Falta inspiração (por Marcelo Vivone)

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Sou conhecido entre os integrantes do nosso Panorama como um dos, se não O, mas crítico (e mais chato) entre todos os que aqui escrevem.

Mas, são tantos equívocos cometidos no clube em relação ao futebol e ao time em si, tantos meses em que reclamo e aponto equívocos óbvios e tão pouco ou nenhum movimento no clube com o intuito de resolvê-los ou pelo menos minimizá-los, que não há de minha parte sequer disposição para protestar.

Hoje confesso que estou sem estímulo para escrever essa coluna. E acho que esse sentimento de (ou falta de) é pior do que a vontade de reclamar e até de xingar que tenho tido ao longo desse ano. Numa relação de amor, pior do que a raiva é a indiferença.

Falta inspiração à diretoria, ao treinador, ao time e a mim.

Chega uma hora que cansa. Cansa-me ter que escrever rotineiramente sobre as mesmas coisas. E, com certeza, cansa a você leitor ler repetidamente as mesmas cobranças e lamentações.

E creio que não há pior e mais perigosa sensação do que a de apatia e resignação em relação a erros e falhas. Bom exemplo do que a passividade pode significar são as chagas com que o povo brasileiro lida diariamente, muito resultado da sua histórica letargia em relação à política nacional.

Como disse, motivos para reclamar não faltam, é verdade. E a diretoria esse ano parece se empenhar em nos proporcionar uma bela lista para nos lambuzarmos em lamúrias. Como, por exemplo, ficar impassível diante da recusa do clube em vender Samuel, depois que o clube liberou sem problemas o jovem e talentoso Wellington Nem?

Meu amigo Marcus Vinícius Caldeira escreveu na sua coluna de ontem (http://www.panoramatricolor.com/e-a-ultima-que-morre-por-marcus-vinicius-caldeira/) que a esperança é a última que morre. E o frequente e inteligente leitor “andreiflu” comentou que ela é a última, mas morre. Acho que é mais ou menos por aí.

Esperanças em relação ao Fluminense a gente sempre tem. Eu pelo menos tive até na nossa era negra dos anos 90. Mas, que estou cansado, isso estou. E muito.

Já não me cabe mais, pelo menos por ora, cobrar da diretoria um posicionamento firme em relação ao futebol e ao Abel, ao invés da passividade com que tem tratado o assunto, mesmo depois de inúmeros e seguidos insucessos no ano.

Não cabe também cobrar do nosso treinador o porquê de manter teimosamente no time o câncer, ou explicar a sua declaração (que enfeitou durante uma noite os muros das Laranjeiras) de que temos zagueiros para seis anos, sendo que não temos nem para um jogo.

Domingo tem mais jogo, uma pedreira em quaisquer circunstâncias, que ganha contornos ainda mais perigosos no cenário atual. As chances são grandes de, mais uma vez no ano, receber ao final da partida o seguinte SMS do meu nobre amigo tricolor, Otávio: “Senhores, mais uma vez, não foi um prazer”.

Mas, do Fluminense, o clube do impossível, tudo se espera. Até mesmo um improvável bom resultado em Porto Alegre. A esperança é mesmo a última que morre (ou não).

Marcelo Vivone

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: http://www.fotolog.com.br/

http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=1184&idProduto=1216

9 Comments

  1. Caro Marcelo, tenho grande admiração por você, e fico por demais lisonjeado com a menção feita a minha pessoa em seu texto. É para imprimir e guardar!! Rs!
    Bom, voltando ao que realmente interessa – o nosso Flu-, fico realmente desesperançoso com as “mudanças ” feitas pelo Sr. Abel Braga: ora, mudanças feitas apenas por força das expulsões e contusões!!! Que chacoalhada é essa prometida pelo treinador?! É realmente isso?? Marcelo, sinceramente, quando vi a entrevista dele no programa “Bem, Amigos”, na segunda à noite, percebi que minhas esperanças tinham sido enterradas ou, quem sabe, talvez não?…JAMAIS torcerei contra o Fluminense, espero que vençamos no domingo mas, caso a derrota provável se concretize, mudanças serão necessárias – diga-se aí demissão do Abel- e, talvez essas mudanças dêem, de forma efetiva, a chacoalhada que precisamos para voltar aos prumos. Ainda temos tempo, mas a ampulheta não pára. ST.

