As publicações acima são de domínio público da torcida tricolor. Na primeira, a sugestão de um pensamento no mínimo questionável em termos dialéticos. Na segunda, a justificativa pela publicação feita. Ambas feitas pelo presidente do Fluminense.

Muitas pessoas físicas e jurídicas interpretaram a primeira postagem como péssima, pois é fato natural esperar que uma autoridade do clube o priorize em suas publicações.

Independentemente dos seus efeitos, é fato que personalidades nas redes sociais devem, ou deveriam, sempre primar pelo cuidado sobre o que publicam, seja num perfil profissional ou pessoal. Se uma comunicação qualquer causa dúvidas em muitas pessoas, o problema está em quem comunicou. Neste caso, milhares de pessoas entenderam que a postagem era alusiva ao universo Fluminense, até porque ninguém segue ou acompanha o presidente de um dos maiores clubes de futebol do mundo para obter dicas sobre nado sincronizado, pescaria digital ou álbuns de jazz, ao menos não prioritariamente.

A maior prova de que a publicação teve efeito desastroso vem do próprio clube, por meio de seu vice-presidente, desculpando-se com os torcedores pelo ocorrido.

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Este episódio de confusa comunicação e sua réplica de certa forma dão o tom do Fluminense atual.

Um clube fora dos trilhos, às vezes disfarçado por manchetes delivery chapa-branca mal escritas, que tem como principal trunfo nestes quase dois anos de gestão a vaga conquistada na Libertadores 2021, tratada como um verdadeiro título pelos que ignoram completamente a história do Fluminense.

É claro que foi bom voltar à competição, depois de anos de fracasso e lutas contra o rebaixamento, uma delas com o próprio presidente comandando o futebol. Mas acontece que, assim como ele, nós não somos estúpidos. Sabemos que a boa pontuação no Brasileiro mascarou atuações estapafúrdias, negociações duvidosas e contratações extraterrestres.

A dias da estreia na esperada competição, não temos nomes de impacto. Muitos nutelinos creem que a goleada sobre o pobre Macaé foi uma exibição retumbante de afirmação do time tricolor, um cartão de visitas para a Libertadores. Acontece que não somos estúpidos para acreditar nisso, nem nós torcedores, nem o próprio presidente.

O argumento de não termos dinheiro chega a ser tedioso. O Fluminense tem uma dívida enorme como muitos grandes clubes brasileiros, mas além de suas contas sufocantes, gasta mal. Bem mal. Poderia dizer muitos nomes aqui, mas as escalações constantes de Caio Paulista, Felippe Cardoso e a recente contratação de Rafael Ribeiro demonstram claramente que o critério de busca não é técnico, a não ser que briguemos com os fatos e o mundo real. Não somos estúpidos, sabemos do que se trata.

Não sei dizer se é o caso na história da Libertadores, mas se nada mudar nos próximos dias, o Fluminense será o primeiro grande clube brasileiro a jogar a fase de grupos sem um patrocínio master, pelo menos no século XXI. Não somos estúpidos, sabemos que isso não é normal.

Seguimos torcendo como sempre, mesmo diante de fatos que prejudicam as chances do Fluminense na temporada. O nosso time não pode participar de nenhuma competição como figurante. Só um completo estúpido aceitaria isso, coisa que não somos e o presidente sabe muito bem, porque também não é.

Não esquecemos do caso Live Sorte porque não somos estúpidos.

Não esquecemos do deboche de Uram na saída de Evanílson porque não somos estúpidos.

O dirigente picocelebridade dizendo que a torcida não assina cheques, também não esquecemos porque não somos estúpidos.

Defendemos a verdadeira democracia do voto on line porque não somos estúpidos.

Vimos recentemente os prints dos funcionários mais humildes, não somos estúpidos.

Percebemos os bonecos plantados nas redes sociais para defender incondicionalmente a gestão nos fatos mais inacreditáveis. Não somos estúpidos. Crescimento súbito exponencial de picocelebridades pró-gestão? Sabemos. Não somos estúpidos, é claro. Nós não entramos nesse ônibus agora…

Vamos torcer como nunca porque somos tricolores, até mesmo nos cenários mais improváveis. Elogiar quando for justo e criticar idem. Aqui ninguém aluga opinião para dirigentes. Claro, não somos estúpidos, mas reconheço que nem todos podem dizer isso na turma do “apaga tuíte”.

E falo no plural porque tenho certeza de que meu pensamento aqui expresso se assemelha ao de milhares de tricolores. Mas poderia falar sozinho: estou muito longe de ser estúpido, o que muitos devem saber. O presidente, se não souber, deveria ao menos desconfiar, porque também não é estúpido, todos sabemos.

Terminando esta coluna, publico o print de um tweet meu. Ele não precisa de explicações a posteriori. Até um estúpido entenderia, convenhamos.

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Meu abraço e toda força para o querido tricampeão Aldo, que perdeu sua esposa.

Nosso campeão merece apoio.

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#LiberdadeParaRodrigoPilha