Era mais divertido (por Paulo-Roberto Andel)

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Longe de querer ser chato com os mais jovens, inevitável dizer que essa história de torcer era definitivamente algo mais divertido.

Primeiro, pela sensação de que a torcida era uma só, onde questiúnculas não eram maiores do que a importância da união dos tricolores – algo impensável hoje.

Segundo, o Fluminense já era gigantesco, mas ele jogava sob certa aura de humildade, simplicidade, sem megalomanias esquizofrênicas diante de uma derrota, nem delírios caleidoscópicos ao primeiro triunfo. Era gostar, amar, comparecer, seja em tempos alvissareiros de Rivellino ou em épocas mais modestas como as de Ribamar.

Era sempre o coletivo. Craques, artilheiros, símbolos de garra sempre, mas o bem comum acima de tudo.

Dirigentes comedidos, alguns avessos aos holofotes. Quando não era o caso, havia a genialidade de um Horta.

Garra, luta, aplicação. Mesmo em alguns de seus melhores times, a boa vontade nunca faltou ao Fluminense. Mas é bom que se diga: não está faltando agora. Apenas é diferente.

Difícil dizer se os tempos modernos e a superexposição midiática pulverizaram de vez a atmosfera romântica do futebol. A coisa ficou mais rançosa, amarga, depressiva. Se não tiver a Libertadores, tudo é uma merda. Importante entender que caprichar na simplicidade nada tem a ver com a falta de ambição por conquistas.

O que mais me incomoda é essa miopia mental em se editar a história. Décadas antes do nascimento dos editores de plantão, o Fluminense já escrevia o livro dos dias do futebol brasileiro, com muitas páginas de vitória e outras de derrota também.

Era mais divertido. Porém, como o passado é saudade, resta torcer pela pronta recuperação de um time que, há quase três anos, alterna boas e más trilhas num caminho que, por mais de um motivo, precisa voltar a ser essencialmente Fluminense: livre de megalomanias, cultos à personalidade, fraterno e fiel. Tricolor de coração, não apenas da boca para fora.

O time de agora passa um momento difícil neste Brasileiro, mas não falta entrega. Scarpa é uma joia. Os craques precisam se recuperar. Enderson precisa realinhar a equipe com os reforços e jogadores recuperados. Os dirigentes precisam de maturidade e de compreensão do tamanho do clube, que não se limita ao tamanho da receita, da dívida do mesmo ou da audiência numa entrevista. O dono do patrocinador precisa nascer de novo, preferencialmente mudo.

O Fluminense precisa se reencontrar consigo mesmo. Ou seja, paz. Nem que seja por um mísero instante, dia ou jogo, feito este Fla-Flu no domingo. Antes disso, uma breve espiada do YouTube e você logo se lembra de anos incríveis, não somente pelas conquistas, mas principalmente por uma vivência tricolor de verdade. Nada era fake.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: pra

o fluminense que eu vivi tour outubro 2015

1 Comments

  1. kkkkkkkkkkkkkk
    (“O dono do patrocinador precisa nascer de novo, preferencialmente mudo” e comunista numa ditadura qualquer)

    ST

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