Erros (por Marcelo Vivone)

A noite dos erros deu-se muito antes de seu início no relógio. Começou pelo erro da diretoria, leia-se Peter Siemsen, em majorar o preço dos ingressos ao dobro do valor normal. Não estou aqui discutindo a justiça ou não do aumento, embora minha opinião seja de que foi injusta, seja qual for o argumento dado. O fato, e contra fatos não há argumentos, é que com esse valor o clube abriu mão de ter a sua torcida lotando o horroroso estádio de Engenho de Dentro, isso na principal partida da 1ª fase de grupos da principal competição do ano. Ou será que nosso presidente achou que com esse preço, às 22 horas de um dia de semana e com o jogo sendo transmitido pela TV, a torcida iria lotar o estádio?

Na verdade, os erros começaram muito antes da decisão sobre o preço dos ingressos. Começaram ainda no final do ano de 2012. Tenho tocado nesse assunto em algumas colunas e escrevi na 1ª coluna do ano o seguinte parágrafo: “Estou bastante preocupado com esse início de ano do Flu. No cenário atual, vejo nosso time e elenco atrás do Corinthians e um pouco à frente de São Paulo e Grêmio. Acho que nosso técnico e diretoria não tiveram o mesmo mérito de seus pares do clube paulista em identificar as fraquezas do elenco e fazer as contratações necessárias…”.

Portanto, espero não ser tachado de oportunista ou abutre em, mais uma vez, levantar essa questão, depois de uma derrota acachapante como a de ontem. Vale lembrar, que quando escrevi esse texto, no dia 19/01/2013, o Grêmio ainda não havia fechado com o excelente centroavante Barcos.

Hoje já coloco o Grêmio também à frente do Fluminense em termos de elenco. Vejo, assim, Corinthians e Grêmio com elencos melhores que o nosso. O Grêmio no ano passado não tinha um time que pudesse competir com reais chances de título na Libertadores e foi atrás de uma série de reforços. Atualmente tem um excelente elenco, mas, é bom que seja dito, ainda não tem um time entrosado. Ou seja, a tendência é que seu futebol evolua ao longo da competição.

Enquanto isso, nosso treinador, com a conivência do Sandrão e do Rodrigo Caetano, “montou” nos títulos carioca e brasileiro e vaticinou que o elenco estava fechado, com carência apenas de reforços para compor elenco. Foram inúmeras declarações dos 3 durante o final do ano passado e o início desse ano com esse teor.

Do Rider eu não vou nem falar, porque é até insulto a minha e a sua inteligência. Já para a lateral direita, não entendo por que não colocar o jogador que foi contratado, se a própria comissão declarou durante o recesso de fim de ano ter identificado que o Bruno não tem condições de ser o titular da posição. Então, mesmo que o Wellington Silva esteja muito longe de ser o jogador dos sonhos da torcida, o normal seria que ele assumisse a posição de titular. Se ele não veio para ser o titular, então para que contratou? Para fazer sombra para o Bruno que é sabidamente fraco? Nesse caso, a gente já tinha o Wallace e até o Igor Julião.

Na lateral esquerda, não sei se o argentino foi realmente contratado para ser o titular. Pelo que ele jogou na partida de domingo passado, parece que ainda está em período de adaptação e que pode estar sendo guardado para um futuro próximo. Pelo menos é isso o que eu espero. Mas é fato que o Carlinho parece estar cada vez mais preguiçoso e fora de sintonia.

Outro erro que venho falando não desde o início desse ano, mas desde o início do ano passado, é a insistência em não contratar um zagueiro. Não é possível que as cabeças pensantes do clube estejam realmente satisfeitas com o que temos no elenco. É muito frustrante para mim como torcedor, ver um jogador como o Anderson de titular em uma competição que tenho o sonho de conquistar. Não posso conceber que pessoas inteligentes e que conhecem do assunto futebol estejam satisfeitas com uma zaga em que o seu pilar seja o Gum, um jogador de invejável raça, mas que precisa de um zagueiro de porte ao seu lado. Ele tem que ser no máximo o ator coadjuvante e não o principal.

