Bom e ruim

O resultado do jogo de quarta-feira foi ao mesmo tempo bom e ruim. Bom pelo fato de enfrentar um time grande do futebol brasileiro em seus domínios e ruim pelo perfil que o jogo tomou a partir da expulsão do zagueiro adversário.

Gostei muito da postura do time no 1º tempo. Entramos em campo com um espírito de muita luta, exatamente como tem que ser em uma competição como a Libertadores. Não houve uma disputa de bola perdida por falta de vontade. Se não tínhamos na técnica a virtude da equipe escalada, por conta principalmente das contusões, compensamos e muito com espírito de luta.

Abel escalou e muito bem a equipe na 1ª etapa, claramente visando não deixar o adversário ter volume de jogo, mantê-lo longe das nossas redes e com isso não permitir à torcida oponente inflamar-se. Nesse aspecto, o time esteve bem postado e conseguiu cumprir a missão em sua totalidade. Prova disso é que a única jogada do adversário no 1º tempo foi uma cabeçada após cobrança de falta.

Mas aí veio o 2º tempo e com ele a oportunidade de jogar 45 minutos com um jogador a mais que o adversário. Nesse ponto, discordo da escolha do nosso treinador de manter a mesma estrutura tática do 1º tempo e mexer somente no centroavante. Com essa postura, nosso técnico deixou escapar uma grande oportunidade de vitória.

O time adversário, que já havia sido muito bem anulado no 1º tempo, deu mostras no início do 2º de que não teria forças para chegar ao nosso gol. Caberia então ao nosso treinador mexer nas peças necessárias para tornar o nosso sistema ofensivo mais dinâmico e inspirado.

Como não havia muitas opções ofensivas no banco (apenas Samuel), Felipe deveria ter tido oportunidade de atuar pelo menos 30 minutos, entrando no lugar do Sóbis, que fazia uma partida ruim. A entrada do nosso veterano jogador poderia ter dado o toque de bola refinado e vertical que o time precisava na 2ª etapa do jogo.

Se nosso técnico armou muito bem o time para não perder a partida, o que foi uma opção acertada antes do início do jogo, creio que tenha faltado coragem para ganhar os 3 pontos na 2ª etapa, quando as circunstâncias do jogo nos permitiram essa perspectiva. Tivemos 3 grandes oportunidades de gol, mas o time poderia ter sido bem mais incisivo na busca da vitória.

Creio que o raciocínio do treinador foi de que o empate era um excelente resultado para a classificação do grupo e que não valia a pena correr algum risco na tentativa de ganhar os 3 pontos. Em termos de grupo, o resultado de empate foi realmente bom.

Mas, acho que nosso treinador deveria ter pensado nas próximas fases do torneio e, para essa projeção, o 0x0 foi bastante ruim. Provavelmente nos classificaremos como o pior 1º colocado da fase de grupos (contando que ganharemos do Caracas) e, com isso, enfrentaremos provavelmente o Tijuana do México, a altitude e a grama sintética nas oitavas de final, fazendo o 2º jogo em casa. Até aí, tudo bem. Já a partir das quartas, as chances de fazermos as partidas decisivas fora de casa são grandes e deveremos pegar nessa fase o ganhador entre o melhor 1º colocado e o pior 2º.

O que temos de vantagem hoje é que os jogadores estão novamente com um grande espírito de luta e que o time parece finalmente ter novamente encontrado um padrão de jogo. Esses aspectos aliados à qualidade do time titular nos credenciam a superar qualquer provável desvantagem que tenhamos a partir das quartas por conta do início titubeante de temporada.

Para finalizar, é preciso fazer uma menção especial ao Rhayner. Sua contratação para essa temporada foi muito criticada por mim e mesmo considerando que o jogador vinha realizando boas participações recentes no campeonato carioca, a sua impressionante dedicação ao time e o seu invejável condicionamento físico, eu achava que faltava ainda um jogo contra um adversário de peso para estar convencido de suas qualidades. Pois bem, esse jogo foi o de quarta-feira. Nosso jovem atacante foi o melhor em campo, teve um gol injustamente anulado e ainda obrigou Dida a fazer uma difícil defesa com a ponta dos dedos. Com certeza não é um craque, mas até aqui tem justificado sua contratação.

Rápidas:
– O Grêmio está reclamando da arbitragem? Um jogador foi expulso porque deu um bico por trás no adversário e o time foi beneficiado por um gol do Fluminense muito mal anulado. Eles devem estar de sacanagem com a gente;
– Luxemburgo reclamando da arbitragem? Esse sim é um sujeito que tem uma imagem ilibada e muita credibilidade. Suas opiniões devem ser ouvidas com muito respeito e atenção;
– Nem a diretoria e nem o técnico do adversário reclamaram no 1º jogo quando foram beneficiados pela não marcação de um claro impedimento no lance do seu 2º gol;
– Fomos prejudicados nos 2 jogos pela Libertadores contra o time gaúcho. Cadê o placar moral, torcida ridícula do time mineiro que não ganha nada?
– Se o Felipe não teve oportunidade ontem, não sei quando terá e mais uma vez é necessário questionar a sua contratação;
– Até fora do campo Rhayner teve boa participação. Ao final da partida e, portanto, ainda no calor do jogo, ele foi perguntado (provocado) pelo repórter sobre o seu gol mal anulado. Sua resposta foi a de que o auxiliar é humano e tem direito de errar. Imagina se fosse o Thiago Neves?
– Jogo pelo Carioca no final de semana? Contra quem? Quem? Bota a molecada sub-20 ou sub-17 pra jogar. Nada de dar oportunidade de ocorrência de novas contusões.

Marcelo Vivone

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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