Fluminense 1 x 1 Corinthians – Muita atenção ao primeiro tempo (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, esse jogo de hoje não pode ser visto sob o ponto de vista exclusivo do bom ou do mau resultado. A partida entre Fluminense e Corinthians traz informações importantes, que precisam ser analisadas com muito cuidado e interesse.

O Fluminense que entrou em campo hoje nada tinha a ver com o Fluminense de outras jornadas. Quem viu diferente que me desculpe, mas eu sugiro uma revisão do que aconteceu em campo.

O Fluminense de hoje entrou em campo para praticar um 4-5-1 clássico, com cinco meias atuando de forma dinâmica, trocando de posições e atacando espaços até então inusitados, como é o caso de Yago duas vezes aparecendo como ponta esquerda e Gabriel Teixeira ter passado quase todo o primeiro tempo atuando centralizado.

É bem verdade que o Fluminense começou o jogo praticando um futebol cadenciado, que, longe de ser feio, era chato e ineficiente, dando ao Corinthians um protagonismo na busca das ações ofensivas. E isso porque o Corinthians tentava, um pouco mais que o Fluminense, acelerar e verticalizar as jogadas. Eu disse: um pouco mais.

A partir dos 25 minutos do primeiro tempo, ou algo próximo disso, o Fluminense, mais confiante em sua proposta de jogo, passou a verticalizar e acelerar mais suas trocas de passes, sem, contudo, adotar aquela impaciência e total falta de coordenação que víramos nos últimos jogos. Começamos a envolver o Corinthians, criar oportunidades de gol e a ganhar a segunda bola o tempo todo no campo de defesa deles.

Foi quando, no momento em que isso não aconteceu, sofremos um contra-ataque e Lucas Claro falhou onde não costuma falhar. Confiou demais em sua capacidade de recuperação ao ser envolvido e acabou cometendo o pênalti. Gol do Corinthians! E o Fluminense continuou melhor, fazendo o que já vinha fazendo, criando uma expectativa positiva para o segundo tempo.

Mal começa o segundo tempo, o árbitro, numa interpretação equivocada, e vamos ficar nisso, expulsa Abel Hernández, deixando o Fluminense com menos um, obviamente, comprometendo toda a ideia de jogo de Roger.

Daí em diante, devemos ressaltar a ousadia de Roger, trocando um volante por um centroavante, mas aquela dinâmica de jogo já estava perdida e, o que é o pior de tudo, ameaçada de ser esquecida.

O Fluminense, de Martinelli, Yago, Ganso, Cazares e Gabriel, forma um meio de campo denso e com muita qualidade técnica, com provocação de espaços para os laterais ampliarem nosso compasso ofensivo. Já vi outras ideias esse ano, mas essa, particularmente, me encantou, graças à ausência de chutões inúteis, desvalorização inócua da posse de bola e paciência na construção das jogadas.

Não que tenha sido executada com excelência, e nem poderia, mas é um caminho a ser considerado. É uma matriz tática superior a tudo que fizemos até agora, mesmo quando fomos até superiores ao que apresentamos hoje no desempenho nas partidas.

Por justiça, conseguimos o empate e tudo está em aberto no Campeonato Brasileiro, mas precisamos explorar caminho, como o de hoje, para escapar de uma jornada monótona, sem brilho e sem títulos.

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O Fluminense causa polêmica ao adotar uma campanha de apoio à causa LGBTqia+, que está estampada nas mídias sociais relacionadas ao clube.

Os que são contra alegam que tudo não passa de lacração e que o Fluminense, ao se engajar na campanha LGBT, está a promover um modo de vida, o que não é verdade.

Todos nós temos direito a opinião numa democracia, muito embora o Brasil esteja apenas vivendo um esboço de recuperação de uma patologia autoritária, de que só não falo mais aprofundadamente para não torrar o saco do leitor que está aqui querendo saber de futebol.

A questão é que mesmo o direito de opinar impõe, em contrapartida, uma responsabilidade. E isso implica em ter um pouco de conhecimento sobre aquilo sobre o que se opina. E o problema todo gira em torno de algo que eu não gosto, que é a ideia de “orientação sexual”. Isso, quando a ciência, ainda que num cenário de contradições, e isso inclui a psicologia, a biologia, a genética e a sociologia, apontam para algo muito mais consistente e explicativo, que é a “condição sexual”.

A ideia de uma propaganda de um modo de vida, orientado para destruir valores consagrados, como a “família tradicional” (eu sou oriundo e vivo em uma), não se sustenta à luz do conhecimento científico, por mais que esse mesmo conhecimento esteja eivado de naturais contradições. É só vocês verem as contradições relacionadas ao ovo e ao protetor solar.

Para ir direto ao assunto, o que se tem é que não existe uma opção sexual e sim uma condição sexual, com fortes evidências de influência biológica. O que o movimento LGBTqia+ defende é que ninguém seja discriminado, tratado com preconceito, ridicularizado ou agredido por causa de sua condição.

O mesmo não pode ser dito de quem engana, mente, trai, agride e explora seu semelhante. Esses, sim, devem ser tratados com o devido rigor, para que nós possamos evoluir enquanto civilização.

Acho que o Fluminense falha reiteradamente ao se divorciar de seu torcedor e mudar de posicionamento estratégico três vezes em menos de 12 anos. É só lembrar do “nós somos a história” e do “time de guerreiros”. O clube deveria dialogar mais com o torcedor e envolvê-lo em seus posicionamentos e campanhas.

O que não pode acontecer é alguém achar que o Fluminense, ao fazer uma campanha tão apropriada, como essa em questão, está fazendo propaganda de um modo de vida. Quando o clube está participando de um movimento pelo respeito ao direito das pessoas serem como elas são, independente, inclusive, do fato delas terem ou não escolhido ser, o que é um direito de todos nós.

Só essa visão da propaganda LGBT justifica a indignação de muitos, ainda que desproporcional. E eu espero que isso seja muito bem trabalhado pelo clube, que se tem um ponto positivo no atual momento é o engajamento com causas civilizatórias.

E, a título de sugestão, gostaria muito de ver uma campanha de apoio às comunidades indígenas no país, que estão sendo massacradas e, agora, ameaçadas de perder até mesmo suas terras, de acordo com o que sinalizam movimentos que têm sido feitos no congresso nacional.

Saudações Tricolores!

2 Comments

  1. INSENSATO O LUCAS CLARO AO VÊ – LO ULTRAPASSADO NA CORRIDA POR UM GUSTAVO MAIS LEVE E ESCORREGADIO E LEMBREI -ME DO LÍBERO, É, AQUELE ZAGUEIRO TIPO TRAPATTONI, BARESI, O QUAL CERCAVA A GRANDE ÁREA EM TEMPOS MAIS ESTRATEGICAMENTE CRIATIVOS E SOB A BATUTA DE TREINADORES A NÃO TEMEREM INOVAR, INVENTAR, NOVAS IDEIAS E AÇÕES ÀS QUAIS FIZESSEM MATERIALIZAR -SE O QUE NÃO É A REALIDADE A TESTEMUNHARMOS NESSE PRIMEIRO HALF TIME UM ESTRANGEIRISMO MUITO USADO PELO COZZI, ODUVALDO, CONTEMPORÂNEO DA ÉPOCA DOURADA. ASSIM A PARTIDA TRANSCORRERA DE MODO TRUNCADO E O ELEMENTO COMUM A AMBOS, INDUBITÁVEL,…

  2. Vamos torcer para que este meio campo repleto de jogadores que SABEM jogar futebol seja repetido com o Fred em campo.

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