Flu é assaltado e perde na estreia do Flamengão (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, o título da coluna não é um protesto, apenas uma constatação. É aquela coisa da piada pronta. Se estamos jogando o Flamengão, é óbvio que tudo converge para que o seu principal e mais temido adversário seja prejudicado em seus propósitos.

É evidente que o propósito maior do Fluminense na partida de hoje esteve longe da vitória ou do viciado campeonato. Com um time que tinha média de idade de menos de 20 anos, estava claro que o jogo de hoje era uma oportunidade de observarmos jovens talentos para a composição do time principal.

Apesar disso, Aílton levou a campo um timaço. Tendo sido a cereja do bolo ter colocado Gabriel Teixeira para reforçar o setor de criação, que já tinha Caio, André e Miguel.

Com a última linha defensiva do Resende ocupada com Samuel e John Kennedy, sobrou espaço para a dupla de criação acabar com o jogo já nos primeiros minutos. Gabriel fez passe espetacular para Miguel, que se infiltrava por dentro. Miguel driblou o goleiro e foi derrubado de forma extravagante. Pênalti claro para o Fluminense, até passível de expulsão do goleiro.

Pois eis que a arbitragem ignorou o lance, como era previsível. Afinal, estamos no Flamengão. Fosso o campeonato o Fluzão, o jogo terminaria ali, com a marcação do pêntalti e a expulsão do goleiro. Fosse só um campeonato honesto, o desfecho teria sido o mesmo.

Mas eis que Miguel cobra falta e Caio marca o gol do Fluminense em posição desconsertantemente legal, mas a arbitragem anula o gol, sabe-se lá com que argumento.

Tínhamos menos de 20 minutos e o Fluminense já fora assaltado de forma grosseira pela arbitragem, mas logo em seguida Miguel se sente mal e deixa o campo. Aílton, que tinha Wallace, Nascimento e Arthur no banco, prefere colocar Kayke, mudando toda a dinâmica do time que massacrava o Resende.

Jogávamos, até então, com a nossa proposta de jogo centrada no meio de campo e isso, como não poderia deixar de ser, dava certo, ainda mais com dois atacantes goleadores na frente. Mas Aílton mudou o modelo tático, desfalcando o meio e reforçando o ataque.

Perdemos a capacidade de criação no meio e aquela movimentação desconsertante. Tornamo-nos mais óbvios. E mesmo assim, André carimbou o travessão no começo da segunda etapa e, depois de substituições que não mudaram nosso modo de jogar, Alexandre Jesus marcou nosso gol.

Só que Aílton já embaralhara demais as cartas e o time perdeu o rumo, levando a virada.

O que isso quer dizer?

Nada, exceto o fato de estarmos disputando o Flamengão, e que precisamos olhar exclusivamente para o que temos em nosso elenco, que é uma força poderosíssima, que pode, com a ajuda do Palmeiras, nos levar ao título da Libertadores.

Todo o resto é paisagem. Nosso ritmo é de preparação e montagem de um elenco poderoso, contanto que haja vontade política para isso.

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É impressionante a capacidade do Fluminense atual de encantar o seu torcedor.

Vou usar o meu próprio exemplo, porque assim fica mais fácil. Eu sou sócio do clube para assistir aos jogos. Há um ano que pago mensalidade para não ir ao estádio, não por culpa do clube, mas da pandemia.

Então, eu passei os últimos 360 dias pagando Premiere para assistir aos jogos, além do plano de sócio.

A Globo não fecha a transmissão do Flamengão e o Premiere se torna um enfeite para nós, torcedores do Fluminense, mas nem vale a pena cancelar, porque logo recomeça o Brasileiro.

O Fluminense assume a transmissão e monta um pacote de R$ 130,00. O que sócios como eu ganham com isso? Nada, exceto o direito de pagar R$ 130,00 para assistir aos jogos do Flamengão.

Sorte de quem tem escolha. Eu não tenho. Como vou comentar os jogos sem assisti-los?

É claro que tem uma galera enorme que não tem escolha, porque a paixão não permite ficar sem ver os jogos do Fluminense, mas custaria muito caro ao clube dar alguma vantagem aos sócios, esses que ficaram um ano pagando, sem poder ir ao estádio, na compra do pacote?

Nada! Rigorosamente nada. Somos fiéis, como se fosse uma igreja. Talvez a nossa recompensa seja um pedacinho do céu.

Sem contar com a transmissão comprometedora. Que fosse! Nós pagaríamos com amor, se pelo menos fôssemos tratados com o mesmo amor que temos pelo Fluminense.

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Calma, FluTV: não precisa exagerar mais que a Flapress! Nós estamos vendo o jogo.

É preciso ponderar entre a narração clubística, que é plenamente aceitável, em se tratando de um emissora tricolor, e o delírio.

O senso crítico deve estar presente numa transmissão, para que ela não se configure numa mera propaganda.

E não acabe desmoralizada pelo resultado, como aconteceu hoje.

O jornalismo sem senso crítico e compromisso com os fatos é uma anedota.

Saudações Tricolores!

5 Comments

  1. – Sobre o pacote do Cariocão, acho que eles poderiam ao menos ter melhorado a comunicação, né? Entendo que cobraram R$129 mesmo dos sócios numa coisa meio “por favor, ajuda aí, perdemos mó grana da globo”. Mas que ao menos dissessem. Cobrar igualmente como se nada estivesse acontecendo ficou feio.

    – Em muitos momentos, a péssima transmissão/comentários me deu um ar familiar, de “são tricolores, estão tentando, se adaptando, vamos relevar”. Mas em alguns momentos era apenas irritante. Terminei o jogo mais convicto do que nunca de que odeio essa tal “narração de torcedor”. Deus me…

  2. Os comentários durante a transmissão beiraram o Ridículo. É necessário que haja uma postura minimamente Profissional mesmo torcendo pelo nosso Fluminense. E o juizinho sem-vergonha merece todo o nosso desprezo. ST !

    1. Vendo os comentários de vocês, pelo menos eu vejo que não fui só eu que fiquei incomodado com a forma como o jogo foi transmitido.

      Um pouco de ponderação e senso crítico não fazem mal a ninguém. Se não fica parecendo igreja. rs

      ST

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