Deu pra ti? (por Paulo-Roberto Andel)

RHAYNER 3

Horas antes do jogo de ontem, conversei brevemente com o amigo Thiago Rachid sobre as possibilidades do Fluminense contra o Grêmio na arena gaúcha. Ele mais ressabiado, até para manter uma chama de sorte pessoal; eu, sempre confiante mesmo quando não há o menor indício favorável a respeito – e não me perguntem de onde sai essa confiança porque ela não tem lógica, prumo e, às vezes, sequer materialidade. Depois falamos do sentimento sobre o Flu, comparável ao da mulher amada e sempre querida. No fim, tiramos a média e deu zero a zero. Faz sentido, exceto porque ficamos sem a vitória no sul por causa da tungada no gol legal de Rhayner, inacreditavelmente anulado por impedimento.

Nosso querido Caldeira foi um dos maníacos presentes ao estádio, comemorou cada lance como se fosse o primeiro de sua vida e mostramos nossa força na competição, tanto no campo quanto nas arquibancadas – quando foi preciso, nosso Tyson pôs os gaúchos para correr em frenesi. E foi bom ver amigos queridos na tela cinematográfica da televisão de Leo, tudo precedido por um alucinante cachorro-quente – Gabriel, tão menino e já tão apaixonado loucamente pelo Fluminense, vivendo aquele amor que derrete geleiras num simples acender de chama. Nossa casa de sempre, o Vieira, ficou para outro dia. Memórias fraternas enquanto a tristeza é senhora.

Do jogo, é bom dizer: fomos supremos. O primeiro tempo foi marcado por combates implacáveis na marcação a todo instante: não havia espaço para respirar. Assim, foram 45 minutos até de certa modorra, dois times fechados, combativos, atentos. Gênios da idiotice e carpideiras rancorosas previam o fim do Fluminense no sul, dados os 0 x 3 do falecido Engenhão. Não souberam avaliar a diferença entre um ponto da reta e a estrada inteira: naquela noite, antes de marcar seu gol, o Grêmio tinha em Luxemburgo um ensandecido à beira do gramado, percebendo que seu time era dominado. Como um gol pode redimir tudo, abriram caminho para aquela noite ruim e o Fluminense, para muitos, passou a ser o pior time do mundo, que não disputaria nada este ano e que fatalmente não se classificaria na Libertadores. O que dizer? Nada como um dia após o outro e uma noite de sono lúcida e tranquila entre ambos.

Voltando, se não fomos superiores nos primeiros 45 minutos, fomos implacáveis e o empate foi mais do que justo. Antes do fim da primeira etapa, no entanto, a jogada que mudaria os rumos da partida: uma tríade de coices do zagueiro Cris em Sobis no meio-campo, devidamente punido com cartão vermelho e cinicamente tentando entender o que havia acontecido.  Edinho foi um monstro de garra, Jean também, Rhayner correu por um exército junto a Wagner. Euzébio e Gum cometeram uma ou outra domingada, mas nada que comprometesse o sistema defensivo. Para um time desfalcado de nomes como Deco, Fred, Nem e Neves, fomos muito bem.

Para o segundo tempo, era natural que o Grêmio se resguardasse por conta de um jogador a menos em campo. Então o Fluminense disse a que veio: construiu jogadas, tentou lances e passou a monopolizar as ações ofensivas. Rhayner marcou, mas a tungada foi violenta e continuamos com zero no placar. Entre idas e vindas, o garoto Michael lutou muito. Wagner finalizou bem da direita, mas Souza salvou um gol certo. Dida abafou Sobis em momento crucial. Do meio para o fim do jogo, em contra-ataques, o Grêmio tentou finalizações importantes, mas Cavalieri é uma muralha de gelo e não titubeou nem um segundo, mesmo quando as bolas não tinham a direção devida do gol. Pela direita, Bruno foi Bruno: errou como sempre. No fim, o empate sem gols com sabor de vitória devido à nossa atuação: poucos superam na bola o bicampeão da Libertadores em casa. Os três pontos não vieram? Ponham na conta da arbitragem. Deu pra ti? O resto da Libertadores fica para semana que vem contra o Caracas, em São Januário. O pré-eliminado da imprensa e das candinhas está mais vivo do que nunca. O resgate da dignidade tricolor está realizado em 2013, mesmo que a garra ainda seja superior ao talento neste momento.

Vamos para mais um Fla-Flu com serenidade e soberania. Dizem que é um jogo que não vale nada, mas como posso crer nessa tese? É o clássico dos clássicos, é o jogo dos cem anos. Quando meus olhos eram deliciosamente infantis, Assis foi imortal e definitivo; em meu apogeu da juventude, Renato escreveu o maior gol de todos os tempos e protagonizou o maior jogo da história. E Cristóvão? E Paulo Goulart? E o garoto Alexandre em 1991, depois do cruzamento errado de Zé Teodoro? O golaço de sem pulo de Conca no 2 x 2! Os gols do super-herói Ézio, carrasco da Gávea. Pequenas peças brilhantes de um caleidoscópio que, por si mesmo, está em permanente mutação. Hora de rever o meu amor, hora de voltar à estrada.

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

8 Comments

  1. O time de guerreiros retornou, capitaneado pelo incansável Rhayner.
    Pra cima do time da terra do finado Chávez!
    ST4!

  2. Perdemos a decisão da Libertadores em 2008 por um penalti claríssimo não marcado em cima de Washington (que ainda resultaria na expulsão do jogador da LDU).
    Fomos eliminados da Libertadores ano passado por um penalti não marcado na Bombonera (também resultaria na expulsão de um jogador do Boca)
    Fomos roubados em 2 jogos nesta Libertadores, ambas contra o Grêmio.
    E a imprensa logicamente não dará os chiliques que deu durante o Brasileirão do ano passado, quando aliás, o Fluminense foi prejudicado em vários jogos.

    Por enquanto, enfrentaríamos o tijuana nas oitavas, e o vencedor de atlético/mg e the strongest nas quartas (se passarmos).

    Atenção diretoria! A seleção brasileira joagará dia 24/04 contra o Chile, dia de rodada de mata-mata de Libertadores, que o Fluminense seja liberado de ter Diego Cavalieri e Jean convocados, já que Fred está machucado. Tá valendo o título continental!

    Sobre o jogo de domingo, acho que quem estiver 100% deve jogar, ter a vantagem do empate nas semifinais e finais da Taça Rio, além das finais do campeonato, é muito importante, pode valer o título. Penso que somente quem estiver sentindo alguma coisa não vá pro jogo, porque não é amistoso como alguns dizem.

  3. Caro Andel, é isso aí.

    Concordo com sua análise do que aconteceu ontem na Arena do Grêmio.

    Mas, verdade seja dita, estava um saco assistir nosso time nos primeiros jogos do ano. Não havia motivação, luta, entrega. Era praticado um futebol modorrento, imensamente chato de se ver e, pior ainda, de criar coragem de ir a um estádio.

    Porém, as coisas mudaram, a luta voltou, assim como a entrega e temos de volta nosso Time de Guerreiros que, não importa quantos desfalques tenhamos, o nível é praticamente o mesmo.

    Isso era o principal ingrediente que estava faltando: ENTREGA, LUTA e VONTADE.

    A única coisa que me deixa tremendamente decepcionado com este país de m&rd@ (desculpe a expressão) é ver a desfaçatez do bandeirinha, que anulou o gol legal do Fluminense, simplesmente por sua deliberada vontade, uma vez que a linha da grande área fez com que a marcação fosse muito simples. Não considero um erro, mas vontade própria deste cidadão investido na função de bandeirinha. Caso de polícia.

    Pior do que isto foi assistir aos comentários do Simon na FoxSports, dizendo que o grande erro do juiz foi a expulsão do Cris, que não fez falta no Sóbis, apenas lhe deu um encontrão! Cínico! E, como cereja do bolo, disse que o gol do Rhayner foi realmente mal anulado, mas foi apenas um equívoco. Cínico novamente!

    Até quando vamos aturar tanta manipulação na arbitragem brasileira, com os mesmos sempre sendo prejudicados e os mesmos sendo ajudados (viram o segundo gol do Corinthians ontem? Impedido)? Até quando suportar esta pseudo-imprensa esportiva brasileira a manipular fatos?

    Cansei disso tudo! Manda tudo para Júpiter!

    ST, Luiz

  4. Foi épico e os detalhes que nos impediram de sair com os três pontos. Sai do bar com os amigos com sorriso vitorioso pois jogamos como verdadeiros campeões

  5. Só digo uma coisa: “Fomos fodas ontem, time e torcida”. Apenas, o bandeirinha nos tirou a vitória merecida!

  6. O time mudou a postura e voltou a ser guerreiro, a parte triste (put* raiva que me dá) é que fomos garfados nos dois jogos contra o Grémio, lembrando que no engenhão levamos o segundo gol de forma ilegal!

    S.T

  7. Parabéns turma … Torci bastante pela vitória … Não deu … Mas, tudo bem …

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