Flu e Bangu de outrora (por Paulo-Roberto Andel)

Já faz muito tempo. Muito. Imagine. Um sábado à tarde com mais de 43 anos. O Fluminense vivia uma crise. Acabara de vender o artilheiro Nunes, 18° jogador em dois anos da gestão de Silvio Vasconcelos. Para o lugar de Nunes havia o jovem e desconhecido Parraro.

Deu Fluminense. Um massacre. Parraro não tinha intimidade com a bola, mas acabou driblando toda a defesa banguense e fez um golaço, somado a outros dois de cabeça. O Flu fez 5 a 0, ainda teve um gol anulado de Cléber e Robertinho acertou o travessão. Nosso time em crise: Paulo Goulart, Edevaldo, Ademilton, Edinho e Carlinhos; Pintinho, Cléber e Rubens Galaxe; Robertinho, Parraro e Almir – depois entraram Cristóvão e Mário. Se entrasse em campo contra o Flu atual, Ganso e a turma teriam sérios problemas. Edevaldo, Edinho, Pintinho e Robertinho foram de Seleção. Cléber, monstro da Máquina. Carlinhos, Seleção de Base; Rubens também. O Almir jogava muito nas preliminares de juniores, depois sumiu. Cristóvão e Mário foram campeões cariocas de 1980 pelo Flu. Treinador, Sebastião Araújo.

Dezesseis anos depois, outro sábado à tarde, mas aí com uma vitória magrinha e significativa do Fluminense sobre o Bangu. Com uma cabeçada depois do cruzamento de Renato Gaúcho, Ézio fez seu último gol pelo Tricolor. O acontecimento bizarro da tarde foi a morte de um torcedor nas cadeiras do Maracanã, vitimado por um tiro de fuzil supostamente disparado do Morro da Mangueira – a bala subiu, passou por cima da marquise do Maraca, desceu furiosa e atingiu o pobre homem. Um mês depois, o Fluminense conquistaria o título mais difícil de sua história. Wellerson, Ronald, Lima, Márcio Costa e Lira; Cadu, Djair, Aílton e Rogerinho; Ézio e Renato Gaúcho. Luiz Antônio entrou depois. Outro time duro de encarar, não foi campeão à toa. A defesa chegava junto, o meio tinha dois motorzinhos poderosos – Aílton e Rogerinho – e um monstro – Djair. O ataque era sensacional, mesmo que Ézio não viesse bem. O Luiz jogava bola. Treinador, Joel Natalino Santana.

Quando se fala de Fluminense e Bangu, dez entre dez adversários tricolores falam do pênalti do Vica no Cláudio Adão, que foi muito pênalti se a partida realmente não estivesse encerrada – é o que alegava o árbitro José Roberto Wright. De cada dez adversários tricolores, todos fazem cara de paisagem ao saber que, quando o Bangu vencia por 1 a 0, o zagueiro banguense Jair evitou o gol de empate tricolor com o braço, os jogadores tricolores foram à loucura mas Wright mandou seguir. Na hora da crença, até Castor de Andrade parece um pobre senhor injustiçado…

OLHA O PÊNALTI AQUI!

Neste sábado é tudo diferente. Flu e Bangu em Brasília, festa, Estádio Nacional lotado. A Claudia e o Jácome vão. No Rio, a gente fica na telinha ou no rádio.

Aquele velho Maracanã, nunca mais.

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Márcio Guedes foi um dos maiores jornalistas esportivos brasileiros. Marcou época com o programa Bola na Mesa, na TV Bandeirantes. Depois foi para a Globo, Manchete (ao lado de João Saldanha), TVs a cabo e TV Brasil. Escreveu no Jornal do Brasil, em O Dia e outros. Já vinha de longa doença e sua defesa intransigente do horror 2018-2022 certamente o atrapalhou, mas isso é muito pequeno diante de sua competência, profissionalismo e visão esportiva, e até do bom humor quando se desesperava com o seu Botafogo. Eu o acompanhei muito, da infância até a idade adulta, e agradeço a ele por tudo sobre futebol. Onde quer que esteja, que esteja bem.

4 Comments

  1. Andel:

    Boa noite, Parraro.

    Eu estava no Maracanã e vi suas partidas como jogador do Fluminense. Portanto é questão de opinião quando se compara, por exemplo, o seu futebol apresentado com o de outros companheiros da equipe: Pintinho, Cléber, Edinho, Zezé.

    Não houve nenhum sarcasmo.

    Já escrevi mais de 1.600 crônicas sobre o Fluminense e 21 livros sobre o clube. Meu trabalho não é pautado pelo desrespeito, longe disso.

    O fato de eu considerar que você não tinha intimidade com a bola não diminui em nada a sua carreira. Você pode discordar, inclusive sendo democraticamente publicado.

    No entanto, as expressões que você utilizou a respeito de Zagallo, um nonagenário muito doente e Tulica, que está morto, são infelizes ao extremo.

    Fique em paz.

  2. Caro amigo…acredito que vc tenha sido meio Sarcastico comigo…ao dizer que Nao tinha INTIMIDADE com a Bola…afinal era simplesmente minha ESTREIA no MARACA…vindo do Interior do Parana…so quem tem algum TALENTO faria um GOLACO daqueles….sem contar depois com a SACANAGEM desse Verme chamado ZAGALO que simplesmente me BARROU do time…pois havia trazido 5 jogadores ao clube e cocou pra jogar um tal de TULICA…GORDO feito um Porco….depois me Arrumou um novo Clube….BSRCELONA DE GUAIAQUIL…Mas…Mas queria Parte das minhas Luvas….e dai agora ?….fui um HEROI ou Nao…?…acabei jogando em outras equipes como o CORITIBA e o PUEBLA do MX…fazendo dupla de area com MURICI RAMALHO…e isso e passar Bem….se cuida….44999341974

    1. Andel:

      Boa noite, Parraro.

      Eu estava no Maracanã e vi suas partidas como jogador do Fluminense. Portanto é questão de opinião quando se compara, por exemplo, o seu futebol apresentado com o de outros companheiros da equipe: Pintinho, Cléber, Edinho, Zezé.

      Não houve nenhum sarcasmo.

      Já escrevi mais de 1.600 crônicas sobre o Fluminense e 21 livros sobre o clube. Meu trabalho não é pautado pelo desrespeito, longe disso.

      O fato de eu considerar que você não tinha intimidade com a bola não diminui em nada a sua carreira. Você pode discordar, inclusive sendo democraticamente publicado.

      No entanto, as expressões que você utilizou a respeito de Zagallo, um nonagenário e Tulica, que está morto, são infelizes ao extremo.

      Fique em paz.

  3. Andel, houve um lance no flu x bangu em 85, que não me lembro em que altura do 2° tempo e que me pareceu pênalti claro em Romerito e o juiz nada marcou. Se houvesse VAR naquela época, venceriamos por um placar folgado.ST

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