Eu sou daquele tipo de pessoa ultrapassada que acredita que palavra vale mais do que contrato

Amigos, amigas, era o ano de 1992. Eu não tinha ideia de que aquele era um ano chave da minha vida. Tinha me separado da minha mulher com um filho de dois anos. Vocês devem ter uma ideia da pressão que isso significa depois de três anos e meio empregado numa importante instituição financeira multinacional.

Pois eis que o ano me sorriu. Logo em janeiro, formado em jornalismo, surgiu uma importante oportunidade para ser assessor de imprensa do Sindicato de Náutica da Marinha Mercante. É fato de menor importância que eu nunca acertei o compasso, porque eu não tinha a menor experiência em assessoria de imprensa.

O que de melhor obtive naquele período de um ou dois meses foi conhecer a história da Cobra, uma das mais promissoras indústrias de informática da época, que acabou sucateada. Sem contar com a própria indústria naval.

Qualquer semelhança com o que aconteceu com a Petrobrás, com a Eletronoclear, com a indústria naval e com nosso promissor setor de engenharia civil não é só mera coincidência.

Ato contínuo, arrumei um emprego na área administrativa de uma indústria alimentícia, que não tinha nada a ver com a minha recente formação em jornalismo.

Tudo foi muito rápido, porque o irmão de um amigo, no decorrer daquele período, precisava de alguém para escrever um informe publicitário de sua empresa de TI (na época era de informática) para a principal publicação do mercado financeiro da época.

Eu comprei o barulho e fiz, embora a minha área fosse jornalismo e não publicidade. O resultado do trabalho foi uma grande exposição da empresa, que acabou por gerar negócios importantes no mercado em que ela atuava.

Depois disso, num curto espaço de tempo, vieram outros trabalhos relacionados a Marketing e eu acabei abandonando a indústria alimentícia para trabalhar sem carteira assinada na empresa de TI. Estamos falando de 1992 e não de 2019.

Lembro que fui fazer minha pós-graduação em Marketing em 2005 e a impressão que tinha, na maior parte das aulas, era de que estava aprendendo o que eu já sabia, mas há um tempo de mais de dez anos nisso tudo.

O importante é que o aprendizado que vivi no período entre 1992 e 1995 foi um dos mais ricos que já tive. Eu não entenderia nada do que entendo hoje sem aquele aprendizado. Ao sair da empresa, poderia ter movido uma ação trabalhista, porque eles nunca me regularizaram. Seria muito pouco diante do que eu tinha aprendido. Não valia a pena, sobretudo porque eu tinha empenhado a minha palavra.

Eu sou daquele tipo de pessoa ultrapassada que acredita que palavra vale mais do que contrato. Até hoje não me recuperei desse vício.

Manter minha palavra me custou caro, porque aquele período, que construiu muito do que sou hoje, não ajudou a construir meu currículo. Só que currículo só tem valor se tiver conhecimento, que não é só experiência, mas também estudo sistemático.

Em 2011, depois de um ano de atividade jornalística cobrindo o Fluminense, não era só o jornalismo que eu fazia que era elogiado dentro do clube, mas também o Marketing do Fluminense e Etc, um marco do jornalismo esportivo, não só do Fluminense, mas em nível nacional.

Depois disso tudo, investi os tubos para manter o O´Tricolor.com. Não estou só falando de dinheiro, mas de suor e até da minha integridade física, tamanhas as encrencas que encarei.

Eu não quero ser exemplo para ninguém, exceto naquilo que eu possa ser exemplo. Talvez em algumas coisas. Poucas, é bem verdade. O que sei é que não sou escravo do dinheiro, mas dos meus compromissos assumidos espontaneamente. Se eu dou a minha palavra, eu vou até o fim.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

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