E lá estava ele, de corpo e alma. Mais alma que corpo, já que o tempo é implacável. Ainda assim, a magia transcendeu a física e, em três lances, Ronaldinho Gaúcho desenhou linhas magistrais.
Ao girar na intermediária defensiva, de primeira, lançando um dos atacantes. Ali, no meio-campo, onde ele deve jogar, ao contrário da invenção apavorante do Enderson de posicioná-lo como centroavante.
Ali, do meio-campo, ao invés de fazer o que 99% dos jogadores brasileiros fazem, que é sair carregando a bola, num passe longo, como num toque suave do pianista na tecla, a colocou na cabeça do Wellington Paulista, que desviou para a entrada ágil – e por trás do lateral – de Marcos Jr.
Gol do Fluminense. Gol para uma vitória dificílima. Vitória, para retornar ao G4. Correr para quê, se ele faz a bola voar em perfeito traço? Bobagem correr. É a redonda que deve ultrapassar a linha do gol, não ele. Ele a coloca lá.
Aos 35 anos e jogando em poucos momentos na sua posição, o meio, colocou Magno Alves na cara do gol. Ainda não foi dessa vez que o Magnata estufou as redes. Ronaldinho Gaúcho, o gênio dos passes perfeitos chegou e eu não troco dois pés jovens e atléticos pelo par de asas que os seus dão a bola.
O novo camisa 10 Tricolor é um dos maiores amores da história desse brinquedo fascinante chamado bola. Com ela, mesmo em “fim de carreira”, faz mágica. A bola lhe obedece com santa fidelidade e se movimenta, alegre e plena feito pincel nas mãos do pintor.
O futebol é o mais vibrante e iluminado esporte do mundo. Ronaldinho Gaúcho é um dos seus mais talentosos anjos. Um anjo faceiro, menino travesso, gaúcho, negro, brasileiro. Ginga perfeita. Sorriso no rosto. Entrega. De alma e corpo. E, por mais que este não esteja no auge, a genialidade é metafísica. Sempre a alma e o talento vencerão o esforço, o corpo, o efêmero.
De corpo e alma. “Feliz da vida”. Como eu estou por assistir o maior gênio que vi jogar, ao lado de Maradona, vestindo a camisa mais linda do mundo. Assisti. Lá estava ele… e sua inigualável imprevisibilidade de extraordinário solista. Lá estava ele… aureado pelo espírito verde, branco e grená – e assim, mais bonito do que nunca!
Toques Rápidos:
– Enderson tem feito um trabalho muito bom no Fluminense. Conseguiu ajustar o posicionamento defensivo. Passou confiança e tranquilidade para os meninos. Agora é a hora de sabermos se ele é um técnico completo e se saberá montar o time com equilíbrio. Me assustou ao colocar Ronaldinho de centroavante, embora tenha mostrado coragem ao mudar a zaga. Somente quando posicionou cada jogador na sua posição, o time conseguiu o gol.
– Gérson foi um menino lapidado para fazer milhões e enriquecer um grupo de pessoas. Antes mesmo de ser projetado no time titular dos profissionais. Toda a ansiedade, que às vezes é paralisante, nunca o fez pipocar em campo. Se não brilhou, natural, pela pressão, nunca tirou o pé, deu “Migué” e ainda ajudou pacas o time. Obrigada, garoto! Seja muito feliz no seu caminho que, espero, seja o Barcelona que tem mais a ver com seu futebol clássico.
– Sem Jean, suspenso, e Osvaldo, machucado, além do verdadeiro “capita”, Fred, ainda ser dúvida, o Tricolor terá nova formação contra o Avaí, no próximo sábado, em Floripa. Espero que Cícero estreie; que se Gérson não jogar, Gustavo Scarpa volte a titularidade e, por fim, mas não menos importante, que se Fred não jogar, entre um jogador da posição. Sem invenções!
E que venha o Papão, pela Copa do Brasil!
Abraços,
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @CrysBrunoFlu
Imagem: Paulo Sérgio/LancePress
Crys, que texto, prá lá de maravilhoso, emocionante. Já a conhecia, desde os tempos que participava do blog do Garçês. Abs.
Lindo texto, Crys!
Acho que a invenção do Enderson foi … sei lá porque… rs Já que temos reservas para Fred… Um deslize, uma perda de sentido momentânea…rs Assim espero! rs
Rumo ao penta!
Fluzão 2015