    1. Vivone:

      hahaha.

      Andreiflu, minha opinião é de que a diretoria está demorando demais para agir. Se perdermos quarta-feira, o que seria um resultado normal mesmo que o time estivesse bem, corremos sério risco de entrarmos no Z4. Só nesse momento a diretoria vai fazer alguma coisa?

      Entendo que a demora até é por não ter no mercado um técnico que seja unanimidade para o clube e para o Celso Barros. Mas tá demorando muito além da conta.

      Abraço.

  2. Caro Marcelo, tenho grande admiração por você, e fico por demais lisonjeado com a menção feita a minha pessoa em seu texto. É para imprimir e guardar!! Rs!
    Bom, voltando ao que realmente interessa – o nosso Flu-, fico realmente desesperançoso com as “mudanças ” feitas pelo Sr. Abel Braga: ora, mudanças feitas apenas por força das expulsões e contusões!!! Que chacoalhada é essa prometida pelo treinador?! É realmente isso?? Marcelo, sinceramente, quando vi a entrevista dele no programa “Bem, Amigos”, na segunda à noite, percebi que minhas esperanças tinham sido enterradas ou, quem sabe, talvez não?…JAMAIS torcerei contra o Fluminense, espero que vençamos no domingo mas, caso a derrota provável se concretize, mudanças serão necessárias – diga-se aí demissão do Abel- e, talvez essas mudanças dêem, de forma efetiva, a chacoalhada que precisamos para voltar aos prumos. Ainda temos tempo, mas a ampulheta não pára. ST.

  3. Caro Marcelo,
    Tenho certeza de que a esperança é a última que morre e de que no domingo estaremos novamente tecendo os nossos comentários durante o jogo. Infelizmente a “sacudida” do Abel parece que não aconteceu e temo que novamente não será um prazer.
    Abraços.

    1. Vivone:

      Otávio, essa sacudida do nosso técnico tá mais para uma cutucadinha bem de leve. Está muito aquém do que era realmente necessário.

      Estaremos novamente torcendo no domingo, mas temo receber novamente a sua mensagem ao final do jogo. Isso está virando rotina.

      Um abraço.

  4. Marcelo,
    Tenho um sentimento similar e a explicação talvez esteja na decepção com que o nosso Flu costuma nos brindar de tempos em tempos. Durante toda o tempo que acompanho futebol, e isso vem lá dos anos 1960, o Fluminense alterna boas e más temporadas, numa inconstância desalentadora, que rouba-lhe oportunidade e prestígio. E o que me deixa mais triste é o fato de que as crises do Flu são normalmente graves, como o episódio da terceira divisão, depois de três rebaixamentos consecutivos. E sem mencionar a vergonha que senti quando participou de uma virada de mesa que o manteve na primeira divisão e depois de outra para saltar da terceira para a primeira, sem o estágio obrigatório na segundona. Como entender um time que é finalista da Libertadores e da Sulamericana em um ano e no seguinte escapar por milagre do rebaixamento? E nos três anos seguintes é campeão brasileiro por duas vezes, mas é eliminado seguidamente em três Libertadores consecutivas ainda no meio do torneio? Como entender que o mesmo time que é campeão brasileiro com três rodadas de antecedência não consiga ganhar um turno sequer no fraco campeonato carioca e agora acumula quatro derrotas seguidas, caminhando para a quinta, e deixando seus torcedores já sem esperanças ainda no início do certame?
    Sina, azar, má gestão, síndrome de mediocridade, empáfia histórica? Não sei e nem vou mais me dar ao trabalho de saber. Vou virar pro lado e dormir, se conseguir.

    1. Vivone:

      Jorge, é verdade, essa inconstância nos acompanha há tempos.

      Estou no aguardo do que vem por aí.

      Um abraço.

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