Nos primórdios do nosso football, o Rio era uma cidade triste e enfadonha, de pouca gente cabisbaixa. Contudo, nasceu o Fla x Flu e com ele a multidão, segundo Nelson Rodrigues. Hoje, o Rio anda tristonho por diversos motivos, mas o clássico maior ainda provoca – e muito – o imaginário popular.
Curioso. O clássico não é uma decisão mas é decisivo. Quem perder, sai. E é a primeira vez que acontece o confronto eliminatório por uma competição nacional. Já aconteceu duas vezes na Sul-americana, mas sem o mesmo impacto. Quase foi a final do Brasileiro de 1982, mas o Flu parou nas quartas diante do Grêmio. Quase foi a semifinal de 1984, mas aí foi a vez do Flamengo parar diante do Corinthians. Na Copa do Brasil de 2006, o Vasco tirou o Flu na semifinal e foi vice do Fla. Por fim, ano passado o Corinthians tirou o Flu na semifinal e foi vice do Fla.
Na história do Fla x Flu, o Flamengo venceu mais, exceto quando era uma decisão – aí o Fluminense é soberano.
Recentemente, depois da perda da Taça Guanabara e do atropelamento na final do Carioca, veio o primeiro confronto da Copa do Brasil. Aí a Flapress entrou em campo, manipulou o som da TV e criou o massacre rubro-negro à base de muita porrada e nenhum gol. Não dá para fazer isso depois de 111 de briga boa no ringue. Vi os Fla x Flus em quase metade desse tempo. Qual foi o melhor?
Os garotos preferem 2023, claro. Os mais velhos ficam com os 3 a 2 de 1969. Os cinquentões ficam com a lira do delírio de Assis. Os quarentões enlouqueceram com o gol de barriga. Outros jogos ficaram para a história, caso do Fla x Flu do créu. Sérgio Britto, o gigantesco homem de teatro, me disse que nada foi igual à Lagoa em 1941.
Muita libra já pesou.
Quanta gente já passou? Tanta, tanta. E todo mundo ficou para sempre. Por isso o Fla x Flu pesa tanto: é que os mortos ficam na arquibancada por toda a eternidade, então não são apenas 60 mil no borderô, mas dois milhões de cada lado. Quando você presta atenção, sente. É claro que o Assis estará lá, Washington, Félix, Castilho, Pinheiro, Didi, Telê, Renganeschi, todo mundo.
Desde os tempos das ruas Paysandu e Guanabara, o Fla x Flu escreveu um capítulo único na história do futebol mundial: é o único confronto que nasceu de uma briga da mesma turma, e é o mais apaixonante clássico do maior estádio do mundo, mesmo que este já não exista e tenha virado uma arena gentrificada. Daí sua permanente comoção a cada nova edição da porrada santa entre o Tricolor e o Rubro-negro.
A gente não anda bem e jogará com desfalques. Eles não estão fazendo nada de mais, mas muitos dizem que é o máximo. Humpf.
Esta coluna começou à meia noite, foi retomada às seis da manhã e agora, perto das nove da matina. Faz frio. Vai chover. Os tricolores já pensam em 1995 e na decisão do Carioca 2023. Os flamenguistas sonham com 1991 e 1972.
Eu acho que tudo é 1995 e 1912, com pitadas cruéis de Rubens Galaxe, Pintinho, Paulo Goulart e Cristovão em 1979. Mais tarde a vê no que vai dar. Créu.
Hora de café com torradas, conferir a Lotofácil, trabalhar e sonhar com a longa noite no Maracanã.
Vai, Flu!
Em memória de Helio Andel, que foi – e é – um tremendo tricolor.
Ganhar Fla x Flu é normal
Boa Paulo-Roberto ,
Que tenhamos um grande jogo. E que o FLU saia vencedor!
Abraço desde o Cariri Cearense
PAULO, SEMPRE QUE LEIO SUAS COLUNAS ME REMETO AOS ANOS DE MINHA INFÂNCIA, ADOLESCÊNCIA/JUVENTUDE E COMO PAI LEVANDO O MEU REBENTO PAULO VÍTOR AOS JOGOS DA TERCEIRONA.
HOJE NÃO TÃO SOFRIDO E SEM PIDER IR AOS JOGOS POR CAUSA DE UMA RECENTE ISWUEMIA, MAS AINDA CURTINDO NOSSAS VITÓRIAS RODRIGUEANAS. PARABÉNS, SEMPRE!!!