Editorial – A hipocrisia da Flapress e o assassinato dos fatos

Para os tricolores, ganhar Fla-Flu é normal. E ver a Flapress em campanha para diminuir as vitórias do Fluminense, também.

É o caso de hoje. Quando o grande assunto da cidade, repercutido em todo o Brasil, deveria ser o golaço de calcanhar de Nenê, assim como sua atuação e o triunfo incontestável do Fluminense, os canhões flapressianos apontam imediatamente para o grito de uma parte da torcida tricolor presente ao Maracanã, onde havia o verso “time assassino”, baseados na declaração do treinador interino do Flamengo, que num súbito de ética seletiva, considerou o fato absurdo.

Em primeiro lugar, o Fluminense tem milhões de torcedores Brasil afora. A generalização é, no mínimo, mais um ato covarde contra o Tricolor e sua torcida.

Em segundo lugar, por mais que seja indesejável o verso cantado por alguns – e é -, onde estavam os cavaleiros da moral flapressiana quando a torcida rubro-negra celebrou a morte do atacante vascaíno Dener no Maracanã?

Ou quando comemorou o acidente vascular cerebral do treinador Ricardo Gomes?

Ou quando o ex-goleiro Bruno, responsável por um assassinato cruel e bárbaro, posou alegremente com torcedores uniformizados do clube?

Ou quando torcedores do Flamengo promoveram uma verdadeira guerra em recente decisão da Copa Sul-americana no Maracanã?

Por que não falam que, há mais de dez anos, um dos principais fatores de afastamento da torcida do Fluminense nas arquibancadas do Fla-Flu é a violência de uma parte da torcida rubro-negra, sendo que o mesmo acontece em vários jogos do time da Flapress contra Vasco e Botafogo?

É certo generalizar que a torcida do Flamengo é violenta? Obviamente não. Porém, a varrida para baixo do tapete sobre este assunto, conhecido de todos os cariocas que frequentam o Maracanã, revela bem a hipocrisia flapressiana, baseada na ética de ocasião.

Pensando bem, é natural: afinal, o editor de esportes do maior jornal do Rio de Janeiro não faz questão de disfarçar a prática flapressiana, ora comemorando títulos em plena redação ou demitindo quem conteste o mundo de fantasia da Gávea, como no recente caso envolvendo o tricampeão mundial Paulo Cezar Caju.

Se existiu um verso indevido no canto de arquibancada ontem, ele nada mais é do que fruto memorial de uma das mais vergonhosas situações já vividas no futebol brasileiro: o adiamento permanente de acordos que o Flamengo impõe às famílias das vítimas do incêndio ocorrido em suas instalações ano passado. Dinheiro nenhum vai trazer de volta as vidas dos meninos incinerados, mas é o mínimo que se espera em termos de dignidade de quem alega não ter culpa na situação. São famílias muito pobres, que tiveram seus filhos fora de casa desde cedo em nome do sonho de jogar no clube da Gávea, e que nunca mais voltaram para seus pais e parentes.

Um verso indevido de parte da arquibancada é infinitamente menor do que esta situação grotesca. Não tornem o grão de arroz maior do que o buffet.

Tudo seria mais fácil se parte da imprensa, que tem no Flamengo seu objeto de devoção e até mesmo de sobrevivência, tivesse a dignidade de reconhecer uma simples vitória do Fluminense sobre o seu tradicional rival. Uma das centenas ao longo de 108 anos. Simples, normal e com um golaço de Nenê.

Ao contrário da fantasia publicada e massivamente divulgada à exaustão em dezembro passado, desta vez não foi de igual para igual.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

4 Comments

  1. Texto irretocável! Essa repercussão toda só comprova que essa corja de sistema (liderado pela Flapress) não digeriu a derrota. Ano passado, quando ganharam de nossos reservas, comemoraram aos quatro cantos. Só que no dos outros é refresco. Por isso, venho clamando que já passou da hora de a torcida se unir mais, e acabar com essa guerra institucional interna e nas redes sociais. Unidos somos mais fortes! ST4.

  2. É impressionante como a Imprensa, em geral, desinforma e propaga suas próprias idéias ao invés de informar como diz ser sua finalidade precípua. ST, e que Nenê continue contrariando os prognósticos da maioria de nós, jogando bem e fazendo gols.

  3. A realidade da torcida do Flamengo e dos jornalistas que vivem da ignorância de uma grande parte da torcida deve ser bem analisada por eles mesmos que com seus paradigmas que só a eles interessam disso vivem.
    Torcer pelo futebol sem fanatismo parece ser uma utopia em determiados clubes de massa!

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