Vale lembrar que foi o único jogo do ano contra um time realmente de qualidade e tomamos uma paulada. Até começamos bem e fizemos um 1º tempo equilibrado. Mas o segundo tempo do time foi tenebroso e não vimos a cor da bola. Foi aviltante a falta de espírito de luta da equipe. É inconcebível um clube grande passar 90 minutos sem levar perigo uma vez sequer ao gol adversário.

Nada está perdido, é óbvio e ululante, é só olhar para a tabela que qualquer acéfalo percebe isso. Mas é preciso que todos tenham humildade para aprender com a derrota e que ela sirva pelo menos para o crescimento da equipe. Uma das lições que é premente que seja aprendida por todos no clube, incluindo a torcida, é que o nosso time não é nada do outro mundo. Para conquistarmos as vitórias e os títulos, como estamos acostumados a fazê-lo, é fundamental e decisivo que voltemos a entrar em campo com espírito de luta e de entrega, o que não foi visto ontem. Gostaria muito que a tristeza de ontem servisse também para a diretoria e a Unimed conscientizarem-se da necessidade de reforços, mas reforços de verdade.

Continuando nos erros da noite, já no 1º escanteio a favor do Grêmio percebi que quem marcava o Barcos era o Bruno e tentei observar os outros pares para entender o motivo do que considerei algo muito perigoso. Dois escanteios depois veio o gol dos caras e eu até agora não consegui achar uma justificativa para tal escolha.

Se há algum aspecto positivo a ser destacado ontem, esse aspecto foi o espírito de luta do Fred, esse sim, mesmo com o time na pasmaceira que estava, teve o comprometimento e a garra que uma Libertadores exige. Destaco também a dificílima defesa de ponta de dedos que o nosso Cavallieri executou no toque no canto do excelente e perene Zé Roberto. Acho também que devem ser considerados os 15 primeiros minutos do Wellington Nem. No jogo como um todo, destaco as participações do Barcos e do Zé Roberto. Como joga o Barcos e que vigor tem o Zé, com seus 38 anos.

Tenho que confessar que minha paciência com o Thiago Neves chegou ao fim. O cara é o campeão em fazer e proferir asneiras. Depois de tantos episódios passados e da besteira que fez no último fim de semana, a última foi a declaração pós-jogo em que disse que não adianta os jogadores quererem contar com a nossa torcida, que sempre que é preciso a gente não comparece e que os jogadores têm que resolver sozinho as coisas no campo. Meu amigo, pelo amor de Deus, cala a boca que é o melhor que você faz, ou então, volta pro time dos molambos e vai receber salários com 2 ou 3 meses de atraso. Você já deu.

Em 16 jogos, 13 derrotas e 3 empates. Esse é o histórico do nosso treinador contra o técnico do Grêmio. Abel, vamos fazer o seguinte: no jogo de volta, em Porto Alegre, fica no Rio e deixa o Leomir assumir o comando da equipe. Vai ser freguês assim lá longe!

