Feliz ano velho (por Walace Cestari)

Verde que te quero ver-te. E não me inverta o papo. Não me interessa nada além daquilo que ocorra no pano verde. Se a justiça, a polícia, os guardas, os escoteiros e a cavalaria andam de fazer das suas e a prender, conduzir, instruir ou interrogar quem quer que seja, nada disso ainda vai fazer parte de minhas preocupações.

Que tudo se apure. Digo mais para nada mais dizer depois: tem muita coisa errada nos estádios de futebol há décadas. O medo tomou lugar nos grandes jogos e faz com que pais não levem seus filhos. Ainda outro dia, era um polícia a bater em um pai que protegia seu filho nas relvas de Campinas. É mesmo necessário reorganizar tudo, processar a quem mereça, prender quem é bandido aproveitador de uma camisa de time. Não é assunto meu – por pura ignorância – saber se o que está sendo feito está certo ou errado. Mas sei que tem erro. E muito. E em todos os lados. Só queria que a bola fosse o mais importante e eu pudesse levar o pequeno Max ao estádio sem medo. E sempre. Vida (ou morte) que segue.

Importa-nos dizer que ainda não acabou o campeonato. Ainda há o que conquistar. Mesmo se nada houvesse, ainda haveria a necessidade de vencer – nunca esqueçamos de quem somos e de qual é nosso destino. Queremos ir à Sul-Americana; não porque achamos que este seja um campeonato dos mais badalados, mas porque simplesmente podemos ir. E, se hoje, este é o patamar mais alto que podemos alcançar no campeonato, é esse o mínimo que devemos exigir. Somos o Fluminense, somos um clube feito de títulos.

Mas outros – ando também tendo notícias da buropolítica do clube –, parecem que enxergam apenas os títulos de sócio, as sociedades, parcerias e acordos para dirigir a imensidão que é o Fluminense. Não somos boletos, não somos contábeis, não somos o funcionário público comportado que larga às cinco do serviço e pensa em como economizar seu parco salário para dar conta do mês cada vez mais caro que a Era Temer lhe impõe. Não somos conta risco zero. Quem pensa em dirigir este clube com os olhos nos papeis e no equilíbrio fiscal faz mal. Esquece a história de grandeza e de conquista das três cores.

Meda-me (e daí que não exista o verbo?) que a preocupação com números, taxas, empréstimos e tudo o que não joga bola contagie um time de garotos. Um time que não passou do mediano nesta temporada. Ainda há um sopro e por ele devemos viver: é mister vencer os goianienses. É fundamental jogar bem e despedir-se com alguma dignidade de 2017, um ano que é feito para o esquecimento, não para a repetição.

Que domingo seja dia de paz nas torcidas e pazes do Flu com o bom futebol. Três pontos, sorrisos e uma vaga na competição B das Américas, que seja. E que no segunda-a-sexta, as reuniões que tratam da gestão lembrem-se de que o negócio da “empresa” é conquistar campeonatos. E isso se faz com boas equipes em campo, mais que com bons engravatados fora dele. 2018 não pode reeditar 2017, ainda que insistam em nos dar esse feliz ano velho.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: cw

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