Ernst & Young (por Paulo-Roberto Andel)

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A excelente notícia de que o Fluminense passará a ser auditado e orientado por uma das maiores empresas do ramo no mundo é, acima de tudo, uma demonstração clara da nova ordem tricolor. Houve quem se surpreendesse com o fato, mas não quem esteve de perto acompanhando todo o processo político que resultou na eleição do novo governo tricolor.

Estou à vontade para falar sobre o tema: fui um grande crítico da gestão anterior e, se deixasse me contaminar por decepções pessoais e injustiças, colocando-as acima do Fluminense, correria o risco de virar uma dessas cracatoas de Twitter e Facebook, microsubcelebridades em busca de quinze segundos de fama alimentando polêmicas esquálidas, ou de subempregos – os famosos “quem?”. Mas felizmente estou longe disso: minha opção é pelos livros, que não dão fama a quase ninguém. No mais, sem falsa modéstia, quem tem talento de verdade não precisa pendurar melancias eletrônicas no próprio pescoço internauta. Minhas opiniões não estão disponíveis para venda ou leasing.

Fico feliz em perceber que o Fluminense toma novas direções que passam muita seriedade, em vez da manchetagem barata que outrora não nos levou a lugar algum. E principalmente em perceber que os diálogos sinceros e a demolição de vaidades pessoais estão acontecendo a cada momento. Muita gente séria e de capacidade se uniu, desaguando no que temos visto. Aos que tiverem dúvidas, basta comparar os 30 ou 40 dias iniciais da gestão de Pedro Abad com a de seu antecessor.

O trabalho da EY, mundialmente reconhecido, nada tem a ver com caça às bruxas ou macartismo, mas sim com a necessidade de realinhar o Fluminense em termos de números e administração, atitude digna de palmas e entusiasmo. Parabéns a todos os envolvidos neste processo irreversível de caminho para o futuro.

Aos que insistem num irrealizável segundo turno eleitoral no clube, incapazes por ora de respeitar a vontade dos eleitores, ainda há tempo. Nunca é tarde para se trocar a arrogância pela humildade, a boquirrotagem pela serenidade, o faniquito pela lucidez. A crítica construtiva e equilibrada sempre será bem vinda, o contraditório constrói, mas não se faz política com o trinômio ódio, fanfarronice e deboche – vide o resultado das urnas em novembro. Aliás, o que mais se vê no clube hoje é o convite para o diálogo entre pensamentos divergentes (favor não confundir a divergência com a persona de Maria Oposição pela Oposição).

De resto, o “timinho pré-rebaixado” pode conquistar sua quarta vitória neste domingo, diante da Portuguesa. Ainda é cedo demais e muita coisa precisa ser feita, mas que a aparência inicial é das mais promissoras, não há como negar. Há muito tempo eu não ficava tão contente ao ver partidas do Flu, pela garra, pela vontade, pela juventude incendiada. Com a casa mais arrumada, um novo patrocinador e reforços pontuais, vai ficar difícil ratificar o diagnóstico funéreo das Mães Dinahs de plantão.

O Fluminense é grande demais para ser submetido a vaidades pessoais, panelinhas e boquinhas profissionais. Grande demais para ser um teatro de marionetes. Seu caminho é super outro.

Nota: num país onde as pessoas comemoram a morte de terceiros, só o futebol talvez seja capaz de resgatar o sentimento de humanidade dos escombros. Tomara que ainda dê.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: rap/acurvelo

3 Comments

  1. Só me resta aplaudir sua exposição. Parabéns pela Análise: Otimista com moderação.

  2. Nota: num país….

    “Gente” assim nem merece citação.

    De resto, Quero Gritar Campeão.

    ST

  3. De resto o timinho pré rebaixado pode conquistar…
    Cara esse parágrafo resume exatamente o que eu penso, muito bom texto, parabéns

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