rods. Gosto da reação da torcida que tenta ajudar, tenta empurrar o time, mesmo em situação adversa. A imagem do Sobs, sentado no campo, encostado nas placas, sem uma das chuteiras, com aquela cara de desanimo completo, era uma imagem de derrota que o Abel deveria, para bem do coletivo, mandar alguém até lá para tirar ele daquela situação e leva-lo ao lugar correto, no banco dos reservas ou mesmo para o vestiário. Este é só um pequeno comentário. Nada está perdido.

  7. O problema desse blog é que parece que criticar é uma heresia. Todos que aqui comentam ou que escrevem como cronistas parecem que têm o dever de só falar bem do clube e do time. E quem fala mal é corneteiro, ou (???) tricoleba, ou tricolebabaca. O correto é tapar o sol com a peneira e torcer cegamente. Desculpem ,meus amigos, os respeito muito, mas ouso discordar. Acreditar que vai ser campeão de tudo é de cada um, mas achar que a derrota de hj foi mero acaso é ser ingênuo demais. O time não se reforçou como deveria; a diretoria errou no preço dos ingressos (vai manter nos próximos jogos, como disse o Peter Siemsem??); Abel (anta) errou na escalação; alguns jogadores (deco, bruno, carlinhos, anderson) não tem espirito de libertadores; o time não sabe jogar quando sofre uma marcação forte como a de hoje; não temos jogadas ensaiadas, e por aí vai. Mas, está tudo bem, o Flu vai se recuperar, seremos campeões, não é?? Mas, pergunto: jogamos desde o ano passado, 3 vezes contra o gremio, não vencemos nenhuma. Por que será??

    1. Rods responde:

      Andrei, você tá mais do que no direito de discordar de mim e do restante da equipe. Nós não temos o dever de só falar bem do clube. Claro que não. Se você procurar entre os posts e programas, encontrará diversas críticas ao Abel, aos jogadores e à diretoria sim.

      Este post em questão é quase todo feito de críticas. Só pq eu ainda acredito e não pedi a cabeça do Abel, não significa que não critiquei. Nossas críticas são ponderadas, pensadas e repensadas antes de serem expressadas, pois seria uma grande irresponsabilidade começarmos aqui movimentos de oposição repletos de gritos de ordem, não concorda?

      Eu parei para respirar e contei até 100 para poder escrever sem a raiva que senti após o término do jogo. Talvez você deva fazer o mesmo e depois reler a crônica. De qualquer forma, pode ter certeza que respeitamos a você, assim como você nos respeita.

      Sobre corneteiros, tricolebas ou tricolebabacas, só chamamos assim aqueles que gritam sem razão e sem saber direito o que falam. Hoje, na minha opinião, se houve um grande tricoleba, foi o Abel. Porém, realmente, não acho que a saída seja demiti-lo.

      ST!

      1. Mau caro, concordo que, para escrever como cronista nesse espaço, deve-se realmente ter muita cabeça fria, tanto nas vitórias como nas derrotas. Acho que não conseguiria, sinceramente. Por essa postura, o parabenizo. No final das contas, afinal, somos todos tricolores. ST.

    2. Paulo-Roberto Andel responde:

      Andrei, aqui ninguém escreve “como” cronista.

      O PANORAMA É uma casa de cronistas, inclusive com três escritores publicados em livro.

      Com quase 900 artigos aqui disponíveis em seis meses, uma leitura pormenorizada e atenta desabilita a equivocada falácia de que somos “chapa branca” e “só falamos bem”.

      Contudo, nossa linha editorial foge ao lugar-comum que é espinafrar o Fluminense fortuitamente, ainda mais numa derrota ocasional. Entendemos que, para isso, a imprensa convencional e a FlaPress são mais bem-aparelhadas, dado que já o fazem há cem anos.

      1. Caro Paulo, sei das publicações do blog, pois tenho todos os seus livros em casa!! Gosto muito de vcs e, por vezes, invejo suas posturas otimistas. Talvez por isso, como escrevi no reply para o amigo Rods, não tivesse as virtudes necessárias para escrever uma crônica com o nível que o Panorama reclama. Minha crítica, se é que houve, foi mais um desabafo de um tricolor profundamente decepcionado. Espero que compreendam. ST.

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