Ferj: da caixa d’água ao caos

Fundada em setembro de 1978, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro teve três presidentes até este momento.

Otávio Pinto Guimarães, que promoveu excelentes campeonatos entre 1978 e 1985. Eduardo Caixa D’água Viana, a “força do interior” entre 1986 e 2006, quando a morte encerrou sua sucessão de mandatos aclamados, também marcados por papeletas amarelas, volta olímpica da caravela, o festival W.O. e outras, digamos, excentricidades. Rubens Lopes, seu braço-direito, desde então – e sempre com declarações midiáticas contundentes quando o assunto é desrespeitar o Fluminense.

Fácil ver que a renovação política não é o forte da casa.

Para os que se disponham a analisar os dados históricos, percebe-se o quanto o futebol do Rio de Janeiro, outrora berço do esporte no Brasil, foi definhando à medida que o clientelismo, os acordos, o inchaço e os favorecimentos foram tomando o lugar dos grandes jogos.

É possível encontrar fanáticos pelo futebol carioca que simplesmente defendem a extinção da competição local, dada a decomposição que ela foi sofrendo ano a ano.

Aquele jogão do gol de barriga já tem 20 anos. De lá para cá, conta-se nos dedos de uma das mãos os campeonatos que ofereceram momentos realmente empolgantes para os milhões de cariocas que amam futebol.

Décadas atrás, sequer se falava de campeonato brasileiro ou Libertadores. Eram considerados menores. A grande força estava nas rivalidades locais, no Maracanã lotado com a torcida vibrante, nos times pequenos sempre com bons jogadores e causando estragos. O tempo e os interesses mexeram nas orientações. Os torcedores perderam o interesse, as partidas não empolgam, a cartolagem abominável vampiriza os holofotes. A louvada (por eles) televisão é o único argumento para explicar arquibancadas abandonadas: “Ah, estão todos em casa ou nos bares”. Desfaçatez.

O campeonato carioca precisa ser reinventado antes que venha a óbito.

A começar por uma Federação que abre mão do compromisso histórico de utilizar o Maracanã como sua principal casa de espetáculos, atendendo às barganhas de sempre para penalizar o Fluminense e sua torcida. Uma sandice difícil de explicar em todo o mundo, mas plenamente plausível nesse desgoverno federativo que simboliza a metástase do futebol no Rio de Janeiro.

Os catarinenses agradecem.

@pauloandel

1 Comments

  1. (Zeh)
    Aquela caravela é uma das maiores vergonhas de qualquer Vascaíno que se preze.

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