O eterno favorecimento (por Zeh Augusto Catalano)

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Adoro futebol aos sábados. Aquela sensação deliciosa de que o jogo acabou mas o fim de semana continua. E no domingo, dá pra secar os adversários.

Mas tudo o que é demais, enjoa. O Fluminense está virando o clássico dos sábados. Enquanto isso, o mais protegido tem seu horário fixo de quatro da tarde. Semana passada, a cereja do bolo: jogo transmitido ao vivo para o Rio.

Tenho amigos que dizem que minhas reclamações acerca desse assunto são inveja, mania de perseguição, fixação no Flamengo. Mas não é. Pior do que a espanholização, que está chegando em 2016, é essa quase exclusividade de transmissão de jogos de um mesmo time na TV aberta, tremendamente prejudicial às demais equipes. A conta é simplória. Tempo de exposição da marca. Dos patrocinadores.

A criança que está aprendendo a gostar de futebol é apresentada a apenas um time. A que já torce para qualquer outro não deve entender por que raios só passa jogo do outro time. E esse é o ponto.

Percebam que há uma grande massa de população que não entende o porquê desse favorecimento. Que não entende esse desequilíbrio como um favorecimento verdadeiro. Só vêem o que passa na TV, sem qualquer senso crítico. E acham que é normal. É o mais querido. Os demais que se lixem.

Isso deveria ser combatido de alguma forma pelos clubes. Mas para isso, estes deviam minimamente se unir para buscar um equilíbrio com a toda-poderosa, mãe do mais querido. Isso é, claro, praticamente impossível. Essa união entre os clubes só acontece quando já é muito tarde, quando estão emparedados.

Muito se falou contra a tal espanholização. Mas até agora nenhuma medida prática foi tomada por qualquer dos clubes prejudicados. Quando a coisa acontecer, choraremos pitangas. Pois esse abismo de favorecimento só vai aumentar.

Ai, numa reação, o Fluminense faz a maior contratação do ano. Ronaldinho Gaúcho vai pras Laranjeiras. Hora de marcar pontos, grande exibição na TV. Vender camisas. Mas ai, a fornecedora não tem camisa pra vender. Na hora de encher a cidade de camisas com o nome e o número do craque, a camisa está em falta.

Reportagem do Extra cita até a surreal sugestão de um vendedor para levar a camisa do Fluminense à Gávea para ser personalizada na loja da Adidas na sede do coirmão.

Tudo é uma grande coincidência.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: prpaúl

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7 Comments

  1. Concordo com tudo. E fico ainda mais espantado quando vejo o Flu de braços dados com o Fla.

    Esqueceram rápido o que “eles” fizeram conosco em 2013 !

    Ajudaram na defesa da Portuguesa e ajudaram a construir uma imagem negativa do Flu naquela ocasião.

    Seu presidente chegou a dizer que se fosse o Framengo no lugar do Flu, ele iria disputar a segunda divisão.

    Estou esperando até hoje ele pedir para anularem o gol do Framengo ano passado na final do carioca com o Vasco.

    1. Se não fosse o mal caráter do Eurico no comando do Vasco, talvez tivesse conversa e condições de parceria, mas com gangster não tem conversa.

    2. Perfeito Andre. Tb acho isso um absurdo. Só lembrando que um dos presidentes que mais colaborou com o início do projeto de “espanholização” do futebol brasileiro foi o Sr. Peter Siemsen, que ajudou a implodir o Clube dos 13.

  2. Boa tarde, Zeh Augusto!

    Belo comentário! Temos que, de alguma forma, iniciar um movimento contra esta espanholização. De repente, nós, torcedores, poderíamos já contatar torcedores dos demais clubes não apadrinhados, que ainda não acordaram para esta realidade e tentar expor o quanto esta manobra já nos prejudica e prejudicará. Já a diretoria, poderia aproveitar e procurar nosso ex-atleta, hoje, senador Romário e tentar um apoio mais consistente neste sentido. Vamos continuar esta luta. ST!

  3. É isso aí Catalano. Tudo isso me enoja. Dá vontade de vomitar quando eu vejo aquela empresa ditadora mandar e desmandar no futebol. Chegou a hora de dar um basta. São muitos contra dois. Que os outros assinem com outra empresa e deixem os ‘dois’ sózinhos. Eu quero ver campeonato com dois clubes.

  4. Prezado Zeh Catalano,

    Sobre a Adidas, cito um exemplo incompreensível: Até hoje, nas gôndolas das lojas de material esportivo em Brasília, não se encontra camisa do Flu sem a marca da Unimed. Isso é uma afronta para os patrocinadores atuais do time, que pagam por essa exposição. Enquanto isso, na loja da Adidas, você pode adquirir a camisa atual do Flamengo. A exposição das camisas é totalmente diferenciada. As do Flu mal estão expostas. Cadê o marketing?

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