Marcelo Vivone

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Contato: Marcelo Vivone

10 Comments

  1. incluo o Atlético-MG como um time melhor que o nosso. Não estou discutindo o elenco, que talvez seja pau-a-pau. Não entrarei neste mérito. Estou falando de time, de entrosamento e volume de jogo. Hoje, acho Corínthians, São Paulo, Grêmio e Atlético-MG melhores que o Flu. É uma pena, pois tínhamos uma boa base do ano passado, que com 3 ou 4 reforçoes, poderíamos ter um timaço. Mas ficamos parados no tempo, sem contratar ninguém bom. Só pra citar algumas contratações de nossos adversários, da Libertadores ou não: Lúcio, Bolívar, Diego Tardelli, Pato, Ganso, Vargas, Barcos e Elias. Esses, que eu me lembro assim rapidamente. E a gente: um atacante que não faz gol a 200 anos e dois laterais que até agora não ganharam a vaga de titular dos fracos Carlinhos e Brunos. E a comissão técnica fica lambendo os beiçoes com Gum, L.Eusébio, Anderson, Bruno, Carlinhos, Edinho, Diguinho, T.Neves e R.Sobis. E o Deco, tenho certeza, não jogará nem metade dos jogos. E, na outra metade, uma parte estará fora de forma. O que temos de bom mesmo no time ? Fred, Nem, Jean e Cavallieri. O Wagner (melhor que o inútil do TN), dá pro gasto, assim como o Digão, que acho melhor do que os 3 zagueiros lambões que citei. O Wallace é um milhão de vezes melhor que o Bruno, mas o Abel não gosta dele. Os zagueiros do júnior (Elivélton e Wellinton Carvalho), tem potencial, mas o Abel adora os 3 zagueiros lambões. Sou sempre otimista. Seremos campeões mesmo com esse time, pois temos jogadores que decidem lá atrás (o MONSTRO Cavallieri) e na frente (Nem e Fred), com a ajuda do Jean e do Deco (quando jogar E estiver em forma). Saudações Tricolores ! PS: Só pra descontrair, de um amigo meu, na saída do Engenhão, após a derrota pro Grêmios: “hoje eu sei por que Caim matou Abel !”. Rsssssss

  2. Foi uma noite desastrosa, mas apenas uma noite!

    Há 90 jogos este elenco não perdia por mais de dois gols de diferença! Sintomático!

    Quanto aos preços estão justos e quem quiser pagar barato que associe no Sócio Futebol que é a maneira de manter as finanças equilibradas!

    O ano de 2013 será ainda melhor que o de 2012! Aguardem!

    1. Marcelo Vivone responde:

      Velho,

      Questão de opinião. As nossas são bastante diferentes em geral.

      Podemos sim ser campeões porque o esporte em questão é futebol e não basquete ou volei.

      Mas não ver que o nosso elenco ficou enfraquecido esse ano por conta da decisão do técnico e da diretoria em não contratar, é, no mínimo, fingir-se de cego.

      Estaremos todos torcendo juntos para que os títulos venham em profusão.

      Grande abraço.

    2. Marcelo Vivone responde:

      Velho,

      E sobre o ingresso, como escrevi, opinião sobre a majoração cada um tem a sua, e mais uma vez temos opiniões distintas. Mas, como também escrevi, o que falei é que contra o fato de o Engenhão estar vazio, não há o que contestar. É um fato. E acho que em relação a isso pelo menos temos, ou pelo menos deveríamos ter, a mesma opinião: Foi uma merda ver aquele estádio horroroso vazio no jogo mais importante da fase de grupos do nosso torneio mais importante do ano.

      Abraço.

  3. A sensatez de sempre, mais uma vez! Também já venho batendo nas mesmas teclas desde o ano passado, como a questão do zagueiro. Sobre o jogo, além da vontade do Fred, destacaria também o Nem, que pelo menos tentou fazer alguma coisa. Sua substituição, a meu ver, foi bastante equivocada. Para o resto do time, nada deu certo; nem mesmo Cavalieri se salvou – na minha opinião, falhou no primeiro e terceiro gols. Mas ele tem crédito.
    Quanto ao preço dos ingressos, é inexplicável a postura da diretoria.
    No mais, como você falou, nada está perdido. O que me preocupa mesmo é se a postura agora será de humildade para aprender com os erros. Parece que tá faltando botar os pés no chão um pouquinho.

  4. Caro Marcelo, seu post foi o melhor que li em muitos meses! Simplesmente perfeito! Está na hora da torcida acordar do torpor profundo a que foi acometida após o excelente ano de 2012, visto que nosso maior sonho de consumo está aí, batendo à nossa porta. A hora de cobranças e de rever certos conceitos é essa, pois depois talvez seja tarde demais.
    E mais: é inacreditável ler na mídia, que o nosso Presidente cogita a hipótese de manter os preços abusivos para os próximos jogos da Libertadores!! Se fizer isso, vaticino: perdeu em definitivo meu voto e admiração. ST.

    1. Marcelo Vivone responde:

      Andrei,

      Considero que os torcedores que têm alguma vivência no futebol e um mínimo de discernimento, têm a obrigação de fazer uma análise fria, ainda que seja um pouco influenciada pela (i)lógica da paixão clubista. Então não devemos ficar deslumbrados com as vitórias e nem achar que o mundo acabou nas derrotas. Por isso, fiz questão de colocar algumas passagens de colunas anteriores, para mostrar para os leitores que não concordo há algum tempo com as escolhas individuais do nosso técnico.

      Quanto ao valor do ingresso, concordo com você. Acho que a diretoria não foi correta com quem entrou como sócio torcedor, já que esse grupo fez a filiação com a intenção clara de ajudar o clube a ter autonomia financeira, mas também com o intuito de ter algum retorno financeiro. Com esse aumento, o sócio torcedor está pagando a mesma coisa no valor do ingresso e ainda pagando a mensalidade de 30 reais. Se a diretoria iria seguir esse caminho, isso deveria ter sido dito antes da associação. O que foi passado anteriormente é que esse tipo de sócio teria 50% de desconto na compra do ingresso. Mas hoje, na realidade, esse torcedor está pagando 100% do ingresso.

      Mas eu seria um pouco menos radical em relação ao sentimento em relação à diretoria. Acho que eles têm muito crédito, por tudo que estão realizando no clube. Imagino que a majoração do valor do ingresso é uma tentativa do nosso presidente de obter algum lucro para diminuir o buraco financeiro do clube, mas creio que creio que ele irá reavaliar essa atitude para os próximos jogos. Duvido que ele queria que o nosso time jogue a Libertadores para um público de menos de 20 mil torcedores. Ninguém mais do que ele deve querer estar querendo ganhar esse título.

      Um abraço.

  5. Só esqueceu de um importante erro. O jeito que a diretoria e funcionários do clube subestimaram o sócio torcedor. Além do lamentável episódio, onde cheguei as 19hrs ao estádio para retirar a minha carteirinha de sócio com ‘tranquilidade’ e só a peguei depois de muita luta, aperto e confusão as 21h30, a apenas 30 minutos do jogo. Foi uma falta de respeito completa com aqueles que, hoje em dia, estão pagando para ‘ajudar a melhorar o futebol do clube’.
    O absurdo começou pelo não cumprimento do regulamento, que diz que o cartão de sócio será enviado ao torcedor, e na verdade foi entregue na porta do estádio, achando que seria um procedimento fácil e que qualquer ser com um nível racional mediano diria: ‘vai dar merda’.
    Eu consegui entrar no jogo com minha carteira. Amigos meus, não. Tiveram suas entradas autorizadas mediante apresentação do voucher de compra, e seguem sem suas carteiras de sócio. E aí, depois de todo esse estresse, lembramos de jogadores que ganham salários altos, em dia, pedindo nosso apoio. Vão ao estádio ‘serem tratados como gado’, devia ser a mensagem. Pra no fim, tomarmos uma verdadeira e merecida SURRA, e ainda escutarmos que não apoiamos na hora certa. O erro foi do torcedor em vaiar? Saudações Tricolores.

    1. Marcelo Vivone responde:

      Rodrigo,

      O episódio por você narrado é realmente lamentável.
      Foi no mínimo falta de sensibilidade da diretoria.
      No jogo contra o Cruzeiro no brasileiro do ano passado, passei por situação semelhante para pegar a minha carteirinha.
      Mas foi bem antes do início do jogo e ainda deu tempo de tomar umas cervejas.

      Um abraço.

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