Flu-Folia (por Paulo-Roberto Andel)

ENTÃO você atravessa as ruas entupidas de lixo até um teto imaginário. Da Cruz Vermelha à Central. Táxi, não há. Ônibus é âmbar. Ande a pé até a gare, tome o metrô abarrotado, pessoas fedendo a chorume, trabalhadores de fé, turistas deslumbrados, mulheres lindas, velhos, jovens, gordos feito eu mais outros quinhentos personagens.

DEPOIS salte na estação da rampa, nenhum policial à vista, um traficante ou cambista sequer. Namore o prédio da UERJ à distância. Ande até o Bar dos Esportes, encontre os mesmos cinqüenta maníacos de sempre: os que torceram para a Quarta-Feira de Cinzas chegar só para reencontrar o velho Fluminense em campo, sem Carlinhos, Valencia e Fred e precisando vencer o Friburguense. E também os grandes torcedores, os escritores de talento e medíocres comentaristas de postagens na internet fingindo uma importância engraçadíssima.

Em campo, o prêmio veio: antes do tempo técnico, o Flu já vencia por 2 x 0 com tranquilidade. Primeiro, na esperteza de Walter, finalizando depois da sobra no chute de Biro-Biro. Depois, com o incansável Conca, que parece o Multi-Homem em campo: num segundo na esquerda, outro na direita, noutro marcando, noutro chutando na trave e aproveitando o rebote. Mais tarde, o Friburguense acertou a trave.

Depois de várias tentativas, a maioria em cruzamentos, alguns chutes, Bruno não foi um Bruno convencional: incorporou Maradona, passou por três, acertou uma caneta e um chutaço para fazer seu gol mais belo com a camisa tricolor. Um desses por mês e o Barcelona leva no ato. Podia ter sido quatro, cinco e ia piorar no segundo tempo. Definitivamente, hora de Wellington Silva buscar outra equipe. Tudo terminou no golaço de Rômulo, 3 x 1. Intervalo.

Com a partida na mão na volta, apesar de ter acertado duas bolas na trave, o Flu também levou uma e, aos poucos, a coisa tomou perigo: o Friburguense atacando, chutando, fazendo pressão. Renato já tinha posto Marcos Jr., depois veio com Wagner e Michael. Entre idas e vindas, parecia coisa de 3 x 1 mesmo, até que o fim do jogo reservou dois golaços: Wagner, bem, chute seco de futebol de botão no canto direito; depois o mesmo Marcos Jr., bem também, estilo atacante anos 80 – Romário! -, rompendo na área e fuzilando na diagonal. Alguém me disse que uma tricolor linda, ruiva, tatuagem de borboleta às costas com nome de Ryan, sorriu como nunca.

Bem antes dos 5 x 1, o Fluminense perdeu umas três chances. Podia ter triturado. Ainda cogita-se ter havido um pênalti em Conca: o árbitro colocou o apito na boca e mudou de ideia. Se a defesa não foi brilhante, não comprometeu. Cavalieri, seguro na hora certa. Conca foi demolidor: monstro de ponta a ponta – até gol salvou com Cavalieri batido, de cabeça. A torcida abraçou-se. Em noite de folia, o Fluminense deixou claro que vai brigar pelo título, varrendo a péssima impressão do clássico contra o Botafogo.

Se vai acontecer, é outra coisa. Mas que tem cara, tem.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: PRA

4 Comments

  1. Depois dessa folia de 5, nada como acabar em pizza, ou melhor, duas pizzas regadas por comportadas bebidas. ST

  2. Goleada, tudo bem! Também fui um dos que compareceram. Agora, não ganhar nenhuma bola pelo alto nas batidas de escanteio do Friburguense, é demais! O Renato tem que insistir nos treinos defensivos de bola alçada sobre a nossa área. O Elivelton é fraco. O Leandro Eusébio é um pouco melhor, ou menos pior. Vamos em frente!!! Sds Tricolores….

  3. Brinquei e desfilei no carnaval… meu lixo foi para casa dentro dos bolsos… na tarde de apuração, sou TRI campeã da Acadêmicos da Asa Norte… era apenas um sinal que tudo estava mudando. O FLU entrou em campo, jogou diferente, nos deu alegria de sonhar na briga pelo título. Como TRICOLOR espero que nossa defesa melhore… ontem esta um pouquinho melhor, o que passou por ela foi cuidado pelo DC e uma bola pelo Conquinha. ST!

  4. É isso aí, Paulo. Estava entre os oito mil fanáticos e vi exatamente o que vc viu. Apagamos, mesmo com um time incompleto, a má impressão do jogo contra o Botafogo. Parece que a lição foi assimilada. Grande abraço e ST

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