Flu 1 x 1 Bonsucesso (por Walace Cestari)

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Tudo parecia que seria diferente. Maracanã com bom público, o reencontro com Conca (apesar de que a estreia já havia acontecido em Moça Bonita), uma escalação diferente, a volta de Fred. Tudo conspirava a favor de um resultado positivo. Contudo, mais uma vez, saímos do estádio amuados, desconfiados do próprio time.

Renato resolveu mudar seu 4-2-3-1 para um comportado 4-3-2-1. Três volantes, com Valência ao centro mais recuado e Jean e Diguinho com mais liberdade de avançar. Mais à frente Conca e Sobis ocupavam a intermediária contrária e buscavam jogo no apoio dos laterais Bruno e Carlinhos. Assim, Fred seria municiado pelo meio ou pelas pontas. A ideia parecia ser boa, mas não foi de fato o que aconteceu.

Apesar dos três volantes, a zaga continuou exposta, permitindo que o limitado time do Bonsucesso finalizasse bastante no primeiro tempo. Ainda que Elivélton tenha feito boa partida – ninguém teve saudades de Leandro Eusébio – a zaga ainda posicionou-se mal e teve muitos espaços, em especial na direita, por conta da má atuação de Bruno.

Mesmo assim, o Flu criou algumas jogadas e fez diversas boas tabelas na entrada da área. Faltou muita pontaria nas finalizações, mas parecia que o esquema se encaixava. Diguinho fez bom primeiro tempo e Carlinhos apareceu bem no ataque. Fred foi perfeito em seu papel de pivô e era questão de tempo abrir o placar.

Entretanto, não foi o que aconteceu e o primeiro tempo terminou em 0 x 0, sem vaias da torcida. Mas é aí que está a inteligência que nos faltou nos dois jogos do Carioquinha: quando a diferença técnica é grande em início de temporada, deve-se buscar construir o placar o quanto antes, fazendo valer o melhor elenco.

No segundo tempo, uniformes diferentes davam a ideia de que o jogo seria outro. E, em certa medida, foi mesmo. O domínio inócuo do primeiro tempo deu lugar a um Tricolor incisivo e insinuante. Carlinhos fez excelente jogada e presenteou-se em seu aniversário com um golaço. Flu 1 x 0, dominando as ações e impondo-se em campo. O cheiro de um placar elástico estava no ar. Até que o vento do cansaço espalhasse qualquer odor de goleada. Após o gol, o Flu parou, desligou. O time cansou.

Carlinhos deu lugar a Chiquinho e os dois só têm o diminutivo em comum. Chiquinho não é lateral e não parece à vontade na posição. Bruno (que a essa altura já era execrado pela torcida) deu lugar a Rafinha e, ousadamente, ficamos em um esquema sem laterais, mesmo que Jean tenha ocupado o latifúndio improdutivo em que se transformou a lateral direita. Com sangue novo, o time foi ao ataque e Fred quase marcou duas vezes.

E foi aí que o cansaço (aliado a uma inexperiência imperdoável) cobrou seu preço. Após Fred perder a segunda chance, o Bonsucesso tomou a bola, armou o contra-ataque e pegou o Flu todo no ataque, com seus volantes adiantados e zaga desprotegida. De forma consciente, o time suburbano trocou passes rápidos e chegou a um belo gol na jogada bem engendrada. Um castigo para o Flu que dominou mas não conseguiu ser incisivo. Para um Flu que foi com sede ao pote, sem pernas para voltar.

Biro-Biro ainda entrou para tentar salvar a pátria, mas teve poucas oportunidades para conseguir. Sobis ainda fez bela cobrança de falta, mas não alterou o placar. Vaias, reclamações e xingamentos vindos das arqubancadas. Nada mais passional. Por mais que a imprensa vá publicar que o time titular do Flu não passou do Bonsucesso, não é isso que realmente está em avaliação.

A parte física foi determinante para a queda de rendimento absurda na segunda metade do segundo tempo. Isso não esconde a falta de maior objetividade e imposição da técnica superior no início da partida. Fica também evidente que necessitamos de reforços. Precisamos de um atacante veloz para escape contra equipes fechadas, precisamos de um meia para auxiliar Conca na criação de jogadas (que não é Wagner, cuja ausência traz melhoria ao time) e de laterais. Alguém para ser reserva do Carlinhos e a urgência da lateral direita. Talvez, hoje, a melhor opção seja Jean por ali com a entrada de um meia – William, Chiquinho ou Rafinha (lembre-se de que Wagner é titular do banco do Flu).

Com o tempo o time se resolverá. As variações de Renato são inteligentes e, no decorrer do ano, com mais ritmo e preparo físico, teremos mais jogadas como aquelas vistas no primeiro tempo coroadas com melhores conclusões. O desespero ainda passa longe de Álvaro Chaves. Ao contrário do que querem muitos.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: PRA

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3 Comments

  1. Concordo quanto a parte física, o cansaço, tudo isso! Mas o Botafogo e Flamengo, pra não citar o Vasco, que está igual ou pior do que nós, tb tem os mesmo problemas, e venceram seus jogos! Os mulambos ainda venceram o primeiro com o time reserva! O caso do FLU é que, além de vencer, para apagar o péssimo 2013, temos que calar a boca de quase 90% do país, que está nos achincalhando! Alguém tem que passar isso aos jogadores, para que eles se superem na vontade!

    1. É fato que venceram, mas em todos os jogos do Fla, por exemplo, a vitória veio no final e por acaso, com o time jogando muito mal.

      Talvez a diferença é que nossa zaga mal fisicamente é pior que as zagas reservas dos outros. Mas, vi evolução na equipe…

      O Carioquinha não pode ser nossa preocupação. Temos que entrosar a equipe, resolver os problemas e achar um padrão de jogo para impor nas partidas do Brasileiro e Copa do Brasil